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“Que aqui possamos colher resultados importantes nessa luta tão importante para a humanidade”. A afirmação foi feita pelo presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, nesta terça-feira, 20 de março, durante abertura da 5ª Conferência Internacional de Autoridades Locais e Regionais, realizada no 8º Fórum Mundial da Água.

Ele reforçou a importância do evento e dos debates realizados, mas alertou para a necessidade de ir além do discurso. "Temos ouvido vários diagnósticos que muitas vezes todos já conhecem. Entendemos que deveríamos partir para questões concretas. Como faremos para preservar", questionou. Para ele, é preciso buscar alternativas para incentivar a preservação dos recursos naturais.

Ziulkoski apontou como exemplo a questão do saneamento básico no Brasil. “Não podemos separar a questão da água do saneamento. Para universalizar o saneamento no Brasil são necessários R$ 508 bilhões. Mas, se olharmos nos últimos anos, foram destinados aproximadamente R$ 3 bilhões por ano. Assim, nós precisaríamos de 170 anos para universalizar o saneamento em nosso pais", alertou.

O presidente da CNM também citou como um obstáculo aos investimentos no setor a lei do teto de gastos. “Essa lei dificultará ainda mais essa universalização, pois, em 20 anos, não se terá mais dinheiro para nada. Estamos nessa luta muito forte. No Brasil, ninguém quer mais ser prefeito. Ele sabe que vai ter as contas rejeitadas e vai virar ficha suja”, lamentou.

América Latina e África

O presidente da Federação Latino-Americana de Cidades, Municípios e Associações (Flacma) e prefeito de Sucre, Iván Arciénega, destacou em sua fala que a CNM é a organização municipalista mais importante do mundo. Ele também ressaltou a importância do evento e da reflexão acerca da gestão da água, especialmente para os governos locais que compõem a América Latina. “Precisamos entender que o acesso à água é um direito humano. E isso deve ser um dos paradigmas para a construção de políticas”, disse Arciénega.

[Flacma] Ele lembrou que essa é a primeira vez que a América Latina realiza o evento. “Vejo com otimismo que as conclusões deste evento possam chegar aos governos locais, a fim de definir a clareza em relação as competências. Gerar um processo de distribuição da riqueza”. Ivan destacou que, se a água é um direito fundamental, então a distribuição das riquezas entre os países deveria prever o acesso a esse bem.

Também presente à abertura, a prefeita de Libreville, capital do país africano do Gabão, apontou a importância de aperfeiçoar os debates e de reforçar as políticas locais de gestão da água. “Precisamos fortalecer as capacidades das estruturas hídricas dos governos locais”, disse. Sobre o tema, ela falou sobre a necessidade de ter esperança e saber usar com inteligência os recursos.

Outras falas

O presidente honorário do Conselho Mundial da Água Loïc Fauchon também ressaltou a necessidade de implementar ações para proteção dos recursos hídricos, bem como a importância de implantar os objetivos propostos no Fórum. Para ele, entre as medidas, está a educação e a conscientização sobre a gestão do uso da água em universidades, escolas e na própria casa. Ele apontou, ainda, que são necessárias novas formas de financiamento de pesquisas sobre o tema.

Já o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, reforçou a fala de Ziulkoski quanto à necessidade de colocar em prática as ações debatidas. “Temos que colocar em prática as ações que podem trazer mudanças”, disse.

Representando o governo federal, Paulo Câmara, reforçou as dificuldades enfrentadas pelos gestores. “Os Municípios brasileiros passam por uma séria crise fiscal. O acesso às novas tecnologias seria um caminho para essa situação. Foi criado o guia de implementação da nova agenda urbana. Precisamos descobrir um jeito novo fazer as coisas”, apontou.