Reestruturação da Eletrobras segue à espera da privatização
Brasil - Economia - Lei de Privatização da Estatal
Foto: Revista ÉPOCA
A Eletrobrás não tem plano B. A privatização é a meta número um para 2018, mas o presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, está de mãos atadas. A venda das seis distribuidoras de energia do Norte e Nordeste não depende dele, mas do governo. No começo da semana, ficou claro que não será fácil aprovar o projeto de lei de privatização da estatal. Foi adiada a instalação da comissão especial que vai analisar o projeto do governo e o veto veio da base aliada. A briga está apenas começando.
Considerando a proposta de privatização da companhia, quais serão as prioridades da gestão da Eletrobrás em 2018?
Desde que a atual gestão assumiu, em meados de 2016, vem promovendo uma profunda reestruturação na companhia, o que permitiu que seu valor de mercado passasse de R$ 9 bilhões para quase R$ 30 bilhões. A empresa regularizou seus balanços de 2014 e 2015 e voltou a ser negociada na Bolsa de Nova Iorque, aprimorou mecanismos de controles internos e governança e voltou a dar lucro. Após prejuízos de mais de R$ 30 bilhões registrados entre 2012 e 2015, a Eletrobras registrou lucro de R$ 3,4 bilhões em 2016 e de R$ 2,2 bilhões nos nove primeiros meses de 2017. A empresa vem reduzindo seu nível de endividamento, que estava em nove vezes a sua geração de caixa. Já reduzimos para 4,1 vezes e a meta é ficar abaixo de três vezes em 2018.
Para este ano, temos ainda o objetivo de vender as seis distribuidoras de energia de Norte e Nordeste, concentrando o foco da nossa atuação em geração e transmissão, que são as principais vocações da empresa. A Eletrobras responde por um terço da geração de energia do país e por quase metade das linhas de transmissão. Temos ainda o plano de vender nossas participações minoritárias em 74 Sociedades de Propósito Específico (SPEs) de geração eólica e transmissão. Já fizemos um Plano de Aposentadoria Extraordinária (PAE), com adesão de 2.100 funcionários e economia de R$ 880 milhões.
Agora, estamos com um plano de incentivo à demissão em curso para reduzir nosso quadro de pessoal, o que será possível graças à implantação de um Centro de Serviços Compartilhados. Com tudo isso e a venda das distribuidoras, vamos reduzir nosso quadro de funcionários praticamente à metade. Estamos também adotando um programa de uso racional dos imóveis, concentrando nossas atividades em menos prédios. No Rio de Janeiro, por exemplo, reduziremos de seis para um o número de prédios ocupados pelos escritórios da companhia. As economias esperadas são superiores a R$ 3 bilhões/ano.
Estou enumerando esses dados para responder que o foco da nossa administração sempre foi fazer da maior companhia de energia elétrica da América Latina, também a mais eficiente. Esse é nosso Plano A e nossa prioridade absoluta.
Com relação à proposta enviada ao Congresso Nacional, que tem como objetivo democratizar o capital da empresa por meio de emissão de ações, consideramos esse o melhor caminho para fazer com que todas as mudanças que estamos implementando sejam sustentáveis ao longo do tempo.
Como a empresa vê o cenário político-econômico e social brasileiro para 2018 e até que ponto as externalidades (eleições, reforma trabalhista e da previdência etc) afetam a empresa?
O Brasil tem vários desafios em 2018, mas a desestatização da Eletrobras tem papel importante, pois vai aumentar o nível de investimentos em infraestrutura no país, criando empregos e permitindo que o Tesouro Nacional canalize recursos para as áreas nas quais o governo deve realmente investir, como saúde, educação e segurança. Em 2016, a Eletrobras, ainda bastante endividada, exigiu aportes de quase R$ 3 bilhões da União. A situação fiscal do país não permite que a empresa continue demandando recursos públicos, que devem ser direcionados, prioritariamente, para saúde, educação e segurança. Não creio que a realização das eleições ou a votação das reformas atrapalhe o calendário da desestatização da Eletrobras. O Brasil tem pressa para ampliar a oferta de energia, reduzir tarifas ao consumidor e incrementar investimentos e tenho a convicção de que o parlamento brasileiro é sensível a essa causa.
Quais são os possíveis obstáculos que podem atrapalhar o ano de 2018 para a Eletrobras?Levando em consideração o exposto no Desafio 22: Excelência Sustentável, o nosso Plano Diretor de Negócios e Gestão 2018-2022, não há nada que possa atrapalhar a Eletrobras. A questão da desestatização é uma medida que irá garantir que as mudanças que estamos efetuando na companhia se perpetuem ao longo dos anos, mas desde 2016 estamos trabalhando para tornar a companhia mais eficiente e temos obtido sucesso nas nossas metas. Ainda que a desestatização não ocorresse, e eu tenho plena confiança no fato de que ela ocorrerá, a companhia ainda estaria caminhando no rumo certo: o da eficiência.
O senhor está otimista ou pessimista para 2018?
Estamos otimistas porque o processo de reestruturação da empresa vem avançando num bom ritmo, com venda de ativos, redução de custos e de endividamento. Quanto ao setor de energia, sob o comando do ministro Fernando Coelho Filho, também percebemos grande avanço no marco regulatório no setor elétrico e de óleo e gás. A inflação está sob controle, os juros caíram e tivemos melhoria no ambiente de negócios. A Eletrobras, como empresa líder no setor, precisa estar preparada para contribuir com o país nesse cenário. Por essa razão, priorizamos a conclusão de obras importantes, como as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, a térmica Mauá 3 e a linha Belo Monte Transmissora. Em 2018, devemos concluir São Manoel e, em 2019, Belo Monte. A perspectiva da desestatização abre espaço para que a Eletrobras volte a sonhar com novos investimentos, a partir da participação em novos leilões.
Especificamente sobre as eleições, como o senhor vê o peso de candidatos contrários à privatização no processo decisório?
Eu acredito firmemente que a sociedade brasileira está convencida da necessidade de melhorar a qualidade do gasto público e de concentrar recursos em áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança pública. A redução do tamanho do Estado e a consequente privatização de estatais está alinhada a esse anseio legítimo do povo.
Em que a privatização afetará diretamente o bolso do consumidor?
A desestatização da Eletrobras dará uma contribuição importante para a redução das tarifas. O consumidor vem sofrendo no bolso o impacto da MP 579, de 2012, que instituiu o regime de cotas para a comercialização da energia. O que o projeto de lei propõe é uma descotização gradual, a ser feita no prazo de três a cinco anos, e que permitirá que o consumidor deixe de arcar com o risco hidrológico. Ou seja, hoje, se enfrentamos um período severo de estiagem e os níveis de reservatórios baixam muito, o consumidor paga, quase automaticamente, um valor maior na sua conta, com o regime das bandeiras tarifárias. Com a descotização, a administração desse risco voltará a ser do gerador. E, além disso, um terço dos recursos levantados com a privatização será direcionado à redução de encargos, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com impacto direto na diminuição da tarifa.
Como a Eletrobrás pretende participar das novas fontes renováveis depois de privatizada?
Qual será o caminho a ser seguido?A ampliação das fontes renováveis, como solar e eólica, é um imperativo para o Brasil. Não podemos depender só das hidrelétricas, apesar de elas serem fontes geradoras importantes de uma energia farta, firme e a preços competitivos. Os preços altos que registramos nos últimos anos é fruto de um desarranjo do setor causado pela MP 579, seguido de um dos maiores períodos de seca da história. Entretanto cabe destacar que hoje existe o regime de leilão para novos empreendimentos de geração, seja de que matriz for. Quando for desestatizada, a companhia terá mais recursos para entrar nesses leilões e ampliar sua participação no parque gerador do país.
O ano de 2018 pode ser considerado um ano de virada para a Eletrobras, é preparatório para uma virada ou isso não se aplica? Por quê?
Acredito que a virada começou quando a atual direção, apoiada por um Conselho comprometido com a eficiência, foi empossada em 2016, e com o total apoio de um governo que tem a coragem de propor uma agenda do futuro. A partir daí começamos a mudar a companhia. Porém é inegável que este será um ano de virada para a empresa, com a perspectiva da desestatização. E uma virada não apenas para a Eletrobras, mas para o Brasil, que abraça uma agenda contemporânea e ganha uma empresa capaz de disputar nas mesmas condições com gigantes do setor que hoje estão em nosso país.
Época/ JM
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