Sábado 07/06/2025 06:20

Rio prevê usar 75% dos royalties de petróleo para cobrir rombo na Previdência em 2018

Brasil - Economia - Rombo na Previdência

Reforço esperado de R$ 6,5 bilhões é mais que o dobro do destinado em 2015, quando a arrecadação estava em baixa; especialistas alertam que é arriscado depender dessa receita para bancar aposentadorias.

Foto: Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, um dos polos produtores de petróleo (Foto: Divulgação Petrobrás)

Mergulhado em um rombo bilionário, o caixa da Previdência do Rio de Janeiro deve ganhar algum fôlego em 2018, graças à maior arrecadação com a produção do petróleo. O estado prevê destinar quase 75% da receita com os royalties para o fundo que paga as aposentadorias e pensões dos servidores públicos estaduais, o Rioprevidência.

As informações estão na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018, que estima uma arrecadação total de R$ 58,2 bilhões para o Rio de Janeiro, sendo 14,9% oriundos dos royalties e participações especiais sobre a produção do petróleo.

Para especialistas consultados pelo G1, a receita com royalties é incerta e o Estado não deveria depender desses recursos para pagar aposentadorias. Eles esclarecem, no entanto, que não é ilegal usar os royalties para cobrir o rombo na Previdência, mas afirmam que o ideal seria usar esses recursos para fazer investimentos, como obras de infraestrutura (leia mais abaixo).

O G1 entrou em contato com o governo do RJ, que solicitou que os questionamentos fossem encaminhados ao Rioprevidência. O fundo, por sua vez, informou que a destinação dos royalties do petróleo para o pagamento de aposentadorias e pensões de servidores está previsto em decreto estadual de 2005.

Royalties são os valores pagos pelas petroleiras à União e aos governos estaduais e municipais dos locais produtores para ter direito a explorar o petróleo. Essas receitas dependem do volume produzido, da taxa de câmbio e do preço internacional do barril de petróleo.

Há anos o Rio de Janeiro tem usado os recursos dos royalties para cobrir o rombo na Previdência estadual. Mas o percentual dos royalties destinado a esse fim aumenta ano a ano.

Ao mesmo tempo, o governo do RJ foi alvo de esquemas de corrupção que desviaram bilhões nos últimos anos. Ações tomadas para favorecer empresas levaram a decisões administrativas ruins, que junto aos desvios e à má gestão ampliaram o rombo nas finanças do estado.

O Rio prevê arrecadar R$ 8,7 bilhões com o dinheiro do petróleo neste ano, dos quais R$ 6,5 bilhões deverão ir para a Previdência dos servidores, aponta a última estimativa da secretaria estadual da Fazenda.

Em valores nominais, o reforço financeiro será mais que o dobro do valor repassado em 2015, quando a arrecadação com petróleo estava em baixa.

Alívio momentâneo

Nos últimos anos, as finanças do RJ e seus municípios, maior estado produtor de petróleo e maior beneficiário na divisão dos recursos, se agravaram com a queda na arrecadação dos royalties, derrubada pela redução do preço do petróleo no mercado internacional.

Neste começo de ano, o petróleo atingiu máximas em um período de três anos, e o barril do tipo Brent voltou a bater a marca dos US$ 70 pela 1ª vez desde o final de 2014. Também entrou em vigor em 2018 a nova regra para o cálculo do preço do petróleo para royalties, que usará novas referências de preços internacionais - para especialistas, isso deve elevar a arrecadação.

Essas mudanças trouxeram otimismo para o setor. A receita para o estado do RJ e municípios fluminenses cresceu quase R$ 5 bilhões no ano passado (82%), saltando para R$ 10,95 bilhões, calcula o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Especialistas afirmam, no entanto, que o alívio trazido por essa "bonança" é apenas momentâneo, visto que não há garantia de que a arrecadação vai se manter nos anos seguintes, já que os ganhos do setor dependem de fatores voláteis, como o preço do barril de petróleo e a cotação do dólar.

Uso dos recursos

Com o terceiro maior rombo do país entre os estados, a Previdência dos servidores do Rio de Janeiro fechou 2016 com um déficit (receitas menores que despesas) de R$ 10,2 bilhões, perdendo apenas para São Paulo e Minas Gerais, segundo o Tesouro Nacional. Os números de 2017 ainda não foram consolidados.

“O fundo dos servidores é deficitário, então claramente boa parte [da arrecadação com os royalties] é usada para pagar os gastos obrigatórios com aposentadorias e pensões”, afirma o especialista em finanças públicas Fábio Klein, da Tendências Consultoria.

A lei nacional proíbe o uso dos royalties para gastos correntes do governo, como a folha de pagamentos de servidores ou despesas administrativas. Mas há duas exceções:

- pagar as dívidas com a União

- vincular esta receita à Previdência dos servidores

“Tais exceções não são ilegais, mas ferem a ideia geral de que um recurso finito deveria ser aplicado em gastos que gerassem riqueza para o futuro, como investimentos em infraestrutura”, afirma o pesquisador do IBRE/FGV e professor do iDP, José Roberto Afonso.

Apesar de boa parte da receita dos royalties estar destinada para cobrir a Previdência, o orçamento de 2018 prevê um significativo aumento nos investimentos. Em 2017, a despesa de investimento estimada na LOA era de R$ 4,71 bilhões. Na LOA 2018, a despesa de investimento calculada foi de R$ 7,73 bilhões – 63,89% a mais que no ano anterior.

Na visão do coordenador de Estudos da Área de Petróleo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Mauro de Morais, embora a lei permita destinar os royalties para a Previdência, o uso do recurso para este fim não é racional.

“A literatura econômica recomenda que os recursos do petróleo sejam aplicados em investimentos com alguma sustentabilidade para o futuro, para que ela dê respaldo ao estado ou município quando o dinheiro dos royalties ficar escasso”, afirma Morais.

Afonso acrescenta que toda melhora de arrecadação reduz o déficit do estado. "A dúvida é que se trata de receita muito volátil, pois os preços sobem e caem, com forte oscilação, em pouco tempo. Ideal seria não depender tanto dessa receita”, diz.

Um estudo feito pelo economista Adriano Pitoli, da Tendências Consultoria, prevê que a receita dos royalties no estado do RJ ficará acima dos R$ 10 bilhões a partir de 2019, até chegar a R$ 11,9 bilhões em 2022, estimulada pela maior produção do petróleo, pela expectativa de elevação dos preços globais e de queda do real frente ao dólar.

Para Klein, da Tendências, apesar da boa perspectiva, a decisão de atrelar os recursos futuros de royalties à Previdência, um gasto permanente, gera riscos. “O risco é gerar um desequilíbrio brutal se houver uma queda nos preços do petróleo, o que já aconteceu no passado.”

Corrupção e desvios

Em meio ao rombo, o RJ foi alvo, nos últimos anos, de esquemas de corrupção que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), desviaram bilhões de reais. Na gestão do ex-governador Sérgio Cabral – atualmente preso –, procuradores constataram desvios em todos os setores do governo.

Em uma de suas denúncias na operação Lava Jato, Cabral é acusado de ter recebido R$ 1,5 bilhão de propinas entre janeiro de 2007 e abril de 2014.

Em um único esquema de corrupção envolvendo empresas de ônibus, os valores pagos chegam a R$ 260 milhões entre 2010 e 2016 – segundo o MPF, apenas Cabral recebeu R$ 122 milhões.

De acordo com a Polícia Federal, benefícios fiscais “excessivos” a empresas fizeram com que o estado deixasse de receber mais de R$ 138 bilhões desde a década de 1990. Decisões administrativas ruins – como desonerações não justificadas, além do favorecimento – aliadas à má gestão acabaram ampliando o rombo nas finanças do estado, diz o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio.

“Decisões equivocadas vão gerando uma ineficiência econômica. Mas, mesmo se estancar completamente a corrupção, você não resolve a crise fiscal, porque há um desequilíbrio na Previdência, um comprometimento da receita com o funcionalismo, desequilíbrios estruturais”, diz o especialista.

Segundo Ismael, o governo do RJ e os municípios beneficiados pelos royalties não deveriam ter problemas de finanças públicas. “Deveriam estar fazendo um balanço dos recursos recebidos e da melhoria que houve nos investimentos. O que de fato mudou no IDH, na infraestrutura, na questão ambiental? Termina caindo em um buraco. Esse dinheiro termina sendo mais um que está sendo mal administrado.”

G1

Rio de Janeiro, royalties de petróleo,

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