Banco Central reduz juros para 6,75% ao ano
Brasil - Economia - Queda dos Juros
Foi a 11ª vez consecutiva que o Copom diminuiu a Selic.
Foto: Reprodução
Sem a certeza da aprovação da reforma da Previdência no Congresso, o Banco Central decidiu interromper a queda dos juros. Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez o último corte: uma baixa de 0,25 ponto percentual da taxa básica. Assim, a Selic chegou a 6,75% ao ano, o menor nível da história. Foi a 11ª vez consecutiva que o diminuiu a Selic.
“Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, disse o Copom por meio do comunicado, mas ressaltou que isso não está 100% garantido:
“Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”.
Como de costume, o BC listou os riscos que estão em seu radar: uma frustração da continuidade das reformas e de ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e aumentar os juros pagos no mercado financeiro. E isso pode contaminar a inflação de uma forma que fará com que o Copom tenha de elevar os juros básicos. O Banco Central alertou que esse risco fica ainda maior com a possibilidade de haver uma “reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes”.
O recado dado no comunicado é importante porque nesta semana houve uma grande turbulência no cenário global. É vista pela equipe econômica como uma amostra do que pode acontecer no futuro.
Por outro lado, o BC listou também riscos favoráveis que podem levar a inflação a ficar mais baixo que o esperado como aconteceu no ano passado. Entre eles está um efeitos da queda nos preços de alimentos e de bens industriais em outros preços da economia. Há também a possível propagação do nível baixo de inflação nas perspectivas de inflação futura, ou seja, o empresário deixou o hábito de subir preventivamente o preço com medo da inflação, o que gerava uma alta generalizada.
Para o BC, o cenário externo tem se mostrado favorável porque a atividade econômica cresce globalmente. E isso contribui — até o momento — para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, apesar da volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas.
O Copom acha que a inflação se comporta favoravelmente. Nas previsões do Banco Central, a inflação deve encerrar 2018 e 2019 em 4,2%. A conta foi feita com as projeções de câmbio e juros do mercado financeiro. Como a meta para este ano é de 4,5%, haveria espaços para mais um corte. Por isso, o BC não fechou totalmente essa possibilidade.
Para Patrícia Pereira, gestora de Renda Fixa da Mongeral Aegon Investimentos, entretanto, o cenário do BC só mudará se a Câmara dos Deputados resolver votar a reforma da Previdência. No entanto, aposta que isso não deve ocorrer.
— É muito baixa a probabilidade de uma alteração que permita uma nova redução. Só mesmo a reforma da Previdência seria capaz e a probabilidade de ela ser apenas votada é muito baixa — falou a analista.
Enquanto os especialistas se preocupam com os próximos passos, o meio político comemora. O presidente Michel Temer usou o Twitter para se manifestar. Disse que o governo fez o "dever de casa" e criou as condições para o BC cortar os juros. Falou que é um incentivo para mais investimentos e geração de empregos.
"O Brasil acaba de receber uma ótima notícia. A taxa básica de juros caiu para o menor nível da história, para 6,75% ao ano. Isso é motivo para comemorar", publicou Temer.
Já o BC explicou em seu comunicado que continuará a estimular a inflação. Por isso, o plano é manter a taxa de juros abaixo do patamar de equilíbrio, ou seja, abaixo do nível neutro em que os juros não estimule e nem controle os preços.
“O Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”, disse o Banco Central.
É consenso entre os técnicos que esse nível neutro cairia ainda mais se o Parlamento aprovasse a reforma da Previdência, o que abriria espaço para juros ainda menores e inflação controlada com um custo mais baixo.
“O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural. As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê”.
JUROS MAIS BAIXOS DA HISTÓRIA
Com a queda anunciada pelo BC, a taxa Selic chegou ao menor nível. E encerrou o processo de queda que começou em 2016. Naquela época, o país tinha juros básicos de 14,25% ao ano, um patamar que vigorou por mais de um ano para conter a inflação que explodiu porque o país começou a gastar mais dinheiro do que tinha e também porque o governo resolveu repassar um aumento de preços de tarifas públicas represado antes da reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff como, por exemplo, o de energia elétrica. Em 2015, a inflação chegou a 10,67%. A meta era de, no máximo, 6,5%.
Atualmente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 3,02% nos últimos 12 meses. O número já leva em consideração a prévia dos 15 primeiros dias de janeiro. Em 2017, o índice ficou em 2,95%, abaixo do limite mínimo de 3% da meta. O BC argumenta que o motivo de ter descumprido o objetivo foi o forte choque positivo no preço dos alimentos por causa da super safra.
A decisão está em linha com o que esperava a maioria dos analistas do mercado financeiro. Os economistas apostam que, com a decisão, o BC encerre o ciclo de corte dos juros.
O Globo
Galeria de Imagens / Fotos / Turismo
Eventos
-
1º Encontro dos Amigos da Empaer
Cidade:Dourados
Data:29/07/2017
Local:Restaurante / Espaço Guarujá -
Caravana da Saúde em Dourados II
Cidade:Dourados
Data:16/04/2016
Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão