A difícil lição da extrema-direita alemã para Bolsonaro
Brasil - Política - Eleições 2018
Foto: //Reprodução
O desempenho expressivo do partido radical Alternative für Deutschland(Alternativa para a Alemanha, AfD) nas eleições alemãs de domingo passado foi surpreendente. Conseguiram 12,6% dos votos. Foi o terceiro partido mais bem votado no país, atrás da União Democrata-Cristã (CDU/CSU) da primeira-ministra Angela Merkel, com 32,9%, e do Partido Social-Democrata (SPD), com 20,5% da votação nacional. A AfD não fará parte da coalizão de Merkel nem mesmo deverá ser o principal partido de oposição a seu governo, caso a primeira-ministra opte por governar com o Partido Verde e outro partido liberal. Se isso acontecer, os enfraquecidos socialdemocratas ocuparão este espaço. Sheri Beman, uma das melhores analistas políticas sobre a Europa, argumenta que o resultado de domingo traz quatro tendências perturbadoras. Uma delas é a dificuldade que a União Democrata-Cristã terá para acomodar interesses mais conservadores caso a liderança do partido continue sendo exercida pela moderada Angela Merkel.
Em vez de olhar para as consequências futuras, cabe perguntar: por que outros partidos alemães não anteciparam a ascensão da AfD e esvaziaram seu espaço político? A resposta é intuitiva. As demais forças políticas subestimaram a importância do sentimento anti-imigração como driver do comportamento eleitoral. Olharam para esse tema como algo pouco polêmico e decisivo. Afinal, ser contra imigrantes implica, em grande medida, definir-se como preconceituoso. Poucos topariam admitir isso. A estratégia da AfD foi brilhante. Defenderam políticas extremistas e, ao contrário do que normalmente acontece, conseguiram usá-las como “bridge policies” (“políticas-pontes” – tradução ruim, mas…). Na definição de Lorenzo De Sio e Till Weber, “políticas-pontes” permitem que partidos políticos consigam novos eleitores ao defender pontos de vista compartilhados por uma crescente parte do eleitorado, sem o ônus de desagradar sua base eleitoral. A AfD conseguiu isso ao enfatizar, durante a campanha, seu descontentamento com a imigração.
Um exemplo bem-sucedido de “política-ponte” no Brasil foi o equilíbrio fiscal defendido por Lula na eleição presidencial de 2002. Sua base eleitoral antiga, mais à esquerda, não foi alienada e o petista conquistou novos eleitores que o permitiram vencer José Serra (PSDB) no segundo turno.
Jair Bolsonaro, provável candidato da extrema-direita em 2018, poderia aprender com a AfD. Precisará, para aumentar suas chances, encontrar um assunto que atraia pessoas moderadas sem perder quem o chama de “Bolsomito”. Ao mostrar pouco apreço às crenças dominantes na sociedade brasileira atual – inclusão social e equilíbrio econômico (como defendem Carlos Pereira, Marcus Melo, Lee Alston e Bernardo Mueller em um brilhante livro) – Bolsonaro diminui suas chances em uma eleição majoritária. Dificilmente conquistará novos corações e mentes. Na Alemanha, a AfD teve a sorte de contar com a convergência de ex-eleitores dos socialdemocratas e dos conservadores cristãos para uma política pública extremista. Isto dificilmente acontecerá no Brasil.
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