Domingo 08/06/2025 12:00

Supersafra deve levar a alta do PIB, mas economistas temem estagnação

Brasil - Economia - Empurrão no Agronegócio

Projeções apontam alta de até mais de 1% no PIB no 1º trimestre, mas vai e vem em indicadores e demanda fraca fazem retomada do crescimento ser lenta. Confira evolução dos principais números.

Foto: Arte G1

o que tudo indica, a recessão ficou mesmo para trás, de acordo com economistas consultados pelo G1. Além da boa surpresa da supersafra de grãos, a inflação em queda e os cortes de juros melhoraram as perspectivas de que a economia brasileira finalmente conseguirá ganhar fôlego e entrar numa nova fase. O vai e vem de indicadores ora positivos, ora negativos em alguns setores, entretanto, retratam uma recuperação ainda oscilante e não disseminada, segundo os analistas, o que torna a retomada lenta e modesta, num cenário ainda marcado por fraca demanda e desemprego alto.

As projeções apontam para um crescimento forte da economia no 1º trimestre, puxado quase que exclusivamente pelo agronegócio, o que deve garantir que o país registre o primeiro PIB (Produto Interno Bruto) positivo após 8 trimestres seguidos de contração. No ano passado, a economia brasileira aprofundou a crise ao encolher 3,6%, marcando a mais longa recessão da história.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estima que a economia deve ter crescido entre 0,7% e 0,8% entre janeiro e março, na comparação com o quarto trimestre do ano passado. Já as projeções do mercado variam de 0,4% a até mais de 1%. Para o ano, a maioria dos analistas continuam esperando um crescimento abaixo de 0,5%. Os números oficiais do PIB do 1º trimestre serão divulgados pelo IBGE no dia 1º de junho.

1º trimestre anabolizado

O grande empurrão neste começo de ano veio do setor agropecuário, que começou a tirar do chão aquela que deverá ser a maior colheita da história do Brasil. Segundo a última estimativa do IBGE, a safra deve crescer 25,1% neste ano, para 230,3 milhões de toneladas. Na primeira estimativa para a safra de 2017, divulgada em novembro de 2016, a previsão era de aumento de 13,9%. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) estima em 8,5% a alta o PIB do setor em 2017, após um recuo de 6,6% no ano passado.

A economista Sílvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV, calcula que a agropecuária pode ter registrado uma expansão até superior a 10% no primeiro trimestre, representando um impacto positivo de ao menos 0,7 ponto percentual na variação do PIB de janeiro a março.

“O primeiro trimestre parece ter sido um pouco anabolizado. Se não fosse a contribuição da agropecuária, teríamos uma contração no 1º trimestre ou quase uma estagnação”, afirma Matos, para quem o PIB do país cresceu 0,6% no primeiro trimestre e deverá avançar 0,4% no ano.

Apesar da contribuição da agricultura para a melhora no desempenho de outros setores, como balança comercial e produção de máquinas e veículos pesados, os analistas recomendam cautela para quem decretar o fim da recessão com base somente nos números dos 3 primeiros meses do ano. Segundo eles, ainda não está clara a retomada de outros setores em razão dos efeitos da herança estatística do forte resultado do 1º trimestre para os 3 meses seguintes.

As mudanças metodológicas efetuadas pelo IBGE na PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) e na PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), mudando significativamente os resultados de janeiro e fevereiro, também colocaram mais pressão e dúvidas sobre o resultado do PIB do 2º trimestre.

“Existe uma enorme chance de ter sido antecipada uma alta que será devolvida no 2º trimestre”, alerta José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, que projeta um avanço de 1,2% no 1º trimestre.

O analista avalia, no entanto, que a economia brasileira ainda passa por um processo de estabilização, não podendo ser afastada a possibilidade de um PIB até mesmo negativo no 2° trimestre. “Estamos num processo de altos e baixos. O PIB ainda deve oscilar nestes 3 trimestres. A minha dúvida é se isso não será uma estagnação”, afirma.

Setores sem tendência definida

A indústria, por exemplo, deve registrar PIB positivo no 1º trimestre, mas a queda de 1,8% na produção industrial em março veio pior do que o esperado, o que coloca pressão para o PIB do 2º trimestre. A despeito da recuperação de setores como o de produção de veículos, os indicadores continuam oscilando e a ociosidade permanece elevada, com taxa de utilização da capacidade instalada estacionada ao redor de 77%. Pesa ainda o encolhimento da construção civil, em meio ao abalo provocado pelo operação Lava Jato na construtoras e ao excesso de oferta de imóveis.

No setor de serviços, a queda de 2,2% em janeiro se transformou numa alta de 0,2% após o IBGE revisar a sua base de comparação. Mas os indicadores oscilantes de segmentos como comércio em meio ao alto endividamento das famílias e aumento do desemprego.

“Por conta da mudança metodológica, o PIB de serviços deve vir mais fraco no 2º trimestre e mais próximo de zero”, estima Matos, que projeta que o setor ainda deverá fechar o ano no negativo.

Para Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e política da Tendências Consultoria, já há sinais de recuperação da economia por todos os setores e o único risco para um PIB negativo no 2° trimestre seria um avanço acima de 1% nos 3 primeiros meses do ano.

"Não será nenhum crescimento expressivo, mas já vai sair do negativo. Acredito que já dá para afirmar sim que o Brasil saiu da recessão. A dinâmica é bem razoável e podemos chegar ao 4º trimestre crescendo 2,4% em relação igual período de 2016", afirma Ribeiro, que projeta alta de 0,5% do PIB no 1º trimestre e de 0,3% para o ano.

Os economistas concordam, entretanto, que somente os números do 2º trimestre poderão confirmar o fim, de fato, da recessão.

"Apenas o resultado do 1º trimestre não significaria uma saída definitiva da recessão. Mais importante é a sinalização para o restante do ano dada pela recuperação da confiança de consumidores e empresários, em conjunto com a queda da inflação e do juros", afirma Roberto Padovani, economista do Banco Votorantim.

O que anima e o que preocupa

Para Luis Fernando Castelli, economista da GO Associados, resta pouca dúvida de que a economia voltou a crescer neste começo do ano. "O problema são as sequelas que ficaram na economia. Temos ainda 14 milhões de desempregados, o que também atrapalha a retomada do consumo”, afirma o analista, que projeta alta de 0,9% no 1º trimestre e de 0,6% para o ano.

Na projeção do economista, uma melhora no mercado de trabalho só deverá acontecer a partir do 2º semestre, mas o país ainda deverá fechar o ano com taxa de desemprego acima de 13% e cerca de 13,8 milhões de desempregados. "Devemos fechar o ano com uma criação de cerca de 150 mil vagas formais, mas só deveremos recuperar o estoque de emprego perdidos a partir de 2021", avalia.

Embora o rombo das contas públicas continue causando preocupação, a expectativa de aprovação da reforma da Previdência, segundo os analistas, abre caminho para a redução das incertezas e melhora da confiança, ainda que as mudanças no texto original já tenham reduzido em quase 30% a previsão de economia nos gastos com o pagamento de aposentadorias e benefícios.

"Muitos investimentos ainda estão represados por conta do cenário de incerteza", lembra a pesquisadora do Ibre/FGV.

Para Alessandra Ribeiro, da Tendências, a taxa de investimento poderá fechar 2017 já no positivo, com uma alta de 2,2%. "Com a atual capacidade ociosa, não será ampliação de capacidade, mas sim retomada de projetos paralisados e de troca daquela máquina que já deveria ter sido trocada há 3 anos", explica.

Do lado do consumo, apesar da inadimplência alta e da perda do poder de compra das famílias, a boa notícia vem da queda acentuada da inflação. "Estamos vendo ajustes salariais na casa dos 5%. Isso está dando um incremento real na renda", destaca a economista.

Dados do salariômetro, da Fipe, apontam que em abril os reajustes salariais médios ficaram acima da inflação pelo terceiro mês seguido.

O cenário de juros em queda tende também a melhorar as condições de crédito e beneficiar a recuperação do consumo. “Apesar de 14 milhões de desempregados, cerca de 90 milhões ainda estão trabalhando. Com a volta da confiança e condição de crédito melhor a tendência é que voltem a consumir bens duráveis”, diz Castelli.

O entendimento geral dos economistas, entretanto, é que em meio ao colapso das contas públicas e baixo poder de compra do brasileiro, o impulso para a retomada dependerá mesmo do aumentos dos investimentos privados e estrangeiros. Em 2016, os investimentos caíram 10,2%, na terceira queda anual consecutiva, segundo o IBGE.

"A retomada só virá mesmo quando a taxa de investimentos começar a ficar positiva", destaca Gonçalves.

A aposta geral é que, confirmada a expectativa de aprovação das reformas da Previdência e trabalhista, os investimentos ganharão impulso a partir 2018, beneficiados também por desembolsos dos projetos dos últimos leilões de energia e os da área do pré-sal previstos para o 2º semestre.

Apesar dos sinais promissores de melhora, há quase que um consenso de que a recuperação será mais lenta do que se gostaria e não desprovida de alguma turbulência em meio ao cenário político ainda conturbado.

“Foi uma crise muito aguda e vai ser uma retomada lenta. As projeções indicam que a gente voltará a ter o mesmo PIB de 2014 só lá por 2020", destaca Castelli.

"Está melhorando, mas é aquela coisa: devagar, devagarinho. A demanda interna ainda está muito fraca. Esse é ponto", resume Matos.

G1

Supersafra, Alta, Produto Interno Bruto, Estagnação

Compartilhar faz bem!

Eventos

  • 1º Encontro dos Amigos da Empaer

    1º Encontro dos Amigos da Empaer

    Cidade:Dourados
    Data:29/07/2017
    Local:Restaurante / Espaço Guarujá

  • Caravana da Saúde em Dourados II

    Caravana da Saúde em Dourados II

    Cidade:Dourados
    Data:16/04/2016
    Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão

Veja Mais Eventos

Balcão de Oportunidades / Empregos(Utilidade Pública)

Não é cadastrado ainda? Clique aqui

Veja todas as ofertas de vagas

Cotações

Moeda Taxa R$
Dólar 5,604
Euro 6,388
Franco suíço 6,817
Yuan 0,779
Iene 0,039
Peso arg. 0,005

Atualizado

Universitários

Serviço Gratuito Classificados - Anúnicios para Universitários
Newsletter
Receba nossa Newsletter

Classificados

Gostaria de anunciar conosco? Clique aqui e cadastre-se gratuitamente.

  • Anúncios

Direitos do Cidadão

Escritório Baraúna-Mangeon Faça sua pergunta
  • Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatá...Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatária aqui em Cuiabá, levou muita grana nossa, e uma eco esporte. Ela se chama LEUNIR..., como faço pra denunciar ela aí nos jornais?Resp.
  • Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um...Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um eo outro parcial ja faz um bom tempo que nao trabalha e estava recebendo auxilio doença mas foi cancelada e ja passou por duas pericias e nao consegui mais , sera que tem como ela aposentar?Resp.
  • quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje out...quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje outbro de 2013Resp.
  • meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 ...meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 a zero caso ele tenha alguma condenacao esse 2 anos e meio pode ser descontadoResp.
  • gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilota...gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilotar maqunas agricolas?? se tiver como fasso pra me escreverResp.
+ Perguntas

Espaço do Leitor

Envie sua mensagem:
Sugestões, críticas, opinião.
  • iraci cesario da rocha rocha

    Procuro minha irmã Creusa Maria Cesario ela era de Dracena SP , minha mãe esta idosa 79 anos precisa ver ela se alguem souber nos avisa ..contato 018 996944659 falar com Iraci ..minha irmã foi vista nessa região

  • iraci cesario da rocha rocha

    Boa noite , estou a procura da minha irmã Creusa Maria Cesario desapareceu ha 30 anos , preciso encontrar porque minha mãe esta com 79 anos e quer ver , ela foi vista ai por essa região , quem souber nos avise moramos aqui em Dracena SP

  • maria de lourdes medeiros bruno

    Parabéns, pelo espaço criado. Muito bem trabalhado e notícias expostas com clareza exatidão. Moro na Cidade de Aquidauana e gostaria de enviar artigos. Maria de Lourdes Medeiros Bruno

  • cleidiane nogueira soares

    Procuro por Margarida Batista Barbosa e seu filho Vittorio Hugo Barbosa Câmara.moravam em Coração de Jesus MG nos anos 90 .fomos muito amigos e minha família toda procura por notícias suas.sabemos que voltaram para Aparecida do Taboado MS sua cidade natal

  • Simone Cristina Custódio Garcia

    Procuro meu pai Demerval Abolis, Por favor, me ajudem.Meu telefone (19) 32672152 a cobrar, Campinas SP.

+ Mensagens