Quinta-Feira 04/09/2025 11:34

Bolsistas do Ciência Sem Fronteiras viram ‘embaixadores’ culturais do Brasil

Brasil - Educação - Ciência sem Fronteiras

O estudante de engenharia mecânica Daniel Leite Oliveira, de 22 anos, veio fazer um intercâmbio de graduação nos Estados Unidos com o objetivo de aproveitá-lo ao máximo. A poucos meses do fim de sua estadia, ele diz ter conseguido deixar uma boa impressão nos americanos, que conheceram um pouco sobre a cultura brasileira durante um Brazilian Day que organizou com seus colegas em uma universidade do Estado de Indiana.

Oliveira foi um dos bolsistas contemplados na primeira chamada do Ciência Sem Fronteiras, programa do governo federal que financia o intercâmbio de estudantes brasileiros em países ao redor do mundo. O brasileiro teve a oportunidade de estudar em uma escola prestigiada na sua área, a Universidade Rose-Hulman, em Terre-Haute, a cerca de uma hora de Indianápolis, no meio oeste americano.

Antes de voltar ao Brasil, Oliveira ainda fará um estágio na multinacional de papel e celulose International Paper, no estado de Kentucky.

“Daqui, eu vejo o Brasil de uma forma muito diferente”, conta o jovem. “Vou levando muitas coisas (para casa), principalmente a sensação de poder fazer do meu país um lugar melhor. Depois que você vem para cá, você observa os defeitos do Brasil, mas percebe também a capacidade de mudá-los.”

O estudante está entre os que, nos próximos meses, começarão a regressar para casa após concluir o primeiro ano do programa. Eles levam de volta ao Brasil experiências que podem ter impacto não somente nas suas vidas pessoais e profissionais, mas também no futuro da iniciativa que é a menina dos olhos da presidente Dilma Rousseff para impulsionar a mobilidade e a qualificação da mão de obra científica nacional.

Segundo números oficiais do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o programa Ciência Sem Fronteiras concedeu até maio 22,3 mil bolsas de estudo para brasileiros interessados em fazer intercâmbios em 35 países.

Os EUA lideram a lista como país receptor, com 5,4 mil bolsistas - 69% deles, de graduação, e o restante, em diferentes modalidades de pós. As universidades americanas receberam mais alunos que as instituições no segundo e terceiro países que mais acolheram brasileiros, Canadá e Portugal.

Atualmente, estão abertas as inscrições para mais 13,5 mil bolsas de estudos em nove países e destas, 2 mil serão destinadas aos EUA, o que colocará o país dentro da estimativa de receber cerca de um quinto dos 101 mil bolsistas que o programa pretende custear até 2015.

‘Embaixadores

Em uma reunião de avaliação do primeiro ano do programa na Embaixada brasileira em Washington, na quarta-feira, um grupo de 17 estudantes compartilhou suas impressões com representantes do governo brasileiro e parceiros americanos.

Eles apontaram problemas pontuais no programa atual e contaram como a experiência serviu para que eles “abrissem a cabeça” e dessem o pontapé em uma rede de contatos internacionais que pode ser valiosa no futuro.

A reunião também indicou que os 5 mil brasileiros espalhados por quase 300 universidades americanas estão servindo de “embaixadores” culturais do país, através de eventos estudantis, atividades culturais e jornadas dedicadas ao Brasil.

“O resultado é que muitos estudantes americanos nos campi começaram a entender melhor quão vasto e diverso é o Brasil e o seu corpo discente”, disse Allan Goodman, presidente do Instituto de Educação Internacional (IIE, na sigla em inglês), órgão que atua como intermediário entre os estudantes brasileiros e as universidades americanas.

“Eles estão criando laços culturais, que acho que vão resultar em mais estudantes americanos interessados em estudar no Brasil e trabalhar com colegas brasileiros.”

Daniel, que estuda engenharia mecânica na UFMG, participou de um Brazilian Day em fevereiro passado.

“De manhã fizemos um workshop e teve até uma minifeira de carreiras, que inclusive ajudou alguns estudantes brasileiros a arrumar emprego”, contou. “À tarde, fizemos um evento para a comunidade e atraímos 600 pessoas. Os americanos ficaram muito impressionados.”

Segundo o IIE, Indiana é o sétimo Estado que mais recebeu estudantes brasileiros até meados de maio. Nova York, Califórnia, Michigan e Illinois lideram a lista. De acordo com informações repassadas à Embaixada brasileira, as instituições que mais receberam estudantes brasileiros foram a Universidade da Califórnia em Davis, e da Flórida, ambas com 126 bolsistas.

As áreas mais procuradas pelos brasileiros são engenharia (mecânica, elétrica e industrial no topo da lista) e ciências da computação.

Allan Goodman diz que, apesar dos desafios de “aclimatação”, como adaptar-se a uma nova cultura, a climas em geral mais frios e ao estudo uma língua estrangeira, os brasileiros têm demonstrado “uma excelente ética de trabalho”.

“Eles dão muito duro, querem aprender a língua, querem ser embaixadores culturais do Brasil e querem aproveitar ao máximo a sua experiência aqui”, avalia.

Volta para casa

A partir de agora, o programa e os seus primeiros bolsistas começam a passar para a próxima fase, de voltar para casa e aplicar os conhecimentos e a experiência adquiridos no exterior. Mas só daqui a alguns meses, ou anos, será possível avaliar os resultados concretos do programa, disse o chefe do setor educacional da Embaixada brasileira em Washington, Pedro Saldanha.

A maioria dos estudantes retorna para casa para finalizar seus estudos de graduação ou pós, e os que receberam bolsas integrais de doutorado no exterior ainda estão fazendo as suas pesquisas, ele observou.

Mas Ana Paula Morais Krelling, 27 anos, graduada em Oceanografia pela Universidade Federal do Pará, com mestrado em engenharia oceânica pela Federal do Rio (UFRJ), e atualmente fazendo doutorado com titulação dupla no Instituto Oceanográfico da USP e na Universidade de Massachusetts, já sente que uma das dificuldades será encontrar um emprego para aplicar tanto conhecimento.

“As empresas no Brasil estão reticentes em contratar doutores, principalmente em razão do custo“, diz. ”Para mim, as oportunidades são institutos de pesquisa e universidades, e isso é um problema, porque estamos formando mais doutores do que as universidades estão absorvendo.”

Mas ela insiste que fazer o doutorado foi uma boa opção. “A gente ganha na língua, em networking, e ao conhecer outras maneiras de pensar a pesquisa e até as relações humanas”, opina.

“Quando você for um pesquisador mais experiente, e for lidar com um projeto internacional, vai conseguir ver como a diferença cultural vai interferir na maneira como sua mensagem será interpretada.”

Como Daniel, Ana Paula diz que a experiência mudou sua percepção sobre o Brasil. Para ela, trata-se de um país com defeitos e qualidades.

“A gente vê que temos conhecimento, tecnologia, e que só estamos um pouco engessados”, diz. “Avançar da teoria para a prática é difícil, tem muita burocracia. Mas tem muita gente boa no Brasil que quer fazer pesquisa. A gente não precisa importar tudo.”

Terra/RMC

Ciência Sem Fronteiras, Intercâmbio de Graduação, Estados Unidos, Bolsistas

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