Quarta-Feira 15/10/2025 14:29

MS é referência em produção e produtividade para os demais estados

Brasil - Estado - Agricultura - Cenário Otimista

Foto: Maurício Koji Saito é Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária(Paulo Ribas/Correio do Estado

Há pouco mais de um ano à frente da presidência da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), o produtor rural e médico-veterinário Maurício Koji Saito vê com otimismo o cenário agropecuário no Estado – e no Brasil –, apesar da crise econômica. Mesmo com as adversidades, segundo ele, o setor tem suplantado os obstáculos e dado respostas com números positivos. Nesta entrevista, ele fala sobre essa conjuntura e sobre o bom trabalho do produtor rural sul-mato-grossense, entre outros assuntos.

CORREIO PERGUNTA: 
Em agosto, o senhor completou um ano à frente da presidência da Famasul, acompanhando, também como produtor rural, a crise econômica brasileira. Como definiria a atual situação do agronegócio estadual?

Maurício Koji Saito: Sem dúvida alguma, toda e qualquer crise macroeconômica, nacionalmente falando, traz impacto direto ao produtor rural. Mas o setor tem suplantado esses obstáculos – e aí eu tenho que fazer menção a um trabalho muito bem realizado pelo produtor rural de Mato Grosso do Sul – com a aderência às novas tecnologias. Isso traz como 
consequência a melhora na produtividade e a gestão também tem melhorado muito. Temos enfrentado esta crise econômica – logicamente, nós não somos uma ilha, a ponto de não sentir o impacto –, mas a temos suplantado com trabalho e com essa aderência às novas tecnologias de produção. Isso traz como resultado uma referência estadual, que se torna nacional, de produtividade.

Muitos produtores rurais deixaram a pecuária para investir em agricultura ou área de florestas, esta última apresentando expansão no Estado. A que o senhor atribui esta migração?

Na verdade, eu acredito muito neste conceito de novas tecnologias, porque elas possibilitam ao produtor rural a entrada em determinadas atividades em que, anteriormente, não era possível. E, como há esse trabalho da comunidade científica, existe à disposição uma nova tecnologia, que é a implantação da floresta na atividade agropastoril. Antigamente, era somente a Integração Lavoura e Pecuária; hoje, a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. Temos esta possibilidade – além, logicamente, da atividade de florestas em si, que é algo que nos traz bastante alegria, dada a pujança que tem o Estado de Mato Grosso do Sul. Ao utilizar a nova tecnologia, o produtor migrou para mais uma atividade, que é a parte de florestas, seja ela consorciada com outras atividades de agricultura e pecuária – especificamente falando da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) –, seja ela exclusivamente na parte de reflorestamento. 

Vários produtores se mostram desapontados com a utilização do Fundersul para outros fins que não a construção de estradas vicinais e outras estaduais. Apenas um grupo de produtores independentes chiou. Qual é a posição da Famasul, o que pretende fazer em relação ao fundo?

A federação sempre se posicionou do lado do produtor rural. Nós somos contra qualquer tipo de aumento de tributo e, principalmente, desvio de finalidade. Nós tivemos aqui dentro da casa, se eu não me engano, três reuniões nas quais trouxemos o governo estadual para pressioná-lo e entender qual era a resposta em relação a esse tributo, a esse desvio de finalidade. Nós temos realizado esse trabalho e teremos os números para fazer um comparativo do que efetivamente foi aplicado no ano anterior e do que será aplicado neste ano, para, aí sim, fazer uma cobrança efetiva. O governo diz que não há desvio de finalidade, porque simplesmente há uma adequação à legislação. O que nós temos à disposição – e isso é um compromisso do governo do Estado – são os números disponíveis, como tivemos no ano passado, neste ano também. Porque esse desvio de finalidade  aconteceu agora em agosto, ou setembro, não sei exatamente, mas sobre o qual temos uma clareza muito grande. Primeiro, nós não concordamos com o desvio de finalidade, porque o recurso vem do setor produtivo; segundo, a maneira de a gente fazer isso para poder entender o papel que o governo está querendo fazer, que é somente um ajuste jurídico e também colocar, além dos projetos, a parte de drenagem. Nós podemos fazer esta conferência por meio dos números que serão disponibilizados. Estamos fazendo um trabalho de comparação para verificar se o que o governo fala está efetivamente acontecendo – que não há desvio de finalidade ou se está havendo este desvio. Mas, desde o início, cobramos no dia seguinte um posicionamento oficial, porque não concordamos com qualquer desvio de finalidade por parte do governo do Estado em relação ao Fundersul.

O programa de recuperação de pastagens que o governo do Estado lançou registrou pouca adesão. O que levou o produtor a isso, pouco incentivo? O que o senhor vê de falha neste programa?

Eu acredito que houve dificuldade de comunicação. Você tem, primeiramente, que sensibilizar o produtor, ele tem que entender o programa. E é por isso que cobramos um trabalho de sensibilização por parte do governo do Estado. Não adianta simplesmente chegarmos com o programa – cuja ideia tem importância grande para o Estado, porque há uma busca pela recuperação de pastagens em diferentes níveis de degradação. O que houve foi a dificuldade do produtor em entender o programa. Demandamos ao governo do Estado uma ação que possa sensibilizar não só o produtor, mas as assistências técnicas, juntamente das instituições financeiras, para que o programa seja bem entendido e o produtor tenha acesso a ele. Existem circuitos, eventos que estão sendo realizados em diversos municípios, com a participação do Banco do Brasil, governo do Estado, para tentar sensibilizar as assistências técnicas e os produtores rurais. Eu sei que estão em andamento em 4 ou 5 municípios. Há necessidade do conhecimento deste programa, não somente na teoria, mas na prática.

Um problema recorrente no agronegócio é a logística de transporte, que não atende à demanda. O que falta para resolver o problema?

Acredito que há vontade política maior, não só por parte do governo estadual, como também do governo federal, porque, se formos imaginar, sempre a questão de logística é um dos gargalos do setor primário. Há necessidade de muitos investimentos. Quando pegamos o cenário macroeconômico, há grande dificuldade em se pensar investimentos específicos, pontuais. Mas o setor tem que ser ouvido, porque é o que tem dado números positivos, não só o governo estadual como o federal também. Nossa preocupação é de que haja resposta por parte do poder público, para que possamos contar com melhores rodovias. E não temos apenas o problema de rodovia em si. Temos também problema de capacidade de armazenagem estática em Mato Grosso do Sul. Teoricamente, temos possibilidade de armazenamento de 50% de nossa safra total, em torno de 8 milhões de toneladas. Só que, ao mesmo tempo, muito mal distribuída no Estado. E entra aí a ferrovia também. Tudo na vontade política de se resolver pela necessidade de investimentos. A busca de parcerias público-privadas, tudo depende de uma ação efetiva por parte do poder constituído, para, num segundo passo, colocar também na prática aquilo que está muito em discussão teórica. Temos o reconhecimento de que é algo difícil, por parte de investimentos, e ao mesmo tempo temos clareza de que é um setor que precisa ser olhado com carinho, porque tem elevado os números positivos de nosso país. Toda vez que a gente pensa nessa crise, se for olhar especificamente o setor agropecuário, é o setor que ainda tem dado os números positivos.

Entre os programas lançados pelo governo estadual está o de apoio e fortalecimento da avicultura e suinocultura e estratégias de irrigação. O que foi realizado concretamente?

Nós temos de efetivo a diminuição no valor do ICMS da energia para a avicultura e suinocultura. Há necessidade nessas áreas, é um trabalho que temos feito sistematicamente, de haver alguns destravamentos pontuais na suinocultura; então, há muito a caminhar, existe todo um trabalho. A parte da pequena propriedade demanda. Temos agora, neste último mês, a liberação de utilização de água de baixo volume. Na verdade, o nome correto é água com volume insignificante, mas vai diretamente à pequena propriedade, que está vinculada ao setor de aves e suínos. Mas temos muito a caminhar. Em nossas demandas principais, o que houve de efetivo até momento é esta questão da energia, que há isenção por parte do governo do Estado, e esperamos atendimentos maiores. Existem alguns projetos de investimentos, mas são todos projetos. Agora, temos essa possibilidade de frigorífico para peru, possibilidade de investimentos que também depende, fortemente, da participação da iniciativa privada. Há incentivo por parte do governo, mas há necessidade da presença da iniciativa privada com o produtor rural.

O Brasil pode crescer ainda mais, ter melhor desempenho na agropecuária?

Sem dúvida. Sempre pautado no acompanhamento da comunidade científica. Se a gente for imaginar o que era Mato Grosso do Sul, ou melhor, o que era o cerrado brasileiro há alguns anos – 30, 40 anos –, vamos verificar o potencial que existe em nosso país. E aqui vale mais uma vez ressaltar o trabalho realizado pelo produtor rural na adesão de novas tecnologias. Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, o Centro-Oeste, de maneira geral, é um bom exemplo de que podemos avançar muito ainda, sempre tendo em mente que nós seremos, daqui a 30 anos, responsáveis por 40% da produção de alimentos no mundo. Do total que terá que aumentar de demanda alimentar no mundo, 40% terá que sair do Brasil. Então, eu acredito não só pela necessidade, mesmo; temos a necessidade de ter aumento de nossa capacidade de produção, como também do bom trabalho realizado pelo produtor rural e pela comunidade científica. Mais uma vez, ressalto que, com todas as novas tecnologias que têm sido disponibilizadas, o produtor tem feito o dever de casa e as utilizado. E é com orgulho que digo que Mato Grosso do Sul é referência em produção e produtividade para os demais estados do Brasil.

Qual é o nível de confiança dos produtores para a safra 2016/2017?

O produtor, por natureza, tem a confiança dentro dele, faz parte da característica do produtor rural. Temos previsão de clima um pouco melhor do que o do ano passado. Vínhamos num otimismo grande até o início da chuva na colheita de soja; na safra de milho, nós tivemos o inverso, o atraso pela dificuldade de colheita e depois a ausência de chuva em épocas primordiais para a produção. Mais uma vez, temos perspectiva muito positiva, atingiremos uma área superior a 2,5 milhões de  hectares de soja. Com uma crença de que os investimentos em insumos diretos – fertilizantes e sementes – estão sendo bem realizados pelo produtor, a despeito da grande situação que existe hoje no Brasil em relação ao cenário macroeconômico. Por mais que exista a dificuldade, o produtor rural é um empreendedor nato, ele investiu na aquisição de seus insumos. Por isso, nossa crença é de que há um sentimento otimista para nossa safra 2016/2017.
 
Nesta época de crise econômica, como o produtor pode produzir mais com menos e ser eficiente na gestão de sua fazenda?

Um dos pilares que nós temos na Famasul é este, de compartilhar conhecimento. Eu diria que nosso dever de casa, da porteira para dentro, é muito bem realizado. Somos referência em produtividade e produção. Há uma necessidade – e é por isso que nós consideramos que  compartilhar conhecimento é essencial, porque o grande foco hoje é na gestão. Não só pensar em produção de tecnologias, mas o quanto custará esta nova tecnologia para que o balanço não fique negativo ao produtor. A gestão é fundamental. Temos clareza de que o processo de gestão é tão importante quanto o sistema produtivo e que o produtor está em busca disso.

 

Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado

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