Ex-funcionário acusa Ministério de quebrar sigilo em testes antidoping
Brasil - Esporte - Quebra de Protocolo
Foto: Divulgação
Fundamental para uma boa política de controle de doping, o sigilo dos testes feitos no Brasil foi quebrado pelo Ministério do Esporte na reta final para a Olimpíada. É o que afirma Luiz Horta, consultor da Unesco, ex-presidente da comissão de laboratórios da Wada (Agência Mundial de Controle antidoping) e membro, até junho deste ano, da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem).
A acusação do ex-funcionário da autarquia que é responsável pelos testes feitos no país foi feita em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. Horta, que deixou seu cargo após uma mudança de comando na ABCD e no Ministério do Esporte, diz que a partir da troca de gestão as passagens dos agentes passaram a ser emitidas com o nome dos atletas e o tipo de testes aos quais eles seriam submetidos.
“O DGI [Departamento de Gestão Interna] passou a condicionar a emissão das passagens aéreas para coletas à apresentação da identidade do atleta a ser testado e o ‘cardápio’ de testes [urina e/ou sangue]”, conta Horta. “No caso do teste-surpresa, é essencial que esse tipo de informação seja confidencial”, completa.
A mudança de protocolo ocorreu após o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) ter manifestado por meio de seu diretor-executivo, Marcus Vinicius Freire, insatisfação com o número de testes aplicados em atletas brasileiros ao longo do primeiro semestre. Em um primeiro momento, esses apelos foram ignorados pela gestão de Marco Aurélio Klein, que comandava a ABCD até junho. A partir de sua saída, no entanto, a pasta teria começado a colocar empecilhos para os testes-surpresa, de acordo com Horta.
“Aquilo me incomodou, afinal um teste-surpresa tem de acontecer sem nenhum aviso prévio. Emiti ordens de missão com o mínimo de informações possível, mas oo número de passagens emitidas foi diminuindo, diminuindo”, disse Luiz Horta. O Ministério do Esporte nega ter quebrado o protocolo.
“A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), órgão do Ministério do Esporte, cumpre rigorosamente todas as medidas internacionais de controle de dopagem, ao mesmo tempo em que segue à risca as normas da administração pública federal. As normas do governo federal para a emissão de passagens aéreas exigem uma série de itens: solicitação com antecipação de dez dias, justificativa e destino, além da prestação de contas. Essas regras são aplicadas para todos os servidores e colaboradores. No caso do controle de dopagem, não há nem nunca houve exigência de inclusão do nome do atleta a ser testado ou do tipo de exame. As diretrizes são as mesmas adotadas na gestão anterior da ABCD”, disse a pasta em resposta aos questionamentos do UOL Esporte.
O COB admite ter feito reuniões com a ABCD e o Ministério do Esporte para reclamar do que considera um número excessivo de testes-surpresa. Pelo sistema internacional, se um atleta não comparece a três exames-surpresa ele é considerado dopado.
Neste contexto, a frequência de testes a que eram submetidos os brasileiros poderia punir um atleta que estava limpo por ele não ter sido encontrado em seguidas oportunidades, na visão da entidade. À reportagem, no entanto, o COB afirma não ter conhecimento da quebra de protocolo apontada por Horta e diz que todos os atletas testados não tinham conhecimento prévio dos exames.
Brasil parou exames e foi questionado pela Wada
A acusação de Horta é só mais um episódio em uma crise no setor que começou quando a Wada descredenciou o laboratório responsável pelo controle antidoping no país, em 24 de junho. Dias depois, o Ministério do Esporte demitiu Marco Aurélio Klein do comando da ABCD e, em teoria, diminuiu o número de testes-surpresa no país. Na prática, na verdade, deixou de fazê-lo, já que coletava amostras e não as testava.
A mudança incomodou a Wada, que no último dia 26 de julho enviou uma carta ao governo brasileiro questionando o porquê da alteração a dois meses do início dos Jogos. O Ministério respondeu que não poderia completar os testes por conta da suspensão ao laboratório brasileiro.
O jornal O Estado de S. Paulo, que revelou a cobrança da Wada em primeira mão, diz que a agência mundial ainda queixou-se sobre o caso ao COI, taxando de “inaceitável” a conduta do governo brasileiro. O problema é que a suspensão do laboratório brasileiro não impede a análise dos testes, que poderiam ser enviados a algum parceiro internacional, praxe no sistema de controle de dopagem.
O Ministério do Esporte alega que os laboratórios de Lisboa, Barcelona e Bogotá, que possuem convênio com o Brasil, estavam sobrecarregados e não poderiam atender a demanda. “Podiam ter enviado para os de Los Angeles ou Salt Lake City. Mesmo que precisasse fazer licitação, há na legislação brasileira a figura da licitação emergencial e, nessa situação, seria justificado lançar mão dela”, argumenta Horta.
Além de mostrar o temor pela ausência de testes na reta final dos Jogos Olímpicos, a manifestação da Wada ao Governo Federal ainda põe em xeque o argumento do COB. Como o UOL Esporte mostrou há cinco dias, o comitê e várias das confederações de ponta do esporte brasileiro se incomodaram com o sistema rígido de controle antidoping imposto pela ABCD nos últimos meses. A justificativa principal era de que os atletas estavam sendo testado acima do normal para os padrões internacionais.
Na visão da Wada, no entanto, a redução dos testes é que é o problema, justificando até uma intervenção direta junto ao Ministério do Esporte e ao COI. Substituto de Klein no comando da ABCD, o ex-judoca Rogério Sampaio não é claro quando questionado sobre o futuro da área no país. Embora a redução dos testes-surpresa tenha ocorrido durante a sua gestão, ele se gaba do número de exames praticados no país ao longo de 2016.
“O que eu tenho são os dados de que a Wada fez, neste ano, 2.227 testes em todos os atletas brasileiros. Em que país você tem um número tão grande de controle de dopagem nos seus atletas ao longo do ano. Eu acho que o trabalho de controle de dopagem foi bem feito”, disse ele, citando dados estabelecidos pelo seu antecessor no cargo. Perguntado sobre a postura do COB, que critica justamente esse número alto de exames, Rogério é lacônico. “Aí você tem de questionar o COB”.
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