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Inaugurada oficialmente está semana, no município de São Gabriel d’oeste, na Fundação Educacional de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Econômico (FUNPESG), a segunda Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate (PDOA) do Estado, que promete alavancar a comercialização de ovinos na região.

Resultado de uma parceria entre a Câmara Setorial da Ovinocultura, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), as Secretarias da Produção e Agricultura Familiar (Sepaf) e de Fazenda (Sefaz), Famasul, Ministério da Agricultura e a Associação Sul-Mato-Grossense de Criadores de Ovinos (Asmaco), a PDOA foi criada em 2013, com o objetivo de atenuar dois grandes gargalos da ovinocultura e que impedem a expansão da atividade: a comercialização e a logística.

O sistema possibilita que os produtores reúnam quantidades menores de animais prontos para o abate numa única carga e o encaminham para o frigorífico, o que abriu mercado no Estado e fora dele, gerando escala e dando nova dinâmica ao comércio de ovinos. Desde a instalação até 2016 já foram feitos 16 embarques e enviados para o abate mais de 1.840 animais.

Sobre o sistema

Segundo a veterinária Ana Cristina Andrade, secretária-executiva da Asmaco, o sistema garante que o preço negociado com o frigorífico seja o mesmo para todos os produtores e que cada um receba o valor referente aos animais que enviou, sem intermediários. Atualmente o preço pago, pelo quilo do animal vivo está em torno de R$ 7, os animais enviados tem de quatro a seis meses e pesam em média 40 quilos cada, com rendimento variando entre 43% e 47%. “A demanda do Estado varia entre 300 a 400 animais por mês, mas não vem sendo atendida”, contou a veterinária.

Para estimular a ampliação do número de criadores no Estado a Associação tem recebido os interessados na atividade nos encontros de troca de experiências que promovido com seus associados.  “E a ideia de apresentar os desafios e vantagens da criação de ovinos e as possibilidades de integração com outras atividades tem dado resultado positivo”, avaliou a veterinária.

Mesmo com o mercado aquecido, Ana lembra que é muito importante que os produtores interessados em expandir ou em iniciar na atividade, façam um bom planejamento, conversem com outros criadores da região, adquiram as fêmeas de locais próximos da sua propriedade e montem um bom cronograma sanitário. “Não existe uma fórmula única para obter sucesso na criação de cordeiros, para cada propriedade uma solução diferente”, alertou.

Para 2017, estão nos planos da Associação finalizar a planilha de avaliação do negócio, através da qual será possível orientar os produtores como iniciar o trabalho, qual a quantidade de animais e funcionários ideal.

Novas possibilidades

A mão de obra especializada cada vez mais escassa no campo foi o que motivou a Prefeitura a convidar para a apresentação do Sistema alunos do curso técnico em agropecuária da Fundação.

Para a aluna da Fundação, Julia Fernanda Mesomo, que pretende cursar a faculdade de agronomia, conhecer o sistema foi muito importante e deve influenciar positivamente nas suas decisões futuras e de vários colegas que a acompanhavam. “Precisamos estar atentos aos espaços que o mercado vai abrindo”, disse.

Bento Carneiro, produtor do município de Rio Negro, que reduziu o número de ovinos por causa das dificuldades na comercialização, disse que ficou animado com a solução apresentada e deve repensar o assunto. Hoje ele tem apenas 20 animais em sua propriedade e integrado com a atividade leiteira tira o sustento da família em pouco mais de 50 hectares.  O produtor contou também que com apenas oitenta litros de leite diários, não vê condições de segurar os filhos no campo e isso é uma de suas maiores preocupações.

Sanidade

Suzana Cometki Ortega, médica veterinária e fiscal estadual agropecuário da Iagro, que acompanhou todo o processo de instalação das duas unidades de PDOA, explicou que um médico veterinário deve ficar responsável pelos animais desde a chegada até o embarque para o frigorífico, que podem ficar na propriedade de descanso no máximo até três dias.

Segundo as normas estabelecidas nas resoluções estaduais, além de realizar inspeções, o veterinário também deve assegurar que os animais sejam destinados exclusivamente ao abate em frigoríficos com Serviço de Inspeção Sanitária Federal (SIF), Estadual (SIE) ou Municipal (SIM), deve responder pelo agendamento do embarque, pelos formulários que monitoram a relação de animais e a higienização do local, e ainda por passar informações ao Serviço Veterinário Oficial, sobre qualquer suspeita de enfermidade.

Incentivos do Governo do Estado

Através do Programa de Avanços da Pecuária de Mato Grosso do Sul (Proape), o Governo do Estado incentiva várias cadeias produtivas entre as quais, a cadeia de ovinos.

Na página da Secretaria de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf) o produtor e o responsável técnico da propriedade podem se cadastrar gratuitamente. A partir dai, ao entregar animais em frigoríficos que também estejam cadastrados neste programa é possível obter 50%  sobre o imposto, no abatimento, para operações de venda realizadas para fora do Estado ou receber R$ 3,70 por animal abatido aqui mesmo no Estado.

Para participar da comercialização através da PDOA ou para se inscrever no Proape o produtor não precisa estar vinculado a nenhuma associação.

Gestores de diversos municípios tem procurado o grupo para conhecer o sistema, que é pioneiro no Brasil e já foi sondado pelo Ministério da Agricultura para ser apresentado para criadores de outros Estados.

Participaram do evento, o Prefeito de Saõ Gabriel, Adão Lírio Rolim; o Superintendente de Desenvolvimento Rural do Estado, Edwin Baur; o diretor-presidente da Iagro, Luciano Chiochetta; o diretor-executivo da Iagro, Roberto Bueno; o pesquisador Fernando Reis, da Embrapa; Horácio Tinoco, da Famasul; o vereador Juninho Gazineu e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Camapuã, Mauricio Palombo.