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Auxiliar de serviços gerais Michel Leite de Carvalho, 29 anos, suspeito de matar a facadas a ex-esposa Juliana da Silva Fernandes, 25 anos, disse que deu boa vida para a vítima e, por isso, ela lhe devia submissão.

De acordo com a titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), Rosely Molina, o casal conviveu por 10 anos e teve três filhos, de 9, 6 e 4 anos.

Em 2011, os dois tiveram uma briga, ela foi agredida e denunciou o caso à polícia, mas desistiu de prosseguir com a queixa-crime.

O casal é de Campo Grande, mas morou um tempo em Terenos. Em fevereiro deste ano, os dois tiveram outra briga e Michel foi preso em flagrante por violência doméstica. Juliana então voltou para a Capital e passou a morar com a irmã no Bairro Jardim das Hortênsias. Um tempo depois, ela e o ex-companheiro voltaram a se falar e ela novamente retirou a queixa.

Michel também se mudou para Campo Grande e morou com Juliana, mas o relacionamento não deu certo e ela retornou para a casa da irmã.

ASSASSINATO

No dia do crime, 22 de abril, Michel recebeu dinheiro pela execução de um serviço. Em seguida, foi para um bar, onde ingeriu cerveja, conhaque e vodca. Ao deixar o estabelecimento, o homem foi de encontro com Juliana e cruzou com ela em um beco.

A delegada Rosely Molina explicou que a vítima estava feliz e sorridente, o que despertou ciúme e desconfiança de Michel. O homem tinha conhecimento de que ela estava se envolvendo com outra pessoa. Por conta disso, ele alegava ter sido traído, embora os dois não tivessem mais compromisso.

Autor suspeitou que Juliana estava feliz porque se encontraria com um terceiro homem. Ele questionou se ela estava traindo ele e o suposto amante, ocasião em que Juliana retrucou: “ e daí?”. Michel sacou uma faca e golpeou a mulher, que correu e tentou se esconder no quintal de uma residência, mas o homem a perseguiu e desferiu mais golpes, totalizando quatro facadas.

Já a delegada Marília de Brito Martins disse que o autor planejou o crime porque deixou a bicicleta escondida nas proximidades para facilitar a fuga. Populares tentaram detê-lo, mas ele conseguiu fugir.

O auxiliar de serviços gerais ficou escondido na fazenda onde mora sua irmã, a 35 quilômetros de Terenos. Ele foi preso na última terça-feira (26), à tarde, por equipe do Setor Geral de Investigação (SIG) da Deam.

EXTRACONJUGAL

Segundo a polícia, quem ajudou Michel a fugir foi um homem com quem ele mantém relacionamento afetivo por 8 anos. Já esta pessoa garante que o envolvimento dos dois existe há pelo menos 15 anos. A família sabia do caso e confirmou que o relacionamento começou antes mesmo de Michel conhecer Juliana.

O autor alega que a vítima mentia para ele há 10 anos e que ela visitava homens no presídio. Michel também disse que pelo fato de ele ter oferecido melhores condições de vida, Juliana lhe devia submissão.

A delegada Rosely Molina reforçou que o caso é mais um em que as vítimas desistem de levar adiante a denúncia sem ter ideia das consequências que as agressões sofridas podem resultar. Dos 7.255 boletins de ocorrências registrados na Deam ano passado, cerca de 10% desistiram de levar o caso adiante.

Ainda conforme a autoridade policial, em 2016 a Deam registrou mais de 6,9 mil atendimentos, dentre registros de boletins de ocorrências, solicitação de investigação e orientações. Foram registrados 2.804 ocorrências e 1.189 procedimentos até 31 de março deste ano. Ao todo, 208 pessoas foram presas.

Rosely Molina ressaltou que os quatro feminicídios registrados no ano passado e os dois que ocorreram este ano foram esclarecidos e os autores presos. No entanto, nenhuma das vítimas do ano passado procurou a polícia para comunicar ameaças e agressões.