Quinta-Feira 04/09/2025 00:52

Decisão do Copom coloca em dúvida credibilidade do BC, dizem analistas

Brasil - Economia - Decisão Política

Foto: Divulgação

Após pressão do setor produtivo, do Partido dos Trabalhadores e em meio a sinais de que a economia terá uma retração mais forte, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros inalterada em 14,25% ao ano nesta quarta-feira (20). Foi a quarta manutenção seguida dos juros pelo BC, que manteve a taxa no maior patamar em quase dez anos.

Até o início desta semana, os economistas dos bancos acreditavam que o BC teria uma postura bem mais mais agressiva, elevando a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na reunião de janeiro deste ano, para 14,75% ao ano.

Veja abaixo a repercussão da decisão:

Otto Nogami, professor de economia do MBA do Insper, em entrevista ao G1
"A percepção que eu tenho é que estão fazendo da política monetária um brinquedo para satisfazer algumas vaidades. Tecnicamente falando da falta de capital de giro nas empresas e da incapacidade que se tem em recompor o estoque, você naturalmente tem uma pressão inflacionária. Sob essa ótica, a elevação dos juros, apesar do momento recessivo seria, muito importante subir a taxa."

"Então surge um temor de que o que está se fazendo agora foi aquele momento em que governo forçosamente tentou baixar a taxa de juros. A percepção que se começa a ter é de que ao contrariar uma solução técnica cria-se um problema a mais no futuro, como o agravamento da recessão”.

João Ricardo Costa Filho, professor da Faculdade de Economia da FAAP, em entrevista ao G1
“Ninguém sabe se aumentar a taxa de juros de fato faria a expectativa de inflação convergir para a meta. Mas o Copom pode ter acertado errando, com essa bagunça que foi a comunicação, desde o relatório de inflaçãopassando pela carta para o [ministro da Fazenda] Nelson Barbosa. Toda a comunicação foi de aumento. Então o Tombini divulga comentário sobre o FMI dizendo: ‘esquece tudo que eu disse, a direção mudou.’ Isso joga contra. Talvez a decisão até seja correta, talvez a política monetária não consiga mais conter inflação. Mas a maneira como eles chegaram da manutenção foi um desastre, falando sobre a comunicação."

"A inflação esse ano dificilmente vai chegar no intervalo de tolerância, mas a grande vilã na verdade é a política fiscal, os gastos do governo que não param de subir, os preços administrados. A política monetária está com pouca potência. Mas o efeito nas expectativas é que pode ser o principal canal. E o BC ter mudado em cima da hora pode fazer com a expectativa desancore um pouco e a inflação ganhe um pouco mais corpo – e estamos falando de uma inflação que já está alta.
 
Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital, em entrevista ao G1
“Acredito que o Banco Central tem de fato que focar no controle da inflação. Vimos que a estratégia de aumentar os juros foi ineficiente no momento da alta dos preços administrados, como energia, água e combustível, mas também o governo e o BC precisam fazer algo para estimular a economia."

"Acredito que a inflação pode começar a ceder no segundo trimestre desse ano por conta da manutenção dos preços administrados sem alterar a taxa de juros. Acho que ela deve se manter por um período um pouco mais longo. Por outro lado, o mercado pode interpretar que o BC não tem autonomia com essa decisão, o que não é nada bom”.

 

Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria, em entrevista à Reuters
"Diante das sinalizações do Banco Central não foi uma boa decisão. Aparentemente tem a digital do Planalto, isso já aconteceu outras vezes no gestão Dilma 1 e volta a ocorrer."

"É uma decisão ruim e que afeta bastante a credibilidade do Banco Central. Quem está decidindo? O mercado e os analistas estão se questionando. É a presidenta que toma decisão ou a diretoria colegiada?”

osé Francisco De Lima, Economista-Chefe, Banco Fator, em entrevista à Reuters
"Acho que houve uma inflexão ontem, então veio no que eu esperava. De ontem para hoje eu baixei (a expectativa de alta) de 50 pontos básicos para zero, porque entendi que eles não enxergavam 50 como adequado por conta da preocupação com a atividade doméstica e externa.

Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, em nota
"Milhões de trabalhadores desempregados e a maioria das empresas com ociosidade de mais de 50%, demonstram que a política econômica praticada pelo governo Dilma Rousseff está levando nosso país para o buraco."

"O desemprego, que está em 9%, pode chegar a 15% neste ano. Já a manutenção da taxa Selic, em 14,25%, anunciada pelo Copom continua abusiva, e não baixou a inflação como pretendia o governo. O resultado dos juros altos é desastroso na vida de todos. Quem está empregado enfrenta a alta do custo de vida. O salário acaba e o mês continua. Quem está desempregado pena distribuindo o dobro de currículos e demora quase dois anos para arrumar outro emprego, e com certeza com um salário menor. É um preço alto demais para quem não fabricou a crise."

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em nota
"A manutenção da Selic foi acertada. O desemprego e a recessão já derrubaram a confiança e o consumo das famílias, e isso deverá levar ao recuo da inflação. [As elevações da Selic praticadas anteriormente] foram suficientes para reverter a escalada inflacionária e para produzir resultados em 2016 e em 2017. O fim dos grandes reajustes de tarifas públicas e do câmbio também corroboram nesta direção."

José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da  Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados, em nota
"A decisão sinaliza que o Banco Central começa a entrar em compasso com a economia real. Como empresários, mesmo sem formação específica em Economia, há meses temos destacado que os aspectos negativos da Selic em patamares elevados superam em muito quaisquer benefícios, servindo apenas para estrangular ainda mais a atividade econômica, dificultar a captação de dinheiro pelas empresas e aumentar a dívida pública. Lembremos que a inflação atual se deve basicamente à alta dos preços administrados e ao câmbio, não ao consumo.

A única justificativa para novo aumento seria a sinalização de austeridade por parte do Banco Central para ganhar a confiança dos mercados – gesto inócuo, quando falta disposição do governo de cortar seus gastos e enxugar a máquina pública. Acreditamos que a equipe do BC tomou a decisão correta, tendo em vista o agravamento do cenário recessivo."

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, em nota
"Manter a taxa básica de juros só serve para manter a economia em recessão, com impactos negativos na geração de empregos, o movimento sindical está cansado de repetir isso. Aprofunda a crise brasileira, aumenta a dívida pública e drena recursos da sociedade para o rentismo, ou seja, para os banqueiros."

"Sendo a Selic apenas uma referência ao mercado financeiro, as taxas de fato aplicadas nos bancos são muito maiores afetando investimentos e consumo. As taxas de juros do cartão de crédito, por exemplo, já ultrapassam os 400% ao ano, em média. Há bancos cobrando mais de 700%, segundo o próprio Banco Central tem divulgado em seu site. Para um país crescer é necessário que se elevem os investimentos, seja por parte das empresas ou pelo governo. Sendo assim, é contraditória a ação do Banco Central em manter a taxa de juros básica da economia."

G1

Alexandre Tombini, Banco Central do Brasil, Economia, Brasil, Branco, Política

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