ANEL VIÁRIO DE APARECIDA DO TABOADO – uma novela sem fim
Ações Públicas - Obras
Por Auci Fernandes
Quando o presidente Lula assumiu o seu primeiro mandato em 2002, já havia uma licitação feita e aprovada para o início das obras do anel viário de Aparecida do Taboado. Na época, cheguei a fazer uma reportagem com o início da marcação do trajeto da obra, até porque uma empresa do Paraná havia deslocado maquinários para o local. Mas, orçada naquele tempo em algo em torno de R$ 14 milhões, a licitação foi cancelada – a suspeita era que havia indícios de superfaturamento da obra. A empresa foi embora, levando os maquinários.
Vale lembrar que, em seu Governo, Fernando Henrique Cardoso construiu em Aparecida do Taboado uma ponte Rodoferroviária sobre o Rio Paraná ao custo de R$ 1 bilhão. Ante tamanho gasto, o anel viário consumiria quantia quase simbólica, e sua construção era fundamental, devido ao elevado número de caminhões e carretas que passariam e passaram a trafegar pelas avenidas João Pedro Pedrossian e Presidente Vargas. Esse tráfego de veículos pesados, diga se de passagem, ceifou a vida de muitos aparecidenses... Mas entra ano e sai ano e a situação continua a mesma. Até quando?
Obra tornou-se plataforma de campanhas eleitorais
O anel viário de Aparecida do Taboado foi projetado com 14.392 metros de extensão. Ele faz a ligação da ponte com a BR-158 e consequentemente com a MS-444 e a MS 316, sendo que ambas dão acesso a Inocência e depois, para a capital do Estado Campo Grande. A construção desse anel viário tornou-se ao longo do tempo plataforma de campanha eleitoral de vários políticos, principalmente do senador Delcídio do Amaral (PT) pego pela Operação Lava Jato e que ainda se encontra preso. Em uma visita que fez ao município no dia 20 de agosto de 2009, em entrevista ao Jornal Folha Integração, Delcídio afirmou que o término do Anel Viário “era fatura liquidada” ainda naquele ano, que o ministro dos Transportes da época, Alfredo Nascimento teria liberado R$ 5 mi para o término e que mais 9 seria liberados gradativamente.
Se no princípio a obra estava orçada em R$ 14 mi e presume-se que essa quantia já havia sido “gasta”, com a liberação demais R$ 14 mi chegava-se ao custo de R$ 28 milhões. Mas quanto à obra pronta, para desafogar o tráfego de caminhões dentro do perímetro urbano, como se diz por aqui “necas de petibiriba”. Por mais algumas vezes ao longo dos anos, o senador Delcídio do Amaral anunciou a conclusão da obra e a liberação de mais dinheiro, na cifra sempre de milhões (anel viário custa caro).
Outra vez a obra empacava por conta de uma desapropriação. A Justiça, porém, depois de muita delonga, liberou o processo de desapropriação de duas áreas por onde passaria o anel viário de Aparecida do Taboado; com isso, foi possível a retomada da obra, que estava paralisada desde fevereiro daquele ano.
Isso faz tempo e os políticos comemoraram com grande alarde, na imprensa um afirmou “é uma grande vitória para a população de Aparecida do Taboado e da região da divisa entre Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. O anel viário vai desviar o tráfego pesado que passa pelo centro da cidade e, com isso, dará mais segurança ao trânsito local, reduzindo transtornos como o barulho, a poluição e, principalmente, os riscos de acidente.
Um poço sem fundo para consumir recursos
A obra novelesca do Anel Viário ganhou eventualmente projeção nacional. O senador Delcídio do Amaral disse que com sua construção seria “facilitado o acesso a Selvíria e complementando o terminal rodoferroviário e aquaviário de Aparecida do Taboado (?)”. Em uma entrevista também passou a chamá-lo de “contorno” que viabilizaria a utilização do terminal intermodal do município e representaria significativa economia para o escoamento da produção local. E arrematou, em visita à região: “Esse foi um compromisso que assumi com o ex-prefeito Djalma Furquim, o atual prefeito André Ferreira e toda a população de Aparecida do Taboado. A obra ficou parada por aproximadamente 8 anos. No ano passado, empenhamos R$ 5 milhões do Ministério dos Transportes e há 60 dias ela foi retomada. O esforço agora é viabilizar mais R$ 10 milhões para concluir o serviço até dezembro deste ano”. A afirmação parece ter sido proferida no princípio da Administração do prefeito Robinho Samara, que a exemplo dos ex-prefeito Vilson Melo, Djalma Furquim e André Alves também lutaram pelo Anel Viário.
Iniciada há mais de 13 anos, a novela prossegue. Neste início de 2016, depois de muitos anos o pavimento foi concluído, mas pasmem, sem que pudesse ser inaugurado ou utilizado! O Anel Viário precisou de tapa-buracos e recapeamento, para o que foram liberados mais milhões para os serviços. Agora, por último, consta que ainda não foi liberado por conta da construção de um novo trevo na junção da BR-158 com o trecho final do anel (o que deve consumir mais uns R$ 10 milhões).
Mas, neste momento, o Governo Federal está em crise e o senador “Pai do Anel” encontra-se preso. Ainda que sejam liberados mais milhões e milhões, parece impossível vislumbrar o término dessa obra quase mitológica.
Se o leitor perguntar quantos milhões já foram investidos no tal anel viário, acho difícil que alguém saiba responder. Eu mesmo, apesar de ter pesquisado muito para descobrir esses números, não saberia informar. Só sabemos de uma coisa: diante do que vem ocorrendo no Brasil, as cifras consumidas já pouco importam. O que interessa mesmo é o término da obra. E não precisa vir ninguém aqui inaugurar, a população não precisa de palanque repleta de políticos querendo aparecer na foto. Basta liberarem o trecho para o tráfego, porque a obra, com certeza superfaturada muitas vezes, foi realizada com dinheiro de impostos pagos pelo povo. A cidade o povo não aquentam mais esperar.
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