Segunda-Feira 17/06/2024 13:41

2010, o ano que não acabou para a economia mundial

Brasil - Economia - Ano Civil

Como o chamado ano civil é apenas uma referência temporal criada artificialmente pelo homem, muitas vezes passamos de um ano ao outro sem que haja uma descontinuidade real em acontecimentos importantes que dominam a vida de todos nós.

O jornalista Zuenir Ventura escreveu um livro, no já longínquo ano de 1968, - que marcou muito a minha geração - no qual explora essa ideia de não descontinuidade.

Para mim, é o que acontece agora na economia mundial. A mera passagem de 2012 para 2013 não mudou em nada o processo de normalização que vem ocorrendo já há algum tempo.

Radicalizando o conceito usado por Zuenir Ventura em seu livro, cheguei ao título desta coluna de hoje. Tomando a dinâmica das principais economias do mundo como referência temporal, esta imagem é totalmente válida.

Foi em 2010 que os governos das economias mais importantes saíram de um estado catatônico e passaram a agir para evitar o pior. Um pouco mais tarde, foram os bancos centrais que deixaram de lado verdadeiros tabus ideológicos e começaram a modificar sua ação com o objetivo de aumentar o poder de fogo das políticas fiscais - heterodoxas e expansionistas - que estavam sendo executadas pelos governos.

A partir de 2011 essa conjugação de ações acabou por criar um processo de normalização em várias economias importantes do mundo.

A liderança clara desse processo veio do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e de seu corajoso presidente. Posteriormente, ao longo dos anos seguintes, vários outros bancos centrais foram deixando de lado conceitos ortodoxos sobre sua função e se juntaram ao Fed.

O último deles foi o Banco Central Europeu (BCE), já na parte final de 2012, com seu agressivo programa de compra de bônus soberanos dos países mais frágeis da zona do euro.

Foi essa verdadeira bazooka - para usar uma expressão a gosto do mercado financeiro - que reverteu de forma muito forte os riscos de ruptura na Europa e devolveu ao euro seu status anterior de moeda forte e confiável.

Embora a crise deva terminar mais adiante, a importância destes anos para o estudo e entendimento das coisas da economia vai continuar por muitas décadas.

Ainda que hoje os debates sobre essas lições estejam restritos a espaços menores na mídia mundial, não tenho dúvida que ao longo dos próximos anos eles ocuparão o centro das reflexões na academia e na imprensa. Um dos itens mais importantes desta agenda será a forma como os bancos centrais deverão conduzir a política monetária em seus espaços nacionais. Trago hoje ao leitor uma primeira reflexão interessante nesse sentido.

Em uma das últimas edições do “Financial Times", a colunista Gillian Tett publica uma coluna - que ela denominou independência do Banco Central do governo pode não ser sempre uma boa coisa - com algumas ideias desenvolvidas por um ex-funcionário qualificado do Banco da Reserva Federal de Nova York em parceria com um ex alto executivo da maior administradora de investimentos (Pimco).

A ideia central dessas reflexões é a de que, da mesma forma que a crise financeira está obrigando a uma revisão profunda sobre as regras que governam os mercados financeiros, com a crise da economia teremos que repensar a forma de agir dos Bancos Centrais, principalmente em relação à sua independência operacional.

Não se trata de questionar os objetivos de controle da inflação, mas sim de modular suas ações tendo em vista a política fiscal dos governos e, principalmente, ao ciclo de crédito que prevalece na economia a cada momento.

Para tanto criam um gráfico, dividido em quatro quadrantes, fazendo variar a política fiscal e a forma como o setor privado se coloca em relação à expansão de seu endividamento. Em cada um deles a ação do Banco Central deve seguir objetivos diferentes.

Por exemplo, quando a política fiscal é expansionista e o setor privado está em fase de aumento de seu endividamento, os BCs tem que seguir obrigatoriamente uma política de contração de crédito.

Aqui a independência em relação aos governos centrais deve ser exercida na sua plenitude. No caso oposto, quando a política fiscal é contracionista e o setor privado está reduzindo sua alavancagem financeira - como foi o caso entre 2011 e 2012 nos Estados Unidos - a autoridade monetária precisa agir no sentido de expandir a liquidez e o crédito ao setor privado.

Mais ainda, nas situações extremas, como viveu a Europa na primeira metade do ano passado, é obrigação dos BCs chegar a situações limite como as políticas de compra de ativos financeiros para evitar um colapso dos mercados de crédito e títulos.

Nestes casos, a independência operacional dos Bancos Centrais deve ficar de lado, e as várias políticas devem ser sincronizadas com outras autoridades.

Nas situações intermediárias, a política monetária a ser seguida pela autoridade monetária deve ser construída a partir de avaliações ad hoc de seus dirigentes e técnicos.

Mas, segundo o autor destas reflexões, uma coisa é certa: um novo modelo de ação na política monetária deve surgir nos próximos anos, e a independência sem qualificações não fará parte dele.

Por mais que estas observações possam chocar os monetaristas mais radicais elas certamente vão se incorporar aos manuais de operação dos Bancos Centrais pelo mundo a fora.

Luis Nassif/JE

ano civil, referência temporal, descontinuidade real, acontecimentos importantes

Compartilhar faz bem!

Eventos

  • 1º Encontro dos Amigos da Empaer

    1º Encontro dos Amigos da Empaer

    Cidade:Dourados
    Data:29/07/2017
    Local:Restaurante / Espaço Guarujá

  • Caravana da Saúde em Dourados II

    Caravana da Saúde em Dourados II

    Cidade:Dourados
    Data:16/04/2016
    Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão

Veja Mais Eventos

Balcão de Oportunidades / Empregos(Utilidade Pública)

Não é cadastrado ainda? Clique aqui

Veja todas as ofertas de vagas

Cotações

Moeda Taxa R$
Dólar 5,288
Euro 5,754
Franco suíço 5,940
Yuan 0,730
Iene 0,034
Peso arg. 0,006

Atualizado

Universitários

Serviço Gratuito Classificados - Anúnicios para Universitários
Newsletter
Receba nossa Newsletter

Classificados

Gostaria de anunciar conosco? Clique aqui e cadastre-se gratuitamente.

  • Anúncios

Direitos do Cidadão

Escritório Baraúna-Mangeon Faça sua pergunta
  • Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatá...Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatária aqui em Cuiabá, levou muita grana nossa, e uma eco esporte. Ela se chama LEUNIR..., como faço pra denunciar ela aí nos jornais?Resp.
  • Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um...Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um eo outro parcial ja faz um bom tempo que nao trabalha e estava recebendo auxilio doença mas foi cancelada e ja passou por duas pericias e nao consegui mais , sera que tem como ela aposentar?Resp.
  • quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje out...quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje outbro de 2013Resp.
  • meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 ...meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 a zero caso ele tenha alguma condenacao esse 2 anos e meio pode ser descontadoResp.
  • gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilota...gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilotar maqunas agricolas?? se tiver como fasso pra me escreverResp.
+ Perguntas

Espaço do Leitor

Envie sua mensagem:
Sugestões, críticas, opinião.
  • iraci cesario da rocha rocha

    Procuro minha irmã Creusa Maria Cesario ela era de Dracena SP , minha mãe esta idosa 79 anos precisa ver ela se alguem souber nos avisa ..contato 018 996944659 falar com Iraci ..minha irmã foi vista nessa região

  • iraci cesario da rocha rocha

    Boa noite , estou a procura da minha irmã Creusa Maria Cesario desapareceu ha 30 anos , preciso encontrar porque minha mãe esta com 79 anos e quer ver , ela foi vista ai por essa região , quem souber nos avise moramos aqui em Dracena SP

  • maria de lourdes medeiros bruno

    Parabéns, pelo espaço criado. Muito bem trabalhado e notícias expostas com clareza exatidão. Moro na Cidade de Aquidauana e gostaria de enviar artigos. Maria de Lourdes Medeiros Bruno

  • cleidiane nogueira soares

    Procuro por Margarida Batista Barbosa e seu filho Vittorio Hugo Barbosa Câmara.moravam em Coração de Jesus MG nos anos 90 .fomos muito amigos e minha família toda procura por notícias suas.sabemos que voltaram para Aparecida do Taboado MS sua cidade natal

  • Simone Cristina Custódio Garcia

    Procuro meu pai Demerval Abolis, Por favor, me ajudem.Meu telefone (19) 32672152 a cobrar, Campinas SP.

+ Mensagens