Viver bem ou viver mais? Economista critica a racionalidade
Mundo - Comportamento - Irracional ou Racional...?
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Pense nas pessoas que você conhece: provavelmente não será difícil pensar em exemplos de hábitos e comportamentos ineficientes, autodestrutivos ou simplesmente burros.
No entanto, a teoria econômica clássica é baseada na ideia de que os atores no mercado estão constantemente medindo custos e benefícios para obter sempre o maior nível possível de felicidade ("utilidade", no jargão econômico).
Claro, os economistas sabem que as pessoas não são perfeitas, e o próprio campo soube explorar seus limites. A economia comportamental, por exemplo, estuda como fatores emocionais, sociais e neurológicos afetam as decisões e os mercados.
Em 2002, o Prêmio Nobel de Economia foi para Daniel Kahneman, um psicólogo, junto com o economista Vernon L. Smith. Robert Shiller, vencedor em 2013, é famoso por "Exuberância Irracional", um livro sobre o tipo de euforia que causa bolhas no mercado financeiro.
Ainda assim, o básico da teoria clássica resiste com a ideia de que pode tomar algum tempo, mas a irracionalidade é sempre eventualmente varrida pela própria dinâmica do mercado.
Elyès Jouini, vice-presidente da Universidade Paris-Dauphine, discorda. Em um trabalho com Clotilde Napp publicado recentemente pelo Journal of Economic Theory, ele cria um modelo econômico que leva em conta a persistência da irracionalidade.
A ideia básica: ser irracional pode ser muito divertido e prazeroso, e nem todos os atores prezam em primeiro lugar pela própria sobrevivência a longo prazo.
Nascido na Tunísia, o professor de 50 anos chegou a ser ministro do país no segundo governo de transição pós-revolução, em 2011. Por e-mail, ele explicou para EXAME.com o que está tentando mostrar:
EXAME.com - O campo econômico abraça a ideia do agente racional, mas uma pessoa comum desconfiaria. Como explicar e superar essa divisão?
Elyès Jouini - De fato, quase todos os modelos desenvolvidos nos últimos 50 anos estão baseados nesta suposição. Todos os agentes seriam racionais na medida em que tem expectativas corretas sobre o futuro e são capaz de atualizar suas expectativas de forma eficiente toda vez que recebem novas informações.
Por outro lado, a literatura psicológica e mais recentemente, a economia comportamental mostraram que indivíduos tipicamente não são racionais e exibem uma série de inclinações bem documentadas (excesso de confiança, otimismo contra o pessimismo, etc).
Aqueles que defendem o modelo então dizem que os indivíduos até podem não ser racionais, mas tudo funciona como se fossem por 3 razões:
A primeira é que os agentes irracionais são eliminados pelo mercado - porque agem de forma errada e então perdem todo sem dinheiro e poder de mercado. Então o modelo funciona no longo prazo.
A segunda é que os irracionais deveriam ver que os racionais tem mais sucesso, imitá-los e se tornarem também racionais. A terceira é que mesmo com agentes irracionais no nível individual, eles são racionais na média.
EXAME.com - Mas se o modelo diz que os atores irracionais tendem a ser eliminados pelo tempo, porque isso não acontece?
Jouini - Mas isso acontece, pelo menos quando a diferença é apenas de crenças. No entanto, alguns autores mostraram que pode levar mais de 100 anos, o que significa que o processo de eliminação não é efetivo na nossa escala de tempo.
No nosso trabalho, mostramos que ser eliminado não significa ter menos sucesso. Atores irracionais podem ter um nível mais alto de bem-estar ao longo da vida, mesmo se essa vida for mais curta devido à sua eliminação.
Isso cancela o segundo argumento lá em cima: se os agentes irracionais são mais felizes que os racionais, não há razão para o primeiro imitar o segundo.
EXAME.com - O seu trabalho diz que "há situação quando os agentes irracionais podem continuar irracionais de forma racional". Pode dar algum exemplo?
Jouini - Isso acontece quando os agentes irracionais estão em número suficiente para ter um impacto em preços de mercado e quando este impacto é vantajoso para eles. Então eles não terão razão para imitar agentes racionais. Ao fazer isso, eles são de certa forma racionais pois esta é a atitude que dá a eles maior felicidade.
EXAME.com - Por que o trabalho se chama "Viva rápido, morra jovem"? Ele pode dizer algo sobre as mortes trágicas e prematuras por comportamentos autodestrutivos?
Jouini - O título é uma metáfora: não estamos falando de morte real e sim da eliminação do mercado. Mas ela dá algumas pistas sobre a questão que você citou. Estamos apenas dizendo que a duração da vida não é um valor em si; o que importa é a felicidade que você obtém dela.
Vidas mais curtas podem ser mais recompensadoras do que vidas mais longas. É meio óbvio, mas muitos economistas esquecem este simples fato. De forma similar, argumentam que agentes irracionais deveriam aprender e convergir para a racionalidade, mas aprender a verdade não é necessariamente um objetivo em si. É um valor só se levar a mais bem-estar, e esse não é sempre o caso.
EXAME.com - Mas as políticas públicas parecem conduzidas pela ideia de que felicidade é viver mais tempo e da forma mais saudável possível. Sua pesquisa desafia esta noção?
Jouini - Deveríamos reformular esta frase como "viver de forma saudável o quanto for possível". A duração isoladamente não é um objetivo. Economistas da saúde e médicos sabem muito bem disso e pensam em termos de anos ajustados à qualidade de vida e não ao calendário.
João Pedro Caleiro/EXAME/JE
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