Charles Gavin lança coleção de livros com entrevistas do programa ‘O som do vinil’
Brasil - Entretenimento - Mundo da Música
Foto: O Globo
Sábado era dia de ouvir disco, Charles Gavin lembra. Adolescente, ele ia com os amigos de manhã ao Centro de São Paulo, cada um comprava o que podia com o dinheiro que tinha, e depois eles iam ouvir juntos a tarde inteira ("Às vezes nem saíamos à noite, íamos direto na audição").
Compartilhar a experiência dos álbuns - como nas tardes em frente àquelas vitrolas com seus amigos - é o que ele vem fazendo nos últimos anos, como produtor de reedições de discos clássicos, apresentador de "O som do vinil" (Canal Brasil) e, agora, com a coleção de livros que traz a íntegra de entrevistas do programa.
O lançamento dos quatro primeiros volumes de "O som do vinil" (Imã Editorial/Tecnopop/Oi) - "Nervos de aço", de Paulinho da Viola; "Quem é quem", de João Donato; "Academia de danças", de Egberto Gismonti; e "Clube da Esquina", de Milton Nascimento e Lô Borges) - é nesta quinta-feira, no Oi Futuro Ipanema.
- Começou a me angustiar muito ter tanta conversa boa que não cabe no programa, que tem 25 minutos - conta Gavin, que está no ar desde 2007 com "O som do vinil". - Essa ideia de compartilhar é a minha natureza, o vinil traz isso.
A sugestão da coleção foi dada pelo jornalista Geneton Moraes Neto. Gavin disse a ele que pensava em pôr no site do programa (osomdovinil.org) a transcrição na íntegra das entrevistas referentes a mais de 70 discos - elas já estão no ar, dentro do mesmo projeto de disponibilizar o acervo de "O som do Brasil".
- Ele disse: "Ok, mas você tem que publicar isso em livro. Porque a internet muda, anda, não sabemos como será. O livro fica"- lembra Gavin. - Esse argumento pra mim foi definitivo, porque acredito nessas mídias físicas, elas me dão prazer. A primeira fase da coleção tem 16 livros, alguns já estão previstos, como "Acabou chorare", dos Novos Baianos. Mas não vamos parar por aí.
Os quatro primeiros livros se referem a discos que têm alguns pontos de cruzamento. São álbuns formalmente ousados em diversos aspectos, produzidos na mesma época (entre 1972 e 1974), dentro de uma mesma gravadora:
- Tem um retrato bem interessante da EMI-Odeon. Cada gravadora tinha seu estúdio, o seu som. E era uma época em que acontecia ali o mesmo que rolava na Polygram (hoje Universal). Os artistas extremamente populares bancavam os projetos não tão comerciais da gravadora, como esses quatro. É como uma floresta, um ecossistema equilibrado, que tem as árvores mais fortes e mais densas, que aguentam a chuva, garantindo a diversidade das que estão em baixo. Hoje esse equilíbrio não existe mais. Todos ali fizeram seus discos como queriam, dentro de uma multinacional. Esse era o grande barato da indústria fonográfica do século XX.
Os livros reúnem histórias saborosas sobre os bastidores da feitura dos discos. Há vários exemplos: Milton lembra quando Lô, que conhecera criança, pediu uma caipirinha e ele percebeu que seu amigo não era mais um menino - naquele mesmo dia, inauguraram uma parceria com "Clube da Esquina".
Gismonti fala das confusões causadas pelo título de seu "Academia de danças" ("A que horas chegam os bailarinos?", perguntaram certa vez quando eles chegaram para um show). Donato conta que fez "A rã" para Stan Getz, que parecia "um sapo vermelho" quando bebia. Paulinho recorda que compôs a triste "Choro negro" sob o banzo de uma temporada numa Alemanha fria.
Outros assuntos correm paralelos ali: a complexa relação de Paulinho da Viola com a tradição do samba; a compreensão da música como filosofia e como mercado por Gismonti; ou a lógica torta de divulgação da indústria, burlada com Donato literalmente lançando (arremessando ao ar) os vinis de "Quem é quem".
- Sempre digo quando o convidado chega no programa que o disco é mera desculpa para batermos papo - brinca Gavin. - Pergunto sobre aspectos técnicos, mas abrimos para a carreira, questões pessoais, História do Brasil...
Serviço
Coleção "O som do vinil"
Autor: Charles Gavin.
Editora: Imã Editorial.
preço: R$ 70 (R$ 20 cada unidade).
Lançamento: Nesta quinta-feira, às 20h, Oi Futuro Ipanema - Rua Visconde de Pirajá 54, Ipanema (3131-9333)
O Globo/JE
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