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Dados oficiais divulgados pelo Incra -  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária revelam que Mato Grosso do Sul possui 204 assentamentos, os quais abrigam uma população superior a 28 mil famílias. A maior parte deste público vive da agricultura familiar e enfrenta dificuldades para produzir e para escoar a produção.

Para mudar essa realidade, o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural investe na qualificação desses produtores, tal como aconteceu em Terenos, onde um grupo de assentados recebeu nesta sexta-feira (27) 290 certificações de cursos realizados pela instituição ao longo do ano passado. Apesar da atividade predominante ser a pecuária de leite, muitos produtores familiares também optaram por aprender técnicas de cultivo de hortaliças, frutas e operação de ferramentas utilizadas no trabalho diário. 

Ao mesmo tempo, o programa NCR – Negócio Certo Rural desenvolvido em parceria com o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa despertou os produtores para a necessidade de investir na melhoria da gestão das propriedades, além de incentivar o empreendedorismo. A assentada Maria Aparecida Nunes, 58 anos, conta que participou de oito cursos do Senar/MS, mas que o NCR realmente foi meu anjo da guarda. “Moro há 15 anos na região e sempre trabalhei com pecuária de leite. Depois de participar de alguns cursos conheci o pessoal (do NCR) e aprendi como planejar a produção e controlar os gastos. Esta orientação é muito importante para quem tem pouco estudo”, disse emocionada.

Morador do Assentamento Santa Mônica, o paraibano Severino Pereira, 58 anos, conta que chegou ao Estado há quase duas décadas e sempre morou na região de Terenos. Ele participou do evento para prestigiar o filho, José Alécio, que concluiu vários cursos no setor de pecuária. “Quando eu morava na Paraíba trabalhei com gado e lavoura, mas, aqui sempre foi com gado de leite. Hoje, meu filho assumiu a gestão da propriedade e moramos juntos, com minha nora e três netos. Estou muito satisfeito por ele receber estes certificados e percebo que ele está animado em utilizar as técnicas no manejo diário”, avaliou.

Uma das assentadas mais antigas é Lucilha de Almeida, 39 anos, que chegou ainda criança no município. “Meus pais moravam em Campo Grande e tinham um sonho de ter um pedaço de terra para morar e trabalhar no campo. Isso já faz 26 anos e este amor pela terra foi transferido para mim que assumi o lugar da minha mãe quando ela não pode mais trabalhar”, comenta nostálgica a produtora.

Determinada, Lucilha sempre procurou estudar e se aperfeiçoar nas atividades rurais e por isso encontrou no Senar/MS uma fonte de conhecimentos. Foi o que a levou a participar da diretoria da Cooplaf - Cooperativa Agrícola Mista da Pecuária Leiteira e de Corte e da Agricultura Familiar, localizada no Assentamento Campo Verde. Para a assentada, houve uma transformação nos produtores depois dos cursos. “Durante muito tempo sofremos aqui na região por não sabermos plantar ou cuidar de nossos ganhos. Com as capacitações do Senar/MS e o programa de Assistência Técnica Rural conseguimos criar uma cooperativa que hoje congrega 317 produtores e completa um ano de funcionamento em maio”, argumenta.

Reconhecimento – O presidente do Sistema Famasul – Federação de Agricultura e Pecuária de MS, Nilton Pickler, parabenizou os formandos e aprovou a iniciativa da cooperativa. “Eu vim da agricultura familiar e reconheço a luta de quem procura melhorar as condições de vida. Por isso, parabenizo todos vocês que participam dos cursos do Senar e se uniram para crescerem juntos”, alegou.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Terenos, João Borges dos Santos, o maior prêmio que o ser humano pode ter é o conhecimento. Por isso quero reforçar a parceria com a Famasul e o Senar. “Mais do que um diploma, hoje vocês estão recebendo um presente que levarão para toda a vida, que é o conhecimento. Nós, do sindicato, estaremos sempre atentos para ouvir as solicitações e encaminhar e enviar aos nossos parceiros”, pontuou.

O superintendente regional do Senar, Rogério Beretta, destacou que a instituição consegue transformar a vida dos alunos, por investir em capacitações e atender sem distinção todos os produtores. “Produtor rural só tem um, não há classificação de pequeno ou grande, todos são importantes para o Senar. Nosso objetivo é contribuir com a educação profissional das pessoas do meio rural e colaborar para que possam crescer cada vez mais”, concluiu.