Saiba como os “vovôs” da internet estão absorvendo a revolução tecnológica
Brasil - Tecnologia - Vida Digital
Aos 66 anos, a cabelereira Vilma Marçal não esperava que fosse dividir seus passatempos na internet entre os cuidados com os dois sobrinhos e a neta. As crianças Eduardo, Gustavo e Sabrina (10, 7 e 6 anos respectivamente) já nasceram dentro da revolução que a internet causou no Brasil – Vilma acompanhou a mudança e está “aprendendo a mexer” para cuidar das crianças na rede.
Entre as partidas de Tetris, o envio de presentes para ajudar os sobrinhos nos games sociais e as visitas a sites da Disney e da Barbie para entreter a neta, Vilma revela que a tecnologia serve também para matar as saudades da filha, que mora em outra cidade.
— Minha filha fez um perfil no Facebook para mim, assim a gente consegue se falar. Também gosto de ler biografias de pessoas, como o [filósofo] Sócrates. Entro no Google e pesquiso o nome desses pensadores antigos para aprender.
A participação das pessoas com mais de 30 anos na internet cresce em ritmo mais acelerado do que a dos mais jovens, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE. A amostragem comparou resultados de 2009 com dados de 2011 revelou que 41 milhões de internautas tinham menos de 30 anos (60,6%), enquanto pouco mais de 26,6 milhões tinham mais (39,4%).
“Medo da janelinha fechar”
A demanda dos internautas mais maduros criou inclusive páginas especializadas neste segmento, como o site Maisde50, por exemplo. De acordo com uma pesquisa da Datafolha, 45% dos idosos em São Paulo têm computador em casa. Mesmo assim, apenas 19% deles afirma usar os equipamentos com frequência.
Vilma conta que sua experiência no Facebook ainda está melhorando, mas que o empecilho de não saber como usar o computador foi uma barreira para sua vida digital:
— Achar, entrar foi uma dificuldade. Qualquer probleminha que acontecia eu não sabia como resolver, precisava achar alguém para ajudar. Tinha medo de abrir a janela de bate-papo e ela não sair da tela.
Renascimento na rede
O doutor em história da ciência e físico de formação, José Luiz Goldfarb foi dono da Livraria Belas Artes até 2003. O ex-livreiro conta que atendia e conversava com diversos clientes ao mesmo tempo no estabelecimento. Mal sabia que, anos mais tarde, sua versatilidade na comunicação seria colocada à prova no Twitter.
Ao contrário da maioria dos casos, Goldfarb não sofreu com a barreira tecnológica, mas achava que não teria tempo para postar nas redes sociais. Tudo mudou após algumas experiências no Twitter. Agora, ele pode ser considerado um tuiteiro fervoroso:
— A oportunidade de estar compartilhando vidas que têm interesses comuns. É toda uma temática que vai estar sempre me acompanhando, como uma nuvem.
Hoje, aos 55 anos, ex-livreiro divide seu tempo entre as aulas, diversos programas de incentivo à leitura e a curadoria do Prêmio Jabuti, dentre muitas outras atividades. Atualmente, a paixão pela rede social se transformou em profissão. Além de ministrar palestras e workshops sobre redes sociais, a empresa de Goldfarb administra a imagem de empresas e instituições na rede.
O “livreiro do Twitter” comenta que não acha que as redes sociais sejam capazes de afastar as pessoas. De acordo com Goldfarb, ainda precisamos criar novas regras e convenções para equilibrar a interface entre o virtual e o presencial.
— Essas questões de equilibro e dosagem são características de tudo. Tudo tem problemáticas, é preciso equilibrar essa novidade. [A rede] é outra dimensão de ser, de estar nos lugares, é outro barato. Por exemplo, o futebol com o Twitter é muito gostoso, porque tem um monte de gente assistindo junto com você e interagindo.
Cartas x e-mails
Depois de quase 40 anos de jornalismo, Apóllo Natali resolveu conseguir seu diploma na área. A faculdade fez com que o jornalista veterano fosse obrigado a usar e-mails, escrever para a internet e navegar pela rede.
— Não sei se é assim como todo mundo, mas eu estava cansado da vida, enjoado, para aprender o que para mim era uma parafernália maluca. Para mim, era. Hoje eu utilizo [a internet] para escrever minhas matérias para um blog.
Apesar de assumir a utilidade do computador, Natali ainda prefere enviar cartas ao invés de e-mails. Aos 71 anos, Natali frequenta uma lan-house a cada dois dias para entrar em contato com os amigos por e-mails e alimentar sua coluna no blog “Quem tem medo da democracia?”.
— Eu nem quero viver a vida em frente de um computador. Não quero ser um ser virtual. Sou de geração antiga, peguei o bonde andando da tecnologia.
noticias.r7.com/KF
Galeria de Imagens / Fotos / Turismo
Eventos
-
1º Encontro dos Amigos da Empaer
Cidade:Dourados
Data:29/07/2017
Local:Restaurante / Espaço Guarujá -
Caravana da Saúde em Dourados II
Cidade:Dourados
Data:16/04/2016
Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão