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Foi inaugurado recentemente um novo espaço para a prática de ensino no Estabelecimento Penal de Amambai, uma das 46 unidades prisionais da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). 

Revitalizado, o Setor Educacional do presídio agora conta com duas salas de aulas amplas e arejadas, sala dos professores, arquivo, banheiros para internos e funcionários, entre outros. 

Além de mais digno e adequado, o novo espaço também garantirá o acesso de mais internos ao ensino, já que a capacidade de alunos em sala de aula saltou de 30 para 80, um aumento de 166%.
“Com essa ampliação, estaremos oferecendo aqui já no ano que vem o Ensino Fundamental completo, e em 2016, o Ensino Médio”, garante a diretora da Escola Estadual Polo Professora Regina Annfe Nunes Betini, Regina Lúcia Salles, informando que até este ano os internos do presídio só podiam cursar as séries iniciais. 

Outro fator importante, aponta a responsável pelo Setor no presídio, psicóloga Veronica Fulana, é que também será possível a realização de cursos profissionalizantes. “Iremos nos cadastrar para que os nossos internos participem das capacitações do Ponatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego]”, comenta. 

Para o diretor da unidade prisional, Alexandre Ferreira de Souza, a estruturação da escola é um sonho realizado, já que enxerga a educação como um alicerce da ressocialização. “Não admito que um interno entre aqui analfabeto e saia do mesmo jeito. Se não conseguiu estudar lá fora, aqui vai ser diferente”, enfatiza, fazendo referência ao incentivo que é dado aos reeducandos a buscarem uma nova vida por meio da escola. 

O dirigente destaca ainda que a concretização desse projeto só foi possível por que não foi um sonho sonhado sozinho. “A Agepen abraçou essa ideia e investiu na obra. Tivemos ajuda também do Judiciário, do Conselho da Comunidade e da prefeitura”, ressalta.

Conforme o diretor presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, as melhorias promovidas no presídio são reflexos dos avanços conquistados no campo educacional pelo Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul. Segundo ele, atualmente são 27 extensões escolares em presídios do Estado e mais de 1200 reeducandos estudando. 

Oliveira afirma que a educação hoje é uma das principais bandeiras da Agepen no tratamento penal dos internos. “Elevando nível de escolaridade dos nossos custodiados, conseguimos proporcionar a eles também melhores cursos profissionalizantes e reinseri-los no mercado de trabalho, ou seja, a educação é a base desse processo de ressocialização”, enfatiza. 

Esse comprometimento da agência penitenciária com o ensino é garantido também por quem está no dia a dia da sala de aula levando conhecimento aos privados de liberdade. 

Lecionando atualmente a detentos que cursam as séries iniciais no presídio, a professora Sheila Sarmento Alves afirma ser testemunha do processo de evolução que a educação prisional vem conquistando no local. Ela conta que atua no ensino de reeducandos de Amambai desde quando o local era administrado pela Polícia Civil, em 2002. “Na época eu trabalhava como voluntária e dava aula em um cubículo, eu nem conseguia me movimentar para ensinar”, conta. “Depois que a unidade virou presídio e implantaram a escola, eu fui contratada, e o espaço foi melhorando”, completa. 

Agora com os novos espaços, a professora acredita que será possível oferecer um ensino ainda de melhor qualidade. “Com essa estrutura poderemos desenvolver mais projetos, dinâmicas, o aluno com certeza estará mais estimulado”, comenta, com um sorriso no rosto.