Sábado 11/10/2025 17:14

Medellín se repagina e aposta na atração de mais investimentos

Mundo - Desenvolvimento - Repaginação da Cidade

Foto: Wikimedia Commons

Nas largas avenidas que abrigam prédios modernos e imponentes, o verde predomina. Parques, árvores e flores das mais variadas espécies dão um colorido especial ao dia a dia dos moradores. No entanto, das favelas de onde se vê parte da cidade situada aos pés da Cordilheira dos Andes, ao processo rigoroso de segurança para entrar em qualquer prédio público, as lembranças de um passado turbulento ainda sobrevivem. Esse cenário traduz o momento vivido por Medellín, na Colômbia. 

Em meio aos resquícios da época em que era conhecida como a cidade mais violenta do mundo, as sementes de uma transformação baseada em políticas de inclusão social, desenvolvimento urbano, inovação e atração de investimentos começam a render bons frutos à segunda maior cidade colombiana. 

“As conquistas de Medellín estão intimamente ligadas aos seus desafios. Nós avançamos muito no combate à violência e à desigualdade, mas esse projeto não está acabado. Ainda existe pobreza, insegurança e desemprego”, diz Aníbal Gaviria, prefeito de Medellín.

O percurso que levou Medellín a ser eleita — entre tantos outros títulos globais — como a cidade mais inovadora do mundo, em premiação realizada em 2012 pelo Citibank e o “The Wall Street Journal”, é pontuado por ações como as “escaleras eléctricas”, escadas rolantes instaladas no bairro Las Independencias, na Comuna 13, um dos principais símbolos do tempo em que a cidade era dominada pelos cartéis do narcotráfico.

Mais que a substituição das estreitas escadas de concreto e a melhoria do acesso aos mais de 12 mil habitantes do local, o projeto inclui oficinas de arte e atividades esportivas e educacionais para as crianças da comunidade.

A percepção do quanto a iniciativa representa em termos de inclusão desses moradores como cidadãos aos olhares do poder público está exposta nas pinturas coloridas e vivas que ilustram as paredes da favela.

Outro exemplo de Medellín no campo da mobilidade urbana é o Metro Cable, sistema gratuito de bondinhos que interliga os estratos 1, 2 e 3 – as comunidades de baixa renda da cidade – às estações de metrô. Todos os dias, cerca de 25 mil usuários utilizam o transporte, que reduziu o tempo de deslocamento para a região central de duas horas para trinta minutos, em média. As estações abrigam ainda recursos como centros de informática.

“Esses projetos e outras iniciativas de desenvolvimento urbano têm uma característica em comum. À primeira vista, ele é muito simples. Não inventamos esses equipamentos. A inovação foi convertê-los em um sistema de transporte urbano, massivo e conectado ao metrô da cidade”, diz Gaviria. 

As duas iniciativas também ressaltam de outro componente importante: a participação dos moradores na elaboração de projetos específicos para suas regiões e também na definição de parte do orçamento da cidade.

Batizada de Pacto Cívico, essa abordagem começou a ser implantada na gestão de Sergio Fajardo, que governou Medellín de 2004 a 2007. Como resultado dessa e de outras políticas, Medellín ganhou nos últimos anos uma série de novas instalações, como museus, parques, projetos educacionais e bibliotecas, muitas delas em regiões menos favorecidas.

Os reflexos desses esforços podem ser medidos por uma pesquisa divulgada na última semana pelo movimento “Medellín Cómo Vamos”. Em uma escala na qual a nota 5 representa muito orgulho com a cidade, o levantamento apontou um índice de 4,3. Para 78% dos moradores, Medellín está seguindo um caminho positivo, contra 63% um ano antes.

Outro foco da administração de Gaviria é a educação, que concentra hoje cerca de 40% do orçamento da cidade. Uma das questões nessa frente são os chamados Colégios Maestro, da rede pública. Com aportes de US$ 5 milhões a US$ 12 milhões, essas unidades da rede pública investem em uma metodologia com ênfase na iniciação dos alunos em um tripé de ciência, tecnologia e inovação.

Os estudantes têm acesso, por exemplo, a cursos e atividades fora da carga horária escolar em segmentos como robótica e outras vertentes tecnológicas mais avançadas. Projetos para o aprendizado de um segundo idioma e atividades esportivas e culturais complementam esses esforços.

“Ao mesmo tempo, estamos construindo novas universidades e ampliando as existentes para que quando o aluno chegue ao nível superior encontre um sistema já estruturado e alinhado com a vocação que escolheu nessa jornada”, diz Waldir Ochoa Guzmán, secretário de comunicação de Medellín.

O desenvolvimento industrial da cidade e as frentes para captar investimentos para aprimorar a competitividade do município são mais um foco.

Nesse âmbito, Medellín criou um plano dividido em seis clusters estratégicos, que incluem os setores de energia elétrica, indústria têxtil, construção, turismo de negócios, saúde e tecnologia da informação e comunicação (TIC). Esse último segmento está incorporado às outras cinco frentes.

Juntamente com políticas de incentivo fiscal para cada cluster, o plano conta com o auxílio de entidades como a Agência de Cooperação e Investimentos de Medellín (ACI), que busca acordos internacionais para o intercâmbio de experiências, cooperação técnica e aportes financeiros.

Apenas em 2014, a cidade recebeu 160 delegações internacionais a partir dessa abordagem. Em 2013, a instituição captou US$ 196,3 milhões junto a outros países e atraiu a instalação de 16 empresas no município.

Na avaliação de Gaviria, além de uma ferida ainda presente na vida dos moradores de Medellín, a questão da segurança é também uma barreira a ser vencida na atração de investimentos locais, nacionais e estrangeiros.

Ele observa, porém, que todo o conjunto de políticas que vem sendo adotadas em pouco mais de uma década estão permitindo, por exemplo, o alcance de indicadores como a diminuição 26,14% nas taxas de homicídios entre 2012 e 2013 – a maior queda entre as principais cidades colombianas – e a redução em 63% dos índices de pobreza extrema nos últimos onze anos.

“Hoje, esse índice é de 3%. Nossa meta é eliminar a pobreza extrema nos próximos cinco anos. Temos muita estrada para percorrer, mas o caminho que já trilhamos é impressionante e nos dá mais capacidade e entusiasmo para enfrentar os desafios que temos pela frente”, observa.

Cidade sonha ser a capital da inovação na América Latina

Os prédios do projeto da Ruta N remetem aos campus do Google e de outros ícones do Vale do Silício, nos Estados Unidos

A Zona Norte de Medellín é um bom retrato das mudanças pelas quais o município vem passando nos últimos anos. Lá se encontram o Parque Explora, a Casa de La Música, o Planetário, a Universidade de Antioquia e um roteiro de museus, parques e centros culturais. Mas é nos números 50 e 52 da Calle 67, no bairro de Sevilla, que reside uma das principais vias de desenvolvimento da cidade para os próximos anos: a Ruta N, uma organização sem fins lucrativos criada em 2009 para ser um dos vetores da consolidação de Medellín como uma economia baseada no conhecimento.

Erguido sob os conceitos mais avançados de sustentabilidade e a poucos passos da Universidade de Antioquia, o conjunto de prédios do projeto remete diretamente aos campus do Google e de outros ícones da região do Vale do Silício, nos Estados Unidos.

As pessoas que circulam pelo local reforçam essa comparação. “A meta da Ruta N é posicionar Medellín como a capital da inovação da América Latina até 2023”, diz María Paulina Villa, gerente-geral do distrito de inovação, como também é conhecido o projeto que pretende formar um ecossistema de empreendedorismo, com ênfase em ciência, tecnologia e inovação no entorno da Ruta N.

“Queremos desenvolver soluções para os problemas comuns aos países da região. Inovações que não serão criadas no hemisfério norte, já que lá eles não têm essas necessidades”, completa. 

A Ruta N é uma organização pública e fruto de uma parceria entre a administração municipal, a Empresas Públicas de Medellín (EPM) e a UNE. Uma das frentes de atuação da Ruta N é o apoio a empreendedores e startups. O suporte prioriza projetos tecnológicos ligados às áreas de saúde e de energia. Hoje, a Ruta N tem um fundo disponível de US$ 200 milhões para aportes nessas startups. 

O programa Landing, por sua vez, oferece estrutura e apoio para contratação de mão de obra altamente qualificada para acelerar o início das operações de empresas locais, nacionais e estrangeiras de todos os portes. Essas companhias podem usar a infraestrutura da Ruta N por um período de até dois anos. “É uma forma de facilitar a instalação dessas empresas e permitir que elas sejam produtivas desde o primeiro dia de operação”, diz María. Apenas nesse ano, 32 empresas de 10 países chegaram à Ruta N por meio dessa abordagem. Entre elas, está a brasileira Algar Tech, que hoje possui um time de 50 pessoas no local. 

A Ruta N traçou um plano de dez anos em 2013. O objetivo é que o distrito tenha uma área construída de 1,5 milhão de metros quadrados em 2023 e gere cerca de 28 mil empregos de alta qualificação nesse período. Nos últimos dois anos, o projeto respondeu pela criação de 1.090 vagas.

Moacir Drska/Brasil Econômico/JE

Medellín, Colômbia, combate à violência, desigualdade social, mudança total

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