Brasil tornou-se um polo para investimento em indústrias.

Muito tem se falado sobre a participação da indústria de transformação no PIB Brasileiro e sua queda ao longo dos anos, todos sabemos que a maioria das inovações advinda da indústria saem da indústria de transformação e aqui cabe uma reflexão.

Qual foi a escolha do modelo industrial adotado no Brasil?

Para respondermos a essa pergunta de forma consistente, temos que retomar alguns pontos de nossa história.

Até a chegada da crise de 1929, cabe salientar que o Brasil era basicamente um país agrícola dependente da monocultura do café, com o crescimento da renda dos cafeicultores, deu-se início ao período de industrialização, portanto temos menos de um século de história industrial.

Industrialização essa que teve impulso, graças ao encarecimento das importações, provocados pela desvalorização cambial mais a defesa da renda do café promovida por Vargas, tivemos neste momento nossa primeira grande onda de substituições de importações e para suprir a falta de mão de obra qualificada foi criado o Senai em 1942.

Durante o período de 1945 a 1960, o Brasil manteve sua política econômico-financeira, sem grandes alterações e durante o período da II Guerra o Brasil obteve uma expansão de exportações, porém basicamente de produtos primários, entre eles café, algodão, açúcar, borracha, quanto a indústria a mesma apenas atuava nos bens de consumo corrente, como têxteis e utensílios domésticos e somente na década de 50 demos inicio a indústria de base, como siderúrgica e petroquímica e bens duráveis como veículos e eletrodomésticos, neste período surgiram a Eletrobrás, a Petrobras, com o lema do petróleo é nosso, o BNDE, ainda sem o “s”.

Com a chegada a presidência de Juscelino Kubitscheck, e seu Programa de Metas, chegaram ao Brasil as primeiras montadoras de veículos e teve início a mudança de nossa matriz de transporte migrando assim da ferrovia para a rodovia.

Os programas para eliminar as desigualdades regionais também tiveram início neste período, com a criação da SUDENE, neste período o capital estrangeiro foi de suma importância, pois não tínhamos uma poupança capaz de alavancar nossas indústrias e surgiram as multinacionais com Basf, Ford, Philips, etc., ou seja até meados da década de 70 a maior parte dos equipamentos industriais continuavam a ser importados.

Durante o regime militar, ocorreu o período de milagre brasileiro, o que tornou a economia brasileira a oitava economia do mundo e a propaganda oficial dizia: que “ninguém mais segura este país”.

Ao final da década de 70 e praticamente toda a década de 80, época conhecida como década perdida o Brasil acabou retrocedendo, perdeu o posto de oitava economia, ocorreu o descontrole inflacionário, deu-se início aos mais mirabolantes planos econômicos para conter a inflação, ocorreram mudanças de moedas, maxidesvalorizações e toda sorte de situações que nos levaram a bancarrota, ou seja, ao pedido de moratória junto aos credores internacionais.

A situação começou a melhorar durante o governo Collor-Itamar, pois deu-se início a abertura da economia e o plano real.

Como podemos observar em toda a história de nossa indústria, a mesma sempre dependeu da desvalorização cambial e de reservas de mercado e benesses governamentais e mais uma vez ouvimos o mesmo discurso, perdemos competitividade devido ao câmbio a falta de proteção e pedimos benesses governamentais, esse modelo já se mostrou ineficiente para garantir o nosso crescimento e ainda continuamos a insistir no mais do mesmo.

Lembrando um clássico da economia - Adam Smith - que em 1776 publicou a Riqueza das Nações e em suma dizia o seguinte: “Na sua opinião, os governos são ineficazes e inclinados a outorgar privilégios especiais em detrimento da sociedade. Para promover o bem estar, os melhores meios são o estimulo do próprio interesse e o desenvolvimento da concorrência”. O que temos que ter em mente agora é que precisamos alavancar a nossa produtividade, investir em pesquisa e desenvolvimento para modernizar nosso parque fabril e fazer uma escolha ou queremos ter uma indústria que possa competir com a China e viver de fazer cópia de produtos desenvolvidos em outros países ou queremos ter uma indústria inovadora que possa ser referencia mundial, para tanto precisamos dividir as ações em dois grandes blocos.

I- O governo que sempre teve maior fome de arrecadação do que ação deverá propiciar as medidas necessárias para que a iniciativa privada faça o seu papel, ou seja, o governo deve eliminar a corrupção dentro de casa, criar marcos regulatórios para a indústria de saneamento básico, infraestrutura, mobilidade urbana, educação, e fontes de financiamento a longo prazo com taxa de juros internacionais em outras palavras reduzir o chamado custo Brasil.

II - As indústrias investirem em Pesquisa e Desenvolvimento, buscar maior sinergia com grandes universidades como a USP, UERJ, UFMG, entre outras, pois assim as empresas passam a ter acesso a excelentes laboratórios e as Universidades a não só pesquisadores, mas também a profissionais experientes, com isso as empresas poderão ampliar a sua produtividade, diminuir os custos internos e acima de tudo ampliar exponencialmente a capacidade de inovação. Com isso a nossa indústria certamente irá voltar aos trilhos do desenvolvimento e crescimento.

Não podemos esquecer também que se a % do PIB industrial vem diminuindo o de serviços vem aumentando, mas é preciso analisar também qual a qualidade destes serviços e que tipo de profissional está gerando para atender esta demanda.

Assim mais uma vez recorrendo a Adam Smith podemos dizer que a grande eficiência somente poderá ser obtida com a especialização, a divisão do trabalho e o intercambio, é necessário a remoção do controle errático do governo e cultivar atitudes de honestidade, zelo e parcimônia.

Bibliografia
Introdução a Analise Econômica Editora Agir, 7ª. Edição - RJ - 1972
PAUL, Samuelson. Introdução a Economia Makron Books, 2ª. Edição - SP - 1994
ROBERTO, Luis Troster e Franciso MOCHÓN História Econômica e Administrativa do Brasil Editora Atica, 3ª. Edição - SP - 1993 Francisco M.P. Teixeira e Maria Elizabeth Totini.