Indicadores positivos sobre a economia americana resfriaram ontem a temperatura dos mercados globais, perigosamente febril na quarta-feira
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Foto: cafeempreendedor.blogspot.com
A recuperação do mercado de trabalho dos EUA prossegue em ritmo até mais intenso do que o esperado pelos analistas, servindo de contraponto às apreensões suscitadas pela inflação muito baixa na Europa.
Os pregões locais de câmbio e juros futuros tentam se alinhar às constantes instabilidades globais sem despregar os olhos da corrida sucessória interna. Afinal, as respostas que PT e PSDB podem dar em 2015 a essa nova fase da velha crise internacional são bem diferentes entre si.
O dólar abriu ontem em louca disparada, assimilando o seu descontentamento com as novas pesquisas eleitorais. Chegou a ser cotado por até R$ 2,5072. Mas a melhora externa foi retirando ímpeto da escalada, e a moeda fechou vendida a R$ 2,4645,com modesta valorização de 0,28%.
O ritmo dos mercados internacionais foi embalado pela música suave emitida pelo relatório do Departamento do Trabalho que acompanha semanalmente o vaivém dos pedidos de seguro-desemprego.
Na semana passada, as solicitações caíram em 23 mil, alcançando um total de 264 mil, resultado que só não é menor que os 259 mil registrados na semana finda em 15 de abril de 2000.
Os analistas estavam pessimistas, esperando 290 mil. A notícia pegou o mercado secundário de títulos do Tesouro dos EUA na mínima. A taxa da T-Note de 10 anos tinha descido dos 2,14% do fechamento anterior para até 1,98%.
Depois do alívio permitido pelo relatório, o rendimento efetivo do papel começou a subir, chegando no fim da tarde a 2,17%. Ajudou a estancar a fuga de ativos para as “treasuries” a defesa que o presidente da regional de St. Louis do Fed, James Bullard, fez ontem do adiamento do fim do programa de afrouxamento quantitativo, previsto para este mês.
Se a sugestão for acatada, o Fed poderá continuar comprando por mais alguns meses cerca de US$ 15 bilhões em títulos. A extensão do programa automaticamente protelará o início da alta da taxa básica de juros.
As novidades compensaram o declínio do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro, de 0,4% em agosto para 0,3% anual em setembro, a mais baixa leitura em cinco anos. Trata-se da consequência da feroz política fiscal contracionista aplicada desde o fim de 2009.
Os mercados brasileiros iniciaram o dia frustrados com as pesquisas de intenção de voto do Datafolha e do Ibope divulgados na noite anterior. Os analistas tiraram algumas conclusões. A principal foi que o candidato favorito dos investidores, Aécio Neves, parece já ter atingido um liminar difícil de ser transpostos. Como parece ter batido num teto muito rígido, qualquer mudança será para baixo.
O sentido negativo foi reforçado pelo aumento da rejeição ao candidato. Pelo Ibope, a sua taxa de rejeição subiu de 33% para 35%, enquanto a de Dilma Rousseff caiu de 41% para 36%. Pelo Datafolha, a aversão ao tucano cresceu quatro pontos, fora da margem de erro, de 34% para 38%. Já a da petista diminuiu de 43% para 42%.
A manutenção do empate técnico considerando-se os votos válidos em relação às pesquisas do dia 9 mostrou que as efusivas comemorações dos mercados de eventos tidos como positivos ao senador — a divulgação do áudio de uma parte selecionada da delação de Paulo Roberto Costa e a adesão de Marina Silva e família Campos — foram prematuras. Não está aumentando o contingente de eleitores que não votam em Dilma por causa das denúncias de corrupção. E o eleitorado de Marina, assim como a cúpula da Rede, não é fiel à orientação da ambientalista.
Aécio fez um enorme esforço para arregimentação de apoios, flexibilizando o programa do partido, para nada. Apesar da ênfase nas denúncias de corrupção, a aprovação ao governo Dilma cresceu de 49% para 54% segundo o Ibope.
A fotografia tirada pelos institutos mais confiáveis é a pior possível para os mercados: se nenhuma alteração houver ao longo dos próximos seis pregões, a eleição será definida pelo contingente de 12% de indecisos somente no sábado ou no domingo da eleição. Não há aonde se agarrar para se traçar uma tendência mais segura.
E o mercado não pode fazer nada a respeito. Mesmo com o incentivo da nova onda global de ojeriza a ativos de risco e com o estímulo de Armínio Fraga – que prometeu, se chegar a ser ministro da Fazenda, acabar no dia 1° de janeiro com a oferta semanal de US$ 1 bilhão em novos swaps cambiais – não está sendo possível forjar uma crise cambial capaz de inspirar medo ao eleitor.
Se o dólar a R$ 4,00 não foi suficiente para convencer o eleitorado a desistir de votar em Lula em 2002, muito menos o preço máximo de quase R$ 2,51 atingido pela moeda ontem de manhã.
A nova etapa da infindável crise externa se desenvolve num crescendo contínuo. Ontem foi dia de trégua. E o plano de Armínio de interromper a oferta de swaps e desovar o atual estoque desses papéis, que ronda os US$ 100 bilhões, só fará preço se Aécio ganhar. Nessa hipótese, o mercado terá dois meses para se preparar.
O estoque de swaps deve bater em US$ 100 bilhões amanhã. O último dado oficialmente disponível refere-se ao estoque de quarta-feira, US$ 99,609 bilhões.
Como ontem o Banco Central colocou mais US$ 198 milhões em títulos novos e hoje irá repetir a dose, o volume encerrará a semana já na cifra que era a meta extraoficial do BC, quando baixou o atual programa de intervenção cambial, no dia 22 de agosto de 2013.
Ao volume de estoque não devem ser agregados os US$ 394 milhões em papéis leiloados diariamente para fazer a rolagem dos que irão vencer no dia 3. Os que são vendidos agora substituirão os antigos, não alterando o estoque.
A marca de US$ 100 bilhões é meramente psicológica, a sua transposição não altera os planos do BC. E não tem correlação direta com as reservas cambiais de US$ 377 bilhões. Se alguém disser que o BC já gastou o equivalente a 26,5% das reservas estará mostrando ignorância ou má-fé.
Em primeiro lugar porque aqueles US$ 100 bilhões na verdade não são dólares. São reais corrigidos pela variação cambial mais juro. Em segundo porque, para que todos os detentores de swaps se vejam compelidos a trocar seus títulos por dólares físicos será preciso a irrupção lá fora de uma crise capaz de empalidecer a de 2008, quando isso não ocorreu.
O mercado futuro de juros da BM&F descreveu o mesmo bate-e-volta do câmbio, e, como o dólar, fechou em alta. Com uma novidade que revela a preocupação dos investidores com os rumos da eleição: a curva negativamente inclinada dos juros ameaçou inverter-se na quarta-feira, mas só conseguiu ontem. A taxa para janeiro de 2016 subiu de 11,93% para 12,03%, um avanço de 0,10 ponto. Já o contrato para janeiro de 2017 pulou 0,25 ponto, de 11,87% para 12,12%.
Luiz Sérgio Guimarães/Brasil Econômico/JE
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