Campanha do PT distribui panfleto irregular pró-Haddad
Brasil - Política - Campanha Eleitoral
Foto: Veja
O comitê do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, decidiu investir na defesa do prefeito paulistano Fernando Haddad como forma de alavancar o ex-ministro da Saúde na preferência do eleitorado - Padilha amarga meros 9% das intenções de voto - e ajudar a melhorar a popularidade da presidente-candidata Dilma Rousseff, cuja rejeição no Estado chegou a 47% durante a campanha.
O partido já não considerava Haddad um bom cabo eleitoral, mas detectou ainda que sua baixa popularidade atrapalhava Dilma e Padilha. Nos comícios e caminhadas do PT na capital paulista, passou a ser distribuído um panfleto com elogios ao prefeito. A peça lista obras e projetos da gestão do petista - alguns incompletos, mas que a propaganda trata como "cumpridos".
O site de VEJA recebeu uma cópia do panfleto no dia 20, enquanto acompanhava a caminhada e o comício de Dilma com Padilha em Santo Amaro, Zona Sul da capital paulista. O prefeito desfilou em cima de uma caminhonete e discursou no palanque montado no Largo Treze de Maio.
Durante a caminhada, cabos eleitorais e militantes petistas distribuíram resmas com o folheto de seis páginas, criado com identidade visual semelhante à usada no material de campanha de Padilha. O texto não atende, porém, as exigências da legislação eleitoral para este tipo de propaganda.
O panfleto omitiu a tiragem (quantidade de cópias impressas) e os CNPJs de quem pagou pela impressão e da gráfica contratada para o serviço. A ausência desses dados impede o controle da Justiça Eleitoral sobre os gastos de campanha declarados e pode configurar "ilícito eleitoral". O Tribunal Superior Eleitoral prevê que o infrator responda por propaganda irregular e abuso de poder econômico, sujeito a multa.
No pé da última página, o panfleto está assinado pela campanha de Padilha, a coligação "Para Mudar de Verdade / PT - PCdoB - PR". A inscrição usa a mesma tipografia da campanha de Padilha.
A reportagem questionou o comitê de Padilha sobre a autoria do material e o motivo de não haver os registros exigidos pelo Tribunal Superior Eleitoral. Em nota, o Diretório Estadual do PT paulista respondeu que "todos os materiais de campanha são produzidos conforme prevê a legislação eleitoral". "O PT-SP e campanha de Alexandre Padilha não produziram tal material", disse a assessoria de imprensa do partido.
Na primeira página, o texto diz: "Haddad prometeu e cumpriu. Nunca se investiu tanto em São Paulo", ao lado de uma ampla foto do prefeito com o ex-presidente Lula. Logo abaixo, aparecem mais duas fotos de Haddad, uma com Dilma e outra com Padilha. Colorido predominantemente em vermelho e branco, o impresso lista promessas de campanha de Haddad em 2012 e dá como realizadas até as que não foram atingidas. As promessas vêm ao lado de um selo com a palavra "cumpriu".
Principal compromisso da campanha municipal há dois anos, o plano "Arco do Futuro", que previa uma série de obras e intervenções viárias, recebeu o carimbo "cumpriu", ao lado de um texto que cita novas regras do Plano Diretor da Cidade, de incentivo à instalação de empresas na periferia.
Na verdade, o "Arco do Futuro" incluía compromissos mais amplos, entre eles novas avenidas de apoio na Marginal Tietê - projetos que foram abandonados pela prefeitura por falta de verba, no ano passado.
A rede "Hora Certa" de ambulatórios e laboratórios para exames de imagens e cirurgias, principal bandeira de Haddad para a Saúde, também já aparece como promessa cumprida no panfleto eleitoral. O PT informa que Haddad já inaugurou dez unidades da rede, seis fixas e quatro móveis. O prefeito, porém, prometeu 32, uma em cada subprefeitura. O texto ainda elenca que "Haddad fez mais pela saúde: 409 novos médicos pelo programa Mais Médicos". No entanto, dados obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação revelam que a prefeitura recebeu 252 médicos do programa.
Na Segurança Urbana, por exemplo, a propaganda eleitoral petista reduz um compromisso assumido por Haddad para carimbar que o prefeito também "cumpriu" a promessa de "modernizar e capacitar a Guarda Civil Metropolitana (GCM)". "Foram capacitados 2.206 GCMs em Direitos Humanos e Mediação de Conflitos", diz o texto.
Na verdade, o efetivo que recebeu o treinamento é apenas um quarto daquele que o prefeito assumiu preparar. O plano de metas da gestão Haddad, registrado por meio de lei municipal, revela que a prefeitura se comprometeu a capacitar "6.300 agentes da GCM em Direitos Humanos e 2.000 em Mediação de Conflitos".
Dedicação
Antes com participações discretas em caminhadas com Padilha nos fins de semana, Haddad assumiu uma postura mais combativa em setembro, após cobrança do ex-presidente Lula. Na semana passada, Haddad começou a aparecer na TV pedindo votos para candidatos a deputado do PT.
A estreia do prefeito no horário eleitoral só ocorreu, porém, depois que os marqueteiros detectaram uma recuperação na popularidade de Haddad. A desaprovação da gestão petista caiu de 47% em junho para 28% em setembro, enquanto a aprovação subiu de 15% para 22%. A melhora foi impulsionada pela aprovação do projeto de expansão de ciclovias na cidade. Padilha pegou carona no projeto e passou a fazer pedaladas com Haddad e secretários da prefeitura aos domingos.
No comício em que o folheto pró-Haddad foi distribuído, o prefeito fez um discurso duro contra o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), com quem mantém relação cordial.
"O pessoal fala de democracia. É (sic) vinte anos esperando uma troca de comando no Estado. Vocês estão satisfeitos com a segurança pública, com o Ensino Médio estadual, com o ritmo das obras do metrô? Para isso tem remédio, chama-se Alexandre Padilha governador. Nós precisamos de um sujeito acelerado para tocar as obras", bradou no palanque em Santo Amaro.
O discurso rápido, direto, com direito a voz rouca e erros de concordância verbal destoou da postura mais comedida e do estilo polido de falar de Haddad. Ele estava empolgado. Militante do PT, Frederico Haddad, filho do prefeito, acompanhava o ato político. E Haddad foi afagado por Dilma: "Nós somos o trio, o prefeito, o governador e a presidenta que vai fazer muito por São Paulo".
Veja/JE
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