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Há um ano, os fãs do Charlie Brown Jr. recebiam a triste notícia do novo capítulo de uma tragédia. Após seis meses da morte, por overdose, do vocalista Chorão, o baixista Champignon se suicidava no quarto de sua casa.

Apesar das mortes, os fãs e amigos guardam boas lembranças do grupo que embalou vários sucessos, principalmente entre o público adolescente. A banda marcou a música brasileira dos anos 90 e 2000 com sucessos como “Proibida pra mim” e “Te levar”, essa última ficou sete anos como tema de abertura de “Malhação”, quando então foi trocada por “Lutar pelo que é meu”, outra canção do grupo.

‑ Acho que o Charlie Brown Jr. e “Malhação” foram os maiores ícones adolescentes dos últimos tempos. A abertura era a cereja do bolo da trama, a TV Globo acertou em cheio na escolha. Tenho todos os discos, não me canso das frases – comenta Mário Frias, que viveu o protagonista Rodrigo, da temporada de 1999 e que na temporada atual interpreta o ex-galã de TV René.

Na última edição do Rock In Rio, o Capital Inicial prestou uma homenagem à banda, colocando a multidão para cantar “Só os loucos sabem”, cinco dias depois da morte do baixista.

- Desde a morte do Chorão, alguns meses antes, nós fazíamos essa homenagem nos shows. Porém, a tragédia com o Champignon foi logo antes do festival. Chegamos a hesitar. Nos perguntamos se seria adequado. No final, decidimos que a melhor maneira de celebrá-los era através de sua música. E essa é uma das que eu mais gosto – explica Dinho Ouro Preto, qu,e no novo EP “Viva a revolução”, assina duas músicas com o ex-guitarrista do grupo Thiago Castanho, que também fez uma participação especial em uma delas.

O vocalista da banda brasiliense ainda lembra da qualidade técnica e da presença de palco do baixista.

- O Champignon foi a demonstração de que era possível aliar uma técnica surpreendente com energia e fúria sem se perder em um instrumentalismo que é um fim em si mesmo. Há no rock, na minha opinião, alguns grandes instrumentistas que acabam colocando a técnica acima do vigor. E, para mim, isso é um erro que o Champignon não cometia .

O diretor Bruno Sorrentino vem produzindo o musical “Dias de luta, dias de glória”, nome também de uma canção de sucesso do Charlie Brown Jr.. A peça tem previsão de estreia para janeiro em Santos, cidade onde a banda se formou, e deve chegar ao Rio de Janeiro em julho de 2015, passando primeiro por São Paulo.

- A peça conta a história da banda do ponto de vista do Chorão. O Champignon é uma peça muito importante. Eles foram muitos amigos, apesar das brigas. Havia uma conexão muito grande entre eles, que se conheceram ainda pequenos. Qualquer amizade verdadeira tem um momento de estresse. Era uma parceria e que não era só do palco – explica o diretor, que tem a música que dá nome ao espetáculo como sua preferida – ela retrata muito bem o que cada pessoa vive, certamente será um ponto forte do espetáculo. As músicas deles são muito emocionantes.

Bruno ainda coloca a banda em um seleto grupo de artistas brasileiros que marcaram a história da música brasileira.

- Grandes pessoas da música brasileira já se foram, como Elis Regina e Cazuza. Até hoje, temos saudades. Mas o público deles já é mais velho. O Charlie Brown é o grande marco para os jovens brasileiros. Devem ser sim comparados a esses grandes pensadores. Principalmente na postura que tinham.

O ator Mário Frias ainda lembra de um momento marcante com a banda, quando eles foram fazer uma participação na temporada de Malhação de 1998, quando ele vivia o personagem Escova.

- Eu e Chorão ficamos tocando um som alí atrás com um violão meu. Eu guardei aquilo para sempre. Eles iam ser uma banda que tocaria em um bar, na trama. No ano seguinte, eles já estavam na abertura, entrando para a história da novela – recorda o ator e fã.