Foto: G1

Uma noite, Rogério Alves acordou com pedras jogadas na janela de sua casa no Jardim Imperador, Zona Leste de São Paulo. Eram garotas chamando atenção do filho. Depois, a chuva na janela revelou objetos mais incomuns. "Calcinha, sutiã, carta, urso. Fizeram de tudo", diz o pai. A falta de sossego levou a família a se mudar – e não revelar o endereço. "Todo dia, tinha 50 fãs na porta. Não conseguia descansar", diz Gui ao G1.

MC Gui é um garoto precoce. Aos 16 anos, o cantor de funk infantojuvenil já sustenta a família. O pai e empresário apostou na carreira e deu à luz um novo astro. Ele diz que o rendimento é alto. Mas não é caso de vida ganha. O dinheiro não para no bolso, e banca equipe de 30 pessoas e superproduções, como o novo DVD ao vivo "O bonde é seu".

O objetivo é carreira longeva, diz o pai. Ele investe também em uma marca de roupas e acessórios com a marca de Gui – o site vende bonés a R$ 130 (veja). Há uma loja física G-Style em SP e 12 franquias em quiosques de shoppings sendo negociadas, ele diz.

'Don Juan cafajeste'

A imagem a ser construída é antiga: o pegador que no fundo tem bom coração. Em shows, o cantor de língua levemente presa costuma cantar "Don Juan cafajeste" com o parceiro MC Kapela. As "guináticas" deram ao ídolo o apelido de "Don Juan cafajeste (ou DJC) do Paraguai", já que ele, afinal, seria um romântico. "Acho que sou sim", assume o adolescente, aos risos.

Gui virou amigo de Neymar e teve um suposto romance – que ele não confirma – com a irmã do jogador, Rafaella. Ele diz que é só "amigo" dela, e garante que vai informar às "guináticas" quando o coração estiver ocupado. "Se houver, eu sempre vou falar para elas. Elas ficam chateadas, choram, não pode fazer isso", adverte.

Marca de roupa

As tarefas da família são definidas. Os progenitores cuidam das cifras – Gui tem contrato com a Universal e a marca de roupa G-Style. O rebento se ocupa de cativar as fãs, as "guináticas". O "Justin Bieber do funk" acumula 5,3 milhões de fãs no Facebook. Gui se destacou no funk ostentação, exaltando o luxo. No novo álbum, equilibra dinheiro e amor. As letras românticas o colocam como um jovem conquistador.

"É surreal perto do que eu pensava", diz o pai sobre o sucesso financeiro do empreendimento musical familiar. A história começou como brincadeira. Aos 12 anos, Gui começou a cantar. O pai viu algum futuro e investiu R$ 35 mil em um clipe. Hoje, ele e a mãe, Cláudia, cuidam 100% da carreira de Gui, e abandonaram uma clínica de estética que era o antigo sustento.

Na loja, a família vende anel, corrente e camisa com a marca de Gui. "Já chegamos a vender 2 mil camisetas em um dia", diz o pai."Ganha-se bem, mas paga-se bem também. Ou você pensa momentanemente ou pensa em carreira. Ele está há três anos 'na crescente'", comemora Rogério.

'Melhor amigo é cachorro e paí'

A mudança atual na vida de Gui não foi só de endereço. "Fui me afastando de muita gente que não era meu amigo, não queria meu bem, me queria lá embaixo", diz o cantor. "Meus melhores amigos são meu cachorro e meu pai. Minhas melhores amigas são minhas cachorras, minha mãe e minha irmã." Ao falar da família, lembra a morte do irmão, Gustavo, aos 17 anos, em abril deste ano: "Ninguém esperava, mas foi o propósito de Deus."

Gui tenta aproveitar a nova vida sem esquecer das origens: "A minha casa era muito boa, mas no meio da periferia. Não é uma vergonha a periferia, a favela, é uma lição de vida para muitas pessoas. Não quero que o pessoal passe por muitas coisas que já passei", afirma.