Quarta-Feira 05/11/2025 18:37

Apenas fins eleitorais impedirá BC de reduzir Selic

Brasil - Economia - Redução da Selic

Foto: brasilemfoco.com.br

Só a necessidade de mostrar para fins eleitorais severidade monetária contra a inflação é o que impedirá o Copom do Banco Central de reduzir a Selic em sua reunião da semana que vem.

O mote, como sempre, vem de fora: uma onda gigante de redução dos juros, originária da Europa, varre hoje os quatro cantos do mundo. Nos países da zona do euro, as taxas de 10 anos batem suas mínimas históricas.

A RC Consultores se deu ao trabalho de compilar onde os juros estão no piso: Itália, França, Áustria, Bélgica, Holanda, Finlândia, Espanha e Portugal. Neste último país, o dado é inusitado e algo bizarro: a taxa de 2,98% é a menor desde o início da dívida portuguesa, em 1820. O benchmark europeu, o juro germânico de 10 anos, escorregou para a faixa de 0,90%.

O maremoto europeu atravessou o Atlântico e afogou o juro americano de 10 anos. Referência mundial de todos os ativos financeiros em qualquer lugar do planeta, a T-Note de 10 anos caiu ontem de 2,40% para 2,37%.

O Federal Reserve (Fed) está provando do veneno que Ben Bernanke cozinhou em seu caldeirão heterodoxo: prestes a ser extinto no território americano, o afrouxamento quantitativo (emissão de dinheiro destinado à compra de títulos e hipotecas encalhados nas carteiras dos bancos) poderá ser usado fartamente pelo Banco Central Europeu (BCE) já a partir de setembro.

Leia-se: semana que vem. Foi o que sinalizou Mário Draghi no fim de semana em Jackson Hole. De nada adiantará ao Fed elevar a taxa básica de juros se a treasury de 10 anos estiver sedada por massas transoceânicas de liquidez.

Ao subir a taxa curtíssima, o que o Fed quer é promover uma alta do juro de 10 anos, pois é este o que produz o efeito monetário de manter a inflação na meta. E o afrouxamento do BCE ainda nem começou oficialmente.

A América Latina recebe respingos do maremoto. Mesmo sendo porções relativamente pequenas dos capitais globais ávidos por encontrar remunerações um pouco menos aviltantes, os aportes vêm derrubando esta semana as taxas longas dos países da região. No Brasil não é diferente.

No pregão de juros futuros da BM&F, após baterem em mínimas que pareciam impossíveis no início do mês, os contratos ensaiaram ontem interromper a tendência de queda apenas para que os investidores estrangeiros pudessem tomar fôlego e tentar enxergar melhor o que está acontecendo.

Mas não deu para segurar nova baixa. A taxa para janeiro de 2017, após marcar 11,88% no dia 5, fechou a 11,30%, de 11,34% na véspera. 

Os investidores globais decidiram deixar de lado por enquanto o fato de que o Brasil está às vésperas da mais acirrada e imprevisível eleição presidencial dos últimos 25 anos. E entram aqui em busca de rentabilidade, como prova a recuperação da balança cambial.

Na semana passada, o ingresso de capitais pela conta financeira foi de US$ 963 milhões, engolindo o déficit de US$ 249 milhões registrado pela conta comercial.

Em agosto, até o dia 22, o fluxo cambial mostra superávit de US$ 1,215 bilhão graças ao aporte externo financeiro de US$ 2,242 bilhões, uma vez que a contratação de câmbio para o comércio exterior acusou um rombo de US$ 1,027 bilhão.

Esse afluxo de capitais externos comprime o dólar. Durante a manhã e o início da tarde, a cotação só se manteve acima de R$ 2,25 por teimosia de players “comprados”. Mas não teve jeito. No fim do dia, a onda externa e o furacão Marina derrubaram a moeda. Fechou com baixa de 0,82%, cotada a R$ 2,2456, retornando ao patamar de preço do final de julho e refazendo a primeira trincheira do BC, a R$ 2,25.

Se o país não estivesse em um período eleitoral, em que o BC precisa dar sustentação prática ao discurso político do rigor anti-inflacionário, o Copom já poderia em sua reunião de quarta-feira iniciar um movimento declinante da taxa Selic. Tal decisão estaria alinhada ao contexto global e seria coerente com a estagnação econômica e com o afastamento do IPCA projetado pelo Focus para este ano e o próximo do teto da banda inflacionária. O BC poderia tomar uma decisão independente do cenário eleitoral porque os sinais atuais são de que não será a economia quem decidirá a sucessão presidencial.

Se James Carville, estrategista de Bill Clinton na campanha de 1992, estivesse hoje atuando nas eleições brasileiras rasgaria o cartaz afixado na sede do comitê democrata, onde se lia “É a economia, estúpido!” – enquanto Bush pai gabava-se exclusivamente dos seus feitos bélicos no Iraque para tentar a reeleição, Clinton batia acertadamente na recessão econômica – e o substituiria por outro com a inscrição “É a política, estúpido!”. Enquanto Dilma Rousseff escolheu os trunfos econômicos dos 12 anos petistas para tentar se reeleger, o fenômeno Marina Silva decola com seu discurso da “nova política” e da “união” dos políticos íntegros de todos os partidos.

Marina galvaniza à maestria o sentimento de revolta difuso com “tudo o que está aí”. Capturou para si o desejo de mudança. E esta é mais política do que econômica.

O eleitor parece ter percebido que as conquistas econômicas e sociais recentes só poderão avançar mais se os profissionais da política desistirem do seu jogo de compadrio. A questão não se restringe mais à política econômica.

O anseio por melhores serviços públicos (saúde, educação, segurança, transportes públicos) não pode ser satisfeito pela troca de uma política desenvolvimentista de inclusão social por uma conservadora que prometa consertar os “fundamentos”. 

Se a economia fosse o problema central, o tema capaz de decidir a eleição, e se o eleitor identificasse a necessidade de alterá-la, Aécio Neves, a perfeita reencarnação da ortodoxia liberal, estaria arrebatando muito mais que Marina, noviça em matéria de conservadorismo econômico. O eleitor parece querer uma mudança na mentalidade dos políticos. Marina garante que pode fazer isso. 

Se a mudança requerida é política, o BC poderia baixar a Selic na semana que vem sem nenhum problema. A economia combalida agradeceria.

Luiz Sérgio Guimarães/Brasil Econômico/JE

necessidade, fins eleitorais, severidade monetária, inflação, Copom do BC

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