O Google tem de caber num smartphone
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O indiano Nikesh Arora, vice-presidente do Google, explica como a empresa está encarando seu maior desafio em uma década: fazer a transição do desktop para os celulares
Em 2004, o indiano Nikesh Arora, então com 39 anos, havia deixado o cargo de executivo da operadora alemã T-Mobile na Alemanha para fundar a própria empresa quando recebeu um convite tentador: participar do processo de seleção para o posto de diretor de vendas do Google na Europa.
Após passar por 17 entrevistas, quem chamou Arora para trabalhar no Google foi um dos fundadores, o russo Sergei Brin. Menos de oito anos depois, o engenheiro elétrico formado na Índia já era vice-presidente mundial do Google.
Conhecido pelos funcionários da empresa como “o cara da grana”, Arora é quem administra as finanças da maior empresa de internet do mundo, com vendas anuais da ordem de 38 bilhões de dólares.
Para parte dos analistas que seguem o Google, Arora ainda não bateu no teto — ele é apontado como possível sucessor de Larry Page, o fundador, que atualmente ocupa o cargo de presidente. Em visita recente ao Brasil, Arora falou com exclusividade a EXAME.
EXAME - Antes de morrer, Steve Jobs disse a Larry Page que o Google deveria parar de criar dezenas de produtos e se concentrar no que faz de melhor. O senhor diria que Page está seguindo esse conselho?
Nikesh Arora - Se o Google estivesse até hoje concentrado em buscas, que é o que fazíamos de melhor, não seríamos nem metade do que somos atualmente. Estamos, sim, mais focados na execução dos projetos, até para que eles não fiquem pelo caminho. Mas não dá para falar que estamos criando menos.
Eu diria que estamos fazendo o suficiente. Aliás, dar liberdade para as pessoas tentarem e falharem é parte do processo de inovação. No Google, o que acontece se você falhar? Nada. Dizemos: “Tente outra vez”. É ruim ver companhias que obrigam as pessoas a ter sucesso sempre. Nenhum ser humano tem sucesso sempre.
EXAME - Esse discurso de tolerância ao erro não é uma jogada para promover a imagem da empresa?
Nikesh Arora - De jeito nenhum. Eu mesmo disse que o Android, o software parasmartphones que compramos em 2005, nunca daria certo. O criador do Android, Andy Rubin, e o presidente do Google na época, Eric Schmidt, diziam: “Não se preocupe. Concentre-se no seu trabalho que encontraremos um jeito de fazer isso dar certo”.
Fico feliz que eles não tenham me ouvido. Em 2005, as fabricantes de celulares estavam desenvolvendo seus próprios sistemas. Oferecer o software de graça às fabricantes foi uma grande sacada de Rubin.
EXAME - O Google tem projetos que vão de banda larga por fibra óptica a um par de óculos com um computador integrado às lentes. Como o senhor imagina o Google em 2020?
Nikesh Arora - Não vou dizer que a gente vai pilotar motos voadoras do Google no céu de São Paulo. Essas previsões exageradas de algumas empresas só colocam seus executivos no papel de idiota. A missão do Google é usar a tecnologia para tornar a vida das pessoas mais fácil.
Temos um exército de engenheiros com essa missão na cabeça. Em 2020, não imagino o Google tão diferente do que é hoje. Nosso desafio até lá, quando seremos uma companhia mais experiente, é manter o espírito inovador de uma empresa jovem.
EXAME - A maior parte da receita do Google vem de publicidade online acessada por computador. Em 2013, o acesso à internet via smartphone deve superar o pelo PC. O Google está preparado para isso?
Nikesh Arora - Com os smartphones, consigo dar uma experiência mais personalizada do que a internet, pois temos informações como a localização do usuário e quais lugares ele gosta de frequentar. Por isso, a publicidade móvel tem elementos mais ricos para explorar.
Por enquanto, as pessoas são avessas à publicidade nos celulares por causa do tamanho da tela, mas tenho certeza de que os formatos não serão os mesmos da internet. O mundo móvel está hoje no mesmo estágio que o mundo web estava há dez anos.
EXAME - Que estágio era esse?
Nikesh Arora - Deixa eu voltar um pouco no tempo.Em 1959, surgiu um dos primeiros anúncios para TV, da boneca Barbie. No vídeo, a mão de uma pessoa segurava a Barbie e mexia como se ela estivesse dançando ao som de uma música. Essa música era o jingle da Barbie que tocava na rádio.
Semanas atrás, vi uma propaganda na TV em que duas batatas fritas conversam durante uma caminhada. Elas certamente não estavam sendo carregadas por ninguém, foram feitas no computador. Isso, sim, é um comercial para TV, não um jingle adaptado. Ainda estamos tentando adaptar formatos do desktop para colocar em smartphones.
EXAME - A rede social Google Plus está muito atrás do Facebook, a líder desse mercado. Qual é a ambição do Google nas redes sociais?
Nikesh Arora - Você lembra em que posição do ranking de sites de buscas o Google estava no final da década de 90? Existiam o AltaVista, o Yahoo! e mais alguns que eram mais populares. O Google acredita que a internet como um todo esteja se tornando mais social. As pessoas querem compartilhar com seus amigos o que estão vendo.
Por isso, a maior parte de nossos serviços, do YouTube ao Gmail, já tem um elemento social. Ainda é cedo para dizer qual é o melhor modelo para explorar esse novo mercado.
EXAME - Qual é a importância do Brasil hoje para o Google?
Nikesh Arora - Os brasileiros adoram tecnologia e entretenimento. Como o mundo da tecnologia está passando por uma rápida transformação, com a popularização da internet, o Brasil se destaca como um grande laboratório para avaliar quais serviços e produtos terão mais receptividade.
O país já é um dos maiores mercados de vídeo do mundo. O avanço da internet não está mudando somente a vida das pessoas. Está transformando também a forma como as empresas fazem negócio.
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