A população estava ansiosa. O sonho, que começou ainda na década de 70 - com os incentivos fiscais ao reflorestamento - está prestes a se realizar.

Chegou a vez de Ribas do Rio Pardo, cidade localizada a 230 quilômetros de Três Lagoas - e 84 da capital, Campo Grande, ter a sua fábrica de celulose.

Os detalhes do projeto e o estudo de impacto ambiental foram apresentados na noite desta quinta-feira, 3, para um público de mais de 600 pessoas. A vice-governadora Simone Tebet (PMDB) fez questão de prestigiar o evento que marca um novo ciclo de investimentos em Mato Grosso do Sul.

Simone foi prefeita de Três Lagoas quando International Paper e Fibria (na época, VCP) decidiram investir no Estado. Na quintafeira, compartilhou sua experiência com o prefeito de Ribas do Rio Pardo, José Domingues Ramos (PSDB), que está apreensivo, mas não esconde sua satisfação. A prefeita da capital mundial da celulose, Márcia Moura (PMDB), também apoiou seu colega.

"Estamos trabalhando para preparar o município para receber esse investimento. Sabemos que existem desafios mas sonhamos com isso. Chegou a vez de Ribas do Rio Pardo", comemorou Zé Cabelo, como é conhecido.

Também marcaram presença no evento, os executivos da Eucalipto Brasil, Ricardo Tosta (presidente) e Antonio Ricardo Alkimin (gerente florestal), representantes do Imasul, Pedro Mendes Neto e Délia Vilamayor, o deputado federal Geraldo Resende (PMDB) e Ladimir Enore Pellizzaro, da CRPE Holding S.A.

A fábrica

O diretor da CRPE (Celulose Rio Pardense e Energia), Vicente Conte Neto, ressaltou que a empresa já possui 67 mil hectares de terras com 32 mil hectares de florestas plantadas. Ao todo, serão necessários 180 mil hectares para abastecer a fábrica que deve começar a ser construída em meados de 2015.

"Nossa meta é entrar em operação em 2018, produzindo 2,2 milhões de toneladas de celulose por ano", ressaltou Vicente.

A fábrica será construída a 9 quilômetros da sede do município e a previsão é que 8 mil trabalhadores atuem na construção da unidade industrial.

Kleib Fadel, consultor da multinacional finlandesa Pöyry, detalhou os possíveis impactos com a expertise de quem acompanhou todo o desenvolvimento industrial de Três Lagoas de perto.

Aliás, a experiência da cidade vizinha ilustra a expectativa do público presente que aprovou, por unanimidade, a viabilidade e a instalação do empreendimento.

Repercussão

O presidente da Associação Sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore/MS), Moacir Reis, está otimista quanto ao projeto. "Essa audiência foi um grande passo em favor desse investimento que vai mudar para melhor a vida da população e trazer desenvolvimento para a região", comemorou Reis.

Luiz Calvo Ramires Junior, representando a Câmara Setorial de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), também prestigiou a audiência, que seguiu até o início da madrugada desta sexta-feira, 4.

"Fico muito feliz em ver a sociedade receptiva ao projeto. Saímos de lá com uma impressão bastante positiva", afirmou Ramires.

Para o três-lagoense Diógenes Marques, Diretor de Indústria e Comércio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, os investimentos vão posicionar o Mato Grosso do Sul como líder mundial na produção de celulose.

"Serão R$ 4 bilhões de investimentos que consolidam ainda mais a posição e importância de Mato Grosso do Sul neste setor. Este projeto vem agregar e potencializar a produção de celulose do Estado, com duas plantas já em operação em Três Lagoas", concluiu Diógenes.