Famílias gastam mais com impostos do que com educação; mostra IBGE
Brasil - População - Pesquisa de Orçamentos Familiares IBGE
A participação das despesas com educação no gasto total das famílias recuou 24,2% de 2003 a 2009, mostram dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo indicadores selecionados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, custos relacionados à educação responderam por 2,5% das despesas familiares.
Na edição 2002/2003 da pesquisa, a fatia era de 3,3%.
A participação de 2,5% é inferior aos 4,6% dos gastos que são aplicados no pagamento de impostos.
O recuo foi mais acentuado nas famílias residentes das áreas urbanas, cujos gastos com educação passaram de 3,5%, em 2003, para 2,6%, em 2009, recuo de 25,7% na fatia.
Ainda assim, as famílias da zona rural investiram 1,1% de seus gastos em educação, segundo a POF 2008/2009. Em 2003, a fatia era de 1,3%
“A estrutura familiar é fator determinante para as despesas com educação, visto que a presença de filhos faz com que o peso relativo dos valores seja, no mínimo, o dobro do das famílias sem filhos. Entretanto, este grupo de despesa apresentou redução na participação das despesas em relação à POF 2002-2003 (-0,8 ponto porcentual), independentemente da composição familiar”, diz o relatório do IBGE.
De acordo com as diferentes composições, a maior queda das despesas com educação foi vista nas famílias com filhos.
Nas famílias cuja pessoa de referência (principal responsável pelo sustento) é mulher sem cônjuge e com filhos, a queda foi de 1,3 ponto porcentual; na organização “casal com filhos e outros parentes”, o recuo foi de 1,0 ponto porcentual; enquanto nas famílias formadas por casal com filhos, a queda foi de 0,8 ponto porcentual, de 3,9% do total de despesas em 2003 para 3,1% em 2009.
Também houve variação nas participações de outros grupos de gastos.
O grupo habitação consumiu 29,2% das despesas em 2009, contra 29% em 2003.
Os gastos com alimentação passaram de 16,9% do total em 2003 para 16,1% em 2009.
Também subiram as despesas com assistência à saúde (de 5,7% em 2003 para 5,9% em 2009) e com transporte (de 15,1% em 2003 para 16,0% em 2009).
Maior parte de gastos de saúde de famílias é com remédios e planos
De 2003 a 2009, as famílias brasileiras passaram a alocar fatia maior de seus gastos com saúde para a compra de remédios e o pagamento mensal do plano de saúde, em detrimento das despesas com consultas serviços de cirurgia e hospitalização, itens muitas vezes cobertos pelos planos.
Os remédios respondem por 48,6% dos R$ 153,81 gastos mensalmente, em média, pelas famílias brasileiras.
Na edição 2002-2003 da pesquisa, a compra de remédios representava 44,9% do total de despesas com saúde.
Já a fatia dos planos de saúde nas despesas passou de 25,9%, na POF 2002-2003, para 29,8%, na edição mais recente da pesquisa.
Na outra ponta, as consultas com dentistas e os tratamentos dentários foram os gastos que mais perderam espaço no total de despesas, passando de 9,3% na POF 2002-2003 para 4,7% segundo os dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
Os serviços de cirurgia ficaram com participação de 2,8% na pesquisa de 2009, contra 4,1% na edição 2003.
Além disso, as diferenças em função do nível de renda são enormes, segundo o IBGE.
Enquanto o gasto médio mensal por família no grupo dos 40% com menor renda é de R$ 53,45, as famílias no grupo das 10% mais ricas gastam em média R$ 563,69.
“Os remédios tiveram maior peso para as famílias de menor rendimento”, destacou José Mauro de Freitas Jr., técnico da equipe da POF.
Na distribuição dos gastos também há diferenças. Para as famílias dos 40% mais pobres, os remédios representam 74,2% das despesas e os planos de saúde, 7,0%.
No caso dos 10% mais ricos, a ordem se inverte: planos de saúde representam 42,3%, item com maior peso, enquanto os remédios ficam em segundo lugar, com 33,6%.
Evangélicos gastam mais que católicos com pensão, mesada e doações.
Os evangélicos continuam gastando o dobro do que os católicos com pensões, mesadas e doações, embora as despesas das famílias com esse item tenha caído no total de gastos, entre 2003 e 2009.
O peso dos gastos com pensões, mesadas e doações no grupo outras despesas correntes passou de 13,4%, em 2003, para 10,6%, em 2009.
Nas despesas totais das famílias, esse grupo representa 10,8%. Os gastos com pensões, mesadas e doações são 1,1% do total.
“O primeiro destaque é o item pensões, mesadas e doações, que apresenta porcentuais significativamente maiores nos estratos das famílias com pessoa de referência evangélica de missão”, diz o relatório do IBGE.
Contudo, enquanto os católicos direcionam 1% de suas despesas para doações, nas famílias cuja pessoa de referência (principal responsável pelos gastos no domicílio) se declara evangélica, esse item pesa 2,3% do total. Nos evangélicos pentecostais, o porcentual é 1,6%.
Gasto com transportes em viagens é maior para quem ganha menos.
Nas viagens esporádicas, feitas com propósito de lazer, negócios ou visita a parentes, o peso dos gastos com transporte é muito maior para quem ganha menos. Já as famílias de baixa renda destinam 70% das despesas com essas viagens para o item transporte.
A maioria dos gastos em viagens esporádicas (37,9%) foi feita em deslocamentos por motivo de lazer.
“Há um interesse muito grande na conta de turismo”, afirmou Edilson Nascimento da Silva, gerente da POF, explicando a demanda por esse tipo de análise.
Segundo a análise, para famílias com renda acima de R$ 3.015,00 ao mês, o transporte pesa 43,4% nas despesas com viagens esporádicas.
Já os itens hospedagem e alimentação pesam 13,9% e 21,8%, respectivamente.
Nessa faixa de renda, o gasto médio mensal com essas viagens é de R$ 147,63.
Já para as famílias com renda de até R$ 910,00, o transporte pesa 69,6% nas despesas com viagens, enquanto a despesa com alimentação responde por 22,9%, acima do peso para os mais ricos.
A grande diferença está no gasto com hospedagem, que responde por apenas 4,7% dos gastos nas famílias mais pobres.
O gasto médio com viagens nessa faixa de renda é de R$ 8,46 ao mês.
Funcionário público é o que tem maior gasto entre os trabalhadores
Famílias sustentadas por funcionários públicos têm despesa média mensal três vezes e meia maior do que as mantidas por trabalhadores domésticos.
A despesa média mensal das famílias lideradas por funcionários públicos ficou em R$ 4.327,08, contra R$ 1.248,09 no caso das sustentadas por empregados domésticos.
As famílias dos empregados públicos só gastam menos do que as sustentadas por empregadores. “No Brasil, as famílias com as maiores despesas médias foram aquelas com pessoa de referência caracterizada como empregador (R$ 6.373), seguidas pelo grupo formado por empregados públicos (R$ 4.327)”, diz o relatório do IBGE.
O gasto médio mensal em 2008 e 2009 dos empregadores, de R$ 6 373,62, é 5,1 vezes mais do que as despesas de famílias sustentadas por trabalhadores domésticos.
As famílias de funcionários públicos também gastam mais do que as dos empregados do setor privado, cuja despesa mensal ficou em R$ 2 497,14, abaixo da média de R$ 2.732,85 para todas as famílias.
Em termos de padrões de gastos, quem tem renda menor despende relativamente mais com alimentação e habitação.
No caso das famílias lideradas por empregados domésticos, habitação e alimentação pesam 58,8% nas despesas. Já nas famílias sustentadas por empregadores, esses itens representam 37% dos gastos.
A fatia também é menor nas famílias de funcionários públicos (37,4%) e de empregados do setor privado (45,3%).
Um terço das famílias mora em ruas sem asfalto, diz IBGE
Quase um terço das famílias brasileiras vive em moradias localizadas em ruas não asfaltadas.
Segundo dados da pesquisa, 31,1% das famílias estão nessa situação. Além disso, 31,8% das moradias estão perto de “estradas com grande circulação de veículos”.
Foi a primeira vez que a POF, geralmente voltada para o estudo das despesas familiares, analisou informações sobre as características dos domicílios e seu entorno.
A análise também revelou que 7,2% dos domicílios não têm água encanada, 8,9% estão perto de esgoto a céu aberto e 3,2%, nas proximidades de lixões ou depósitos de lixo.
Além disso, 10,3% ficam em locais por onde passam fios de alta tensão e 4,7%, perto de ferrovias em uso.
Segundo técnicos do IBGE, a decisão de investigar as condições de moradia vem da demanda por informações sobre qualidade de vida das famílias. “Essas demandas surgem em função de mudanças no desenvolvimento econômico do País”, disse Edilson Nascimento da Silva, completando que o uso da energia é um tema cada vez mais discutido.
As informações sobre as condições de moradia apontam para os gastos com energia.
No total de domicílios com água encanada, 75,3% têm alguma fonte de aquecimento, sendo que a energia elétrica aquece a água em 70,9% das moradias com água encanada.
O aquecimento a gás responde está em apenas 4,2% desses domicílios.
O aquecimento solar, menos poluente, é utilizado em 0,6% das moradias, atrás até da lenha, usada em 1,2% dos domicílios com água encanada.
O IBGE destacou ainda as diferenças entre as zonas urbana e rural.
No campo, “37,3% dos domicílios com água encanada não tinham aquecimento”, diz o relatório da POF 2008-2009.
Além disso, nas moradias localizadas nas zonas rurais, lenha a carvão são a segunda principal fonte de aquecimento, presente em 5,2% dos domicílios com água encanada.
A POF 2008-2009 também analisou a coleta de lixo, coletado diretamente em 80,7% das moradias - mas ainda queimado ou enterrado em 10,2% dos domicílios.
Além disso, em 29,7% dos domicílios o lixo é separado em material biodegradável e reciclável, mas, nas moradias que separam os resíduos, apenas 40% o fazem para atender a coleta seletiva oficial. Ou seja, a maior parte do lixo separado pode não ter a reciclagem como destino.
A coleta seletiva é mais difundida no Sul, onde 59,9% dos domicílios separam o lixo e 55,6% dos que o fazem seguem a coleta seletiva oficial.
No Norte, apenas 6,6% das moradias separam o lixo, enquanto no Nordeste, o porcentual é de 11,9%.
No Sudeste, a separação do lixo é feita em 36,2% das casas e, no Centro-Oeste, em 12,6%.
Outros estudos do IBGE já haviam apontado que está na Região Sul a maioria dos municípios onde as companhias de lixo fazem coleta seletiva.
Agência Estado/DF
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