O estudante mineiro Leonardo Costa, de 17 anos, conquistou no último domingo (9) uma medalha de ouro na Olimpíada Ibero-Americana de Biologia, realizada na cidade de Cascais, em Portugal. Leonardo é aluno do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que está há mais quase quatro meses em greve.

O jovem busca uma solução rápida para terminar o ensino médio ainda este ano e poder prestar vários vestibulares para medicina e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será no início de novembro, sem correr o risco de “embolar” as provas com a extensão do ano letivo. Ele já pediu a transferência para outra escola pública, em Juiz de Fora (MG), para poder concluir o terceiro ano ainda em 2012.

Fã de ciências desde pequeno, Leonardo está estudando sozinho o conteúdo das matérias sobradas pelos vestibulares que pretende prestar: Fuvest, Unicamp, Unifesp, Uerj, UFMG e UFJF, além do Enem.

Durante o período da greve, Leonardo chegou a frequentar aulas de um cursinho pré-vestibular, mas optou por seguir estudando sozinho. “Ele perdeu o segundo bimestre e está praticamente perdendo o terceiro”, afirma a mãe, Enedina Afonso.

Leonardo vai se transferir para uma escola pública para não perder o direito a disputar uma vaga no sistema de cotas. Ele teme que após a greve as aulas no Coluni sigam até fevereiro de 2013 e que a burocracia para obter o certificado de conclusão do ensino médio prejudique sua matrícula na universidade em que for aprovado.

“Optei por pedir transferência para terminar meu ano. Ninguém sabe até quando vai esta greve, o ano letivo pode entrar em 2013 e não terei como comprovar a conclusão do ensino médio”, diz o estudante. “Se eu mudar de colégio consigo entrar no ritmo e no final ter uma prova de reclassificação por conta das faltas”, acrescenta.

O pró-reitor da UFV, Vicente Lélis, diz não ter conhecimento de quantos alunos já pediram transferência do Coluni para outras escolas durante a greve dos professores. “O prejuízo está posto”, reconhece.

Nesta quarta-feira (12), os professores da UFV decidiram em assembleia continuar com a greve e votaram por uma suspensão temporária a partir de segunda-feira (17).

A luta para concluir o ano é mais um desafio para Leonardo. Ele se destacou na Olimpíada Brasileira de Biologia e se classificou para representar o Brasil na Olimpíada Ibero-Americana de Biologia.

A UFV iria ajudar nas despesas da viagem para Portugal, mas por conta da paralisação dos seus funcionários, o dinheiro demorou a sair.

“Ele queria muito participar. Leonardo sempre gostou de estudar, com um ano e nove meses já pedia para ir à escola”, afirma dona Enedina.

Em Portugal, os estudantes fizeram duas provas teóricas e três provas práticas com os temas biodiversidade e conservação, ecologia e ambiente, e genética e evolução. As provas foram realizadas nos laboratórios da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Apesar das dificuldades financeiras, o Brasil teve bom desempenho na competição estudantil com representantes de 20 países. Leonardo e o cearense Antônio Pedro ganharam medalhas de ouro, enquanto a cearense Jéssica Lopes e o paulista Ivan Tadeu ficaram com a prata.

“Nossos alunos conseguiram o melhor resultado de todos os tempos para o Brasil”, relata o coordenador da Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), prof. Rubens Oda. Com exceção de Leonardo, os demais medalhistas estudam em escolas particulares.