De mal-amado a ídolo, Benzema puxa os Bleus, e pai o compara a Napoleão
Mundo - Esporte - Entrevista com Hafid Benzema
Foto: Globo Esporte
Talentoso com a bola desde os três anos, francês de coração e muçulmano por convicção. É dessa forma que Hafid Benzema define o filho, que do outro lado do mundo, no Brasil, tem conduzido o ataque da França na Copa do Mundo. Sem Frank Ribéry, cortado por lesão às vésperas da Copa, o centroavante do Real Madrid assumiu a liderança dos Bleus, anotou três gols contra Honduras e Suíça e foi eleito o melhor em campo nas duas primeiras rodadas.
“É o melhor, é um craque” comentavam alguns torcedores enquanto assistiam à goleada da França sob a Suíça. Há muito tempo que os franceses cobravam uma postura de líder a Karim Benzema, mas o camisa 10 teimava em não brilhar com a seleção, tinha exibições irregulares e até sentou no banco de reservas para dar lugar a Olivier Giroud nos últimos encontros das Eliminatórias para a Copa do Mundo.
Era um dos alvos preferidos das críticas da mesma torcida que agora o aplaude. O pai do goleador, Hafid Benzema, explica o que está por trás da transformação do filho nos últimos meses.
- Ele é um cara que precisa de confiança e precisa do grupo. Não é um jogador individualista, e agora o grupo está unido, está compacto, estão jogando como equipe. É assim que Benzema consegue se exprimir melhor e se sente confiante. Ele é como Napoleão. O meu filho não quer ganhar nada sozinho. O Napoleão não lutou sozinho, guiou um exército unido atrás dele e venceu pela França. Karim quer fazer o mesmo, mas sempre jogando com o grupo - afirmou o pai do craque em entrevista ao GloboEsporte.com, à porta da sua casa, em Bron, uma pequena cidade na periferia de Lyon.
Ser pai mudou Benzema
Nascido na Argélia, Hafid se mudou para Lyon muito jovem e casou com Malika, nascida em França, mas também filha de argelinos. O casal é pai de sete filhos, Karim Benzema é a inspiração dos dois mais novos, principalmente para o caçula de 15 anos que quer dar os mesmos passos no futebol.
Envergonhada, uma das irmãs de Benzema abriu as portas da modesta casa de Bron à reportagem do GloboEsporte.com. Coberta com chador islâmico (veste que cobre todo o corpo a exceção do rosto), a irmã, que tem os mesmos traços de Benzema, não quis falar e chamou pela mãe Malika.
- Ele não gosta que a gente fale sem ele saber. Às vezes o pai fala com a imprensa, e o Karim fica bravo - explicou Malika Benzema.
Mas imediatamente depois, um carro branco estacionou à porta da casa. Era o pai da família, Hafid, que não se importou de desobedecer as ordens do filho.
- Só falo porque são do Brasil. Nós gostamos muito do Brasil, o Karim também adora o Brasil. Ele é amigo do Fred, e o Ronaldo foi a grande inspiração do meu filho.
Com o marido ao lado, Malika participou da conversa. Sobre o bom rendimento de Benzema com a França, os pais explicaram que o nascimento da filha do craque também contribuiu para o seu crescimento em campo.
- Ele está confiante e maduro. O meu Karim foi pai, a menina Mélia tem cinco meses e ele amadureceu muito com o nascimento do bebê. As exibições no Real Madrid estão cada vez melhores. As pessoas têm de entender que ele era muito jovem, chegou ao Real com apenas 21 anos, uma cidade diferente, uma nova língua, um estádio cheio. Ele nunca tinha saído aqui desta realidade de Lyon e Bron. O Lyon é clube pequeno comparado com o Real Madrid. Agora ele está confiante, está bem - disse Hafid, esbanjando felicidade pelo bom momento do filho em campo.
O nascimento de Mélia foi uma surpresa para a imprensa francesa, que nem sabia que a namorada de Benzema, uma enfermeira francesa de 24 anos, estava grávida. Mas os dois já tinham até casado em uma cerimônia reservada em outubro do ano passado.
A grande festa está reservada para depois da Copa. Com a família unida, Benzema parece ter finalmente encontrado a fórmula para conquistar os franceses que agora quase não falam do fato do atacante não cantar o hino antes dos jogos. No ano passado, o assunto provocou uma grande polêmica no país.
- O Zidane também não cantava. Não entendo, vocês veem os outros cantarem? O Ribéry também não canta. Há muitos que não cantam, não entendo porque é que só pegam no pé do meu garoto - defendeu Malika, mas na verdade, as câmaras mostraram que antes do duelo com a Suíça, só o seu filho não cantou a Marselhesa.
Silêncio durante o hino incomoda
Os franceses já convidaram muitas vezes Karim Benzema a cantar o hino, mas o craque fez de conta. Para muitos dos seus compatriotas, o atacante se recusa a cantar o hino, porque não se sente francês, sente-se um argelino. O que não seria de todo estranho, porque embora tenha nascido em França e tenha crescido no país, a família é toda argelina.
A cidade de Bron, onde os Benzema residem, é uma cidade ocupada maioritariamente por população árabe. Muitas mulheres usam burka ou chador, e o comércio local é controlado pela população de origem árabe.
O centroavante da França cresceu ali, no seio de uma comunidade que segue com convicção os costumes e a religião islâmica. A imprensa francesa escreveu que a namorada de Benzema, Chloé, teria se convertido à religião para poder casar com o jogador. Hafid admite que os costumes da família são vincados, mas sublinha que todo o mundo ali é livre. 
- O meu filho é muçulmano. Nós somos muçulmanos praticantes. Mas ele é francês. Minha esposa não usa chador, a minha filha usa. São coisas que elas sentem de coração.
O Karim se sente francês de coração, ele nasceu aqui, cresceu aqui, estudou nesse país que ele ama. Muitas pessoas não sabem, mas ele foi convidado para representar a Argélia, poderia estar lá jogando com eles, mas preferiu a França. Ele escolheu esta camisa. Cantar ou não cantar o hino não tem nada a ver com o fato de ele se sentir francês de coração - defende Hafid.
Inspiração no “Fenômeno”
Quando assinou pelo Real Madrid, Benzema ofereceu uma moradia de luxo aos pais perto de Lyon, mas a família não quis abandonar a casa onde tudo começou e ainda passa algum tempo na residência de Bron. Ali na modesta moradia em frente ao gramado de futebol do clube Bron Terraillon, a menos de 500 metros do estádio, com um parque para crianças do lado, foi onde Karim aprendeu a chutar para gol.
A mãe Malika fazia até de goleiro para satisfazer a vontade do filho, que desde os três anos não largava a bola. Em um bairro cheio de perigos e com alta taxa de criminalidade e delinquência, os Benzema sempre incentivaram o filho a seguir o sonho do futebol com medo que ele caísse em um desses mundos, por vezes, sem saída.
Mas não foi preciso fazer muito para se tornar jogador profissional, porque Karim Benzema sempre foi dotado de um talento e jeitinho brasileiro com a bola.
- Ele tem um talento brasileiro, ele nunca largava a bola e queria ser como o Ronaldo, imitava as suas fintas e tem um estilo parecido. Desde pequeno que era talentoso com a bola.
Com o clube do bairro ali do lado, o craque já tinha onde jogar sem precisar caminhar muito. E com apenas oito anos já vestia a camisa do Bron Terraillon. Durou apenas dois anos, porque logo chegou o Olympique de Lyon e levou o garoto. Com 10 anos, integrou a base do time e foi ali que fez a sua história até se mudar para o Real Madrid com o rótulo de centroavante mais promissor do mundo com apenas 21 anos.
O seu percurso nos merengues não foi fácil. Benzema teve de se impor no ataque ao lado de Gonzalo Higuaín, Cristiano Ronaldo, Ricardo Kaká e agora Gareth Bale. Benzema é um centroavante, mas na hora de chutar para gol tem de olhar para o lado e ver se CR7 está ali pronto para marcar e, nesse caso, convém dar a bola para o português. No entanto, o protagonismo dos outros craques merengues não incomoda o francês, garantem os pais.
- Ele lida bem com isso. Não é um jogador egoísta, você vê nos jogos dele. Ele gosta do Ronaldo, o Cristiano o ajudou muito nos treinos e na adaptação ao clube. Eles chegaram ao mesmo tempo e são amigos, afirma o pai que também elogiou muito o atual comandante dos merengues Carlos Ancelotti.
Início difícil no Real Madrid
Karim Benzema não começou bem nos merengues, marcou apenas nove gols em sua primeira temporada, mas desde então que todos os anos supera a marca dos 20. Em cinco anos se tornou o artilheiro francês do Real Madrid ao anotar 111 gols. O franco-argelino fez parte do time que venceu a “La Décima”, mas agora tem outro objetivo em mente: guiar a França à vitória de um campeonato do mundo e igualar o feito de outro franco-argelino que se tornou num símbolo da França, Zinedine Zidane.
- Vamos com calma, é muito cedo para falar em vitória. Mas eu vejo um espírito de união no time. Isso é o mais importante. Qualidade não falta ao Karim e ao time, se eles continuarem assim, seguirem o que o Deschamps pedir e não se desunirem, acho que podem vencer a Copa do Mundo - opinou Hafid, que na próxima semana vai viajar para o Brasil para acompanhar o filho no último jogo do grupo E diante do Equador e nas oitavas de final do mundial.
Karim Benzema já é um dos artilheiros da Copa do Mundo com três gols ao lado de Muller, Van Persie, Robben e Enner Valencia. Os franceses esperam que o seu “Napoleão” possa levar o time o mais longe possível para sarar as desilusões dos últimos oito anos.
Cláudia Garcia/Globo Esporte/JE
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