Cartilha ensina como mulher pode evitar anencefalia do feto na gravidez
Brasil - Saúde - Importância do Ácido Fólico
Texto lançado por federação médica destaca a importância do ácido fólico.
Suplementação no 1º trimestre da gestação ainda previne espinha aberta.
Uma cartilha destinada a todas as mulheres do país (baixe aqui) que pretendem engravidar e outra para os médicos (baixe aqui) que devem orientar as pacientes são lançadas nesta quinta-feira (30) pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em São Paulo.
O texto foi baseado em uma orientação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
O objetivo é destacar a importância de as mulheres tomarem suplemento de ácido fólico para evitar malformações no tubo neural do feto, como anencefalia – quando o bebê não tem cérebro – e espinha bífida – quando a coluna vertebral não se fecha por completo e a medula fica exposta para fora do corpo.
Em abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por oito votos a dois, que abortar um feto sem cérebro não é crime.
A partir daí, a Febrasgo decidiu levantar o tema, na tentativa de impedir que um feto anencéfalo chegue a se formar.
Para isso, a entidade propõe que os ginecologistas falem sobre o assunto em qualquer consulta de rotina, como o papanicolaou.
Segundo o presidente da comissão especializada em medicina fetal da federação, Eduardo da Fonseca, é recomendado que a paciente faça, com supervisão médica, uma suplementação oral de 400 a 1.000 microgramas de ácido fólico por dia, pelo menos um mês antes da gestação e durante os três primeiros meses.
Com o objetivo de fixar esse compromisso na cabeça da mulher, alguns ginecologistas já indicam o composto três meses antes.
“A formação do sistema nervoso central do feto ocorre nas primeiras quatro a seis semanas. Então, quando a mulher descobre que está grávida, o cérebro do bebê já está estruturado. A maioria das pacientes chega ao consultório com dois meses”, destaca Fonseca.
O médico diz que 58% das brasileiras ainda não planejam a gravidez e, entre as futuras mães que se programam, apenas 10% ingerem ácido fólico, também chamado de vitamina B9.
Dessa pequena parcela, só 4% tomam os comprimidos na dosagem correta.
Além da forma sintética, que na opinião dos médicos é mais bem aproveitada pelo organismo, o ácido fólico é encontrado na natureza – em alimentos como milho, trigo, folhas escuras, feijões, fígado, gema de ovo, laranja, abóbora e pêssego – e enriquecido em pães e outros produtos à base de farinha no Brasil, cuja lei também prevê adição de ferro para prevenir anemia.
“Essa substância consumida naturalmente é mal absorvida: apenas 50% dela age no corpo. E, com a vida moderna, a mulher acaba não conseguindo obter isso apenas pela dieta”, diz o presidente da comissão da Febrasgo.
Como o ácido fólico age
Essa vitamina ajuda na multiplicação das células e no DNA do feto, segundo Fonseca.
Além disso, tem papel importante na imunidade da mãe e no desenvolvimento da hemoglobina – pigmento vermelho do sangue – e das proteínas estruturais, como o colágeno (presente na pele e nas cartilagens) e a queratina (nas unhas e cabelos), do bebê.
Em caso de baixa dosagem, como não tomar os comprimidos corretamente, o ácido fólico não tem o efeito desejado.
Já em uma situação de superdosagem, segundo estudos experimentais com camundongos, o bebê pode nascer abaixo do peso, ou seja, com menos de 2,5 kg.
“Pesquisas internacionais apontam que recém-nascidos magrinhos podem se tornar adultos mais propensos a problemas como infarto, AVC, trombose, obesidade, diabetes e síndrome metabólica”, enumera o médico.
Incidência do problema e fatores de risco
Segundo a Febrasgo, seis em cada dez mil bebês que nascem no Brasil apresentam algum defeito no tubo neural.
Na população geral, o problema atinge cerca de 0,1%.
Nos casos de anencefalia, as crianças morrem em 100% das ocorrências, de acordo com Fonseca.
Já os pequenos com espinha bífida sobrevivem, mas acabam tendo dificuldade para andar, incontinência urinária e fecal, entre outras complicações.
Para minimizar os prejuízos da medula exposta, logo após o nascimento é feita uma operação para fechar a abertura.
Quando há hidrocefalia – presença de líquido em excesso dentro do crânio –, é feita uma drenagem em direção ao abdômen.
Em 95% das gestações, não há fatores de risco para a mulher ter um bebê assim.
Mas existem alguns, que respondem por 5%, como histórico prévio de gravidez de anencéfalo e uso de remédios anticonvulsivantes por pacientes com epilepsia.
Além desses, há obesidade, diabetes tipo 1 e cirurgia de redução de estômago, que diminui o nível de absorção de nutrientes pelo organismo.
A idade da mulher não influencia esse tipo de malformação no feto, mas adolescentes costumam se alimentar pior e podem ter mais deficiência de ácido fólico.
Estudos no Brasil
Fonseca, que vive na Paraíba, analisou 500 mulheres no Nordeste e observou que cerca de 15% delas usavam ácido fólico como prevenção antes e no início da gravidez.
Outro trabalho, feito em Pernambuco com 125 mil mulheres, mostrou que a inclusão de ácido fólico em farináceos não reduziu os defeitos no tubo neural.
Mas, segundo o médico, isso pode ser explicado pelo fato de na região haver um maior consumo de farinhas não industrializadas.
O médico cita, ainda, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), realizada no ano passado com 300 mil mulheres, que aponta que a fortificação diminuía entre 35% e 40% os casos de problemas no tubo neural do feto.
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