Segunda-Feira 23/06/2025 16:06

Cadê o couro brasileiro?

Mundo - Comércio - Moda Global

Nas passarelas e nos guarda-roupas, o couro às vezes ganha força, às vezes perde, mas nunca desaparece. Prevê-se que ele voltará como destaque nas coleções do inverno 2013. O que não muda, infelizmente, é a invisibilidade do couro brasileiro no cenário da moda global. Saíram do Brasil para o mundo algumas poucas marcas importantes de roupas e calçados, como Companhia Marítima, Havaianas e Melissa – mas, apesar de o país ter o maior rebanho bovino comercial do mundo e fornecer mais de 7% do couro consumido globalmente, quem pensa em couro de qualidade pensa no produto italiano ou australiano.

Há algumas iniciativas para tentar mudar essa situação. Uma investida recente é entre as grifes latino-americanas, como a colombiana Lina Cantillo, de moda masculina. A marca vem fazendo sucesso internacional e tem lojas em badalados endereços como a Avenida Ocean Drive, em Miami. Recentemente, ela abriu os desfiles da feira Colombiamoda 2012, realizada em julho, em Medellín, com calçados e acessórios de couro píton, aquele que imita o couro de cobra, de origem brasileira.

Esse tipo de associação vem se tornando possível graças ao esforço técnico de alguns curtumes brasileiros, que investem em cuidado ambiental, tecnologia e design. A parcela do couro que é vendida ao exterior de forma mais acabada passou de menos de 20% nos anos 2000 para cerca de 60% atualmente, segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). O valor exportado passou de US$ 2 bilhões em 2011. Mas será necessário um trabalho extra para conquistar mais mercado, por causa do histórico ruim do setor. A criação de gado no Brasil é extensiva, ou seja, o rebanho é criado solto. Se bem administrada, essa criação pode resultar em carne saborosa e animais saudáveis, com vida mais próxima da natural que a do gado confinado de países mais ricos. Mas a prática cria outros obstáculos. Ela torna difícil rastrear os animais, que podem ser criados em locais proibidos,como áreas de conservação, em terras indígenas na Amazônia ou fazendas irregulares que utilizem trabalho em condições análogas à escravidão. Aproximadamente 40 milhões de cabeças de gado são abatidas no Brasil por ano. Desses, menos de 10% foram criados no sistema de semi-confinamento, que protege o couro de agressões do meio, como marcas e arranhões causados por cercas, árvores, chifres e parasitas.

Países como Irlanda, Austrália e Argentina oferecem ao mercado externo couro mais bem cuidado. Além disso, menos de 10% dos curtumes brasileiros possuem certificações ambientais que vão além do que a legislação nacional exige, e assim não se enquadram nos padrões internacionais de consumo. Por isso, em média, o couro brasileiro custa 20% menos que o australiano e o argentino. Dois terços da exportação brasileira segue para China, Itália e Estados Unidos. Ela é usada sem identificação de procedência e principalmente em peças grandes e com acabamento menos refinado.

 

Entre os curtumes brasileiros que buscam melhor qualificação, está o Soubach, em Portão, a 45 quilômetros de Porto Alegre, fornecedor da Lina Cantillo. O curtume passará nos próximos meses do ano pela auditoria do BLC, instituição britânica que reconhece as boas práticas ambientais e de gestão no setor. Gustavo Souza, gerente de exportações do Soubach, conta que passou a lançar nove coleções por ano e a produzir couro livre de cromo, aditivo químico que pode causar câncer quando mal descartado na natureza. Apenas 15% da produção nacional tem essa qualidade. A inovação permite que 75% da água usada na produção seja tratada e reaproveitada na irrigação do pasto próximo ao Soubach. O curtume reduziu em 15% o consumo de energia elétrica e aumentou em 37% o número de funcionários.

No curtume Peles Minuano, de Lindolfo Collor, a 65 quilômetros de Porto Alegre, o foco a eficiência também ajuda no trabalho de convencimento do mercado externo. Terceira geração à frente da empresa familiar, Mateus Enzweiler, gerente geral, contabiliza que nos últimos cinco anos houve um aumento de 30% no número de produtos oferecidos, de 80% na produção e de 15% na velocidade, graças às adaptações. Elas incluem tratamento mais nobre para o couro com pelo, mais versátil em produtos de decoração e na fabricação de móveis. “Estabelecemos padrões de qualidade para que não houvesse variações de cor, maciez e textura entre os lotes exportados. Agora, não passa nada fora do padrão”, diz Enzweiler.

O designer de moda Maurício Medeiros, há dez anos, também decidiu curtir o setor. “O mercado externo exige comprometimento, prazo certo de acordo com os lançamentos externos e constância”, explica. O trabalho de Medeiros compreende visitas a universidades, exposições e museus de design no exterior com empresários curtumeiros e donos de empresas de calçados para mostrar como funcionam esses mercados. Em média, são três viagens por ano a cidades como Antuérpia, na Bélgica, Copenhague, na Dinamarca, e Helsinque, na Finlândia. “O objetivo não é replicar modelos, mas treinar o olhar e desenvolver a capacidade de fazer”, diz.

revistaepoca.globo.com/KF

moda global, roupas e calçados, rebanho bovino, comercial, guarda-roupas, couro

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