À frente de legado do irmão, Viviane Senna revela emoção por inspirar filme
Brasil - Homenagem - 20 anos sem Senna
Foto: iG
Há 20 anos, quando Ayrton Senna encontrou a morte após chocar seu Williams com o muro na curva Tamburello, na sétima volta do GP de San Marino de Fórmula 1 de 1994, em Ímola, Viviane Senna abriu mão da carreira como psicóloga para manter vivo um ideal de seu irmão: contribuir por uma melhor educação no Brasil.
Nascia meses depois o Instituto Ayrton Senna (IAS), uma organização sem fins lucrativos que atualmente capacita 75 mil educadores e beneficia cerca de 2 milhões de alunos em mais de 1.300 cidades.
Para não fugir do lado esportivo que inspirou a criação do instituto, Viviane Senna compara o projeto à troca de informações entre um piloto e sua equipe.
"Nosso trabalho começa na consultoria que fazemos, gratuitamente, às secretarias de educação de municípios e estados que nos procuram. Montamos, a quatro mãos, metas, indicadores e estratégias para cada realidade, que passa por um diagnóstico completo. Ou seja, essa precisão, seriedade e compromisso com a causa são legados também de Ayrton, que sempre valorizou e esteve ao lado dos técnicos e engenheiros da escuderia, participando ativamente dos ajustes do carro. É o que também fazemos pela educação", explicou a irmã do tricampeão de Fórmula 1 e presidente do IAS, em entrevista ao iG Esporte.
O instituto colocou Viviane em posição de maior destaque na sociedade. Mesmo assim, ela se mantém comedida e discreta ao falar da fatalidade que vitimou seu irmão, postura comum no clã Senna após o acidente de 1º de maio de 1994.
Tanto que nesta entrevista, concedida por meio de sua assessoria de imprensa, ela optou por não responder a três perguntas, com foco mais pessoal. Mas se mostrou mais bem resolvida com os perigos que envolvem o automobilismo ao permitir que o filho retomasse a carreira de piloto - além da morte de Ayrton, a perda do marido, Flávio Lalli, num acidente de moto em 1996 também a fazia relutar em aceitar a opção de Bruno Senna pelas pistas de corrida.
O ano que simboliza duas décadas sem Senna, cercado de homenagens, começou da forma como ele se tornou um dos maiores ídolos do esporte nacional: com vitória.
O piloto inspirou o samba-enredo que deu à Unidos da Tijuca o título do carnaval no Rio de Janeiro. Nesta entrevista, Viviane conta quais são as outras ações em 2014 em memória ao irmão. fala sobre a relação com os fãs e revela a emoção de ver o abraço que deu no capacete de Ayrton, durante o velório em São Paulo, inspirar uma cena do filme "Homem de Ferro 3".
A cena de seu abraço no capacete de Ayrton no velório em São Paulo é uma das mais simbólicas da morte dele. Você sabia que o roteirista de "Homem de Ferro 3" a viu no documentário "Senna" e a copiou no filme? O que acha de um gesto tão afetivo e pessoal servir de inspiração para uma cena de filme?
Viviane Senna: Sim, eu soube do fato e fiquei muito emocionada com isso. Tantas coisas são simbolizadas nesse ato. Uma delas é a de que um herói admirado por tanta gente se foi e o quanto isso entristeceu as pessoas, o que no filme também é ressaltado. Por outro lado, mostra o amor de uma pessoa por outra. Como esse sentimento legítimo é capaz de se transformar em saudades. Achei bacana a mensagem, porque também é uma homenagem ao Ayrton.
Como é a sua relação com os fãs de Ayrton atualmente?
É muito boa. Todos permanecem como há 20 anos: carinhosos, respeitosos, parceiros... Muitos fãs são hoje nossos colaboradores com doações que fazem mensalmente ao trabalho do Instituto. É bem bacana que continuem esse vínculo justamente para realizar o sonho de Ayrton em contribuir à construção de um Brasil melhor e mais digno para todos, por meio da educação.
Como foi a experiência de ver a trajetória de Ayrton virar tema de carnaval, e ainda sair vitoriosa?
Foi indescritível. Desde os preparativos, um ano antes, até o dia do desfile na Sapucaí era tudo muito especial e inédito pra mim. Acompanhar a apuração, então? Sentia-me de volta às corridas decisivas de Ayrton na F1 quando ele ganhava por milésimos de diferença do segundo colocado.
Toda equipe da escola Unidos da Tijuca se dedicou dia e noite para proporcionar aquele espetáculo de arrepiar e foi recompensada com a vitória.
Eu e o IAS sentimo-nos envolvidos por esse clima e essa energia que ainda hoje se refletem no dia a dia, na vontade de continuar fazendo bem o que fazemos, de levar a bandeira da educação de qualidade ao mundo todo, como Ayrton levava a nossa bandeira ao pódio. A experiência do carnaval marcou não só a história da Unidos da Tijuca, mas, também, a história de Ayrton e do Instituto.
As crianças hoje auxiliadas pelo Instituto conhecem Ayrton só pelo nome. Quais virtudes do seu irmão que você e os profissionais do IAS usam na educação?
Nosso trabalho começa na consultoria que fazemos, gratuitamente, às secretarias de educação de municípios e estados que nos procuram. Montamos, a quatro mãos, metas, indicadores e estratégias para cada realidade, que passa por um diagnóstico completo.
Ou seja, essa precisão, seriedade e compromisso com a causa são legados também de Ayrton, que sempre valorizou e esteve ao lado dos técnicos e engenheiros da escuderia, participando ativamente dos ajustes do carro. É o que também fazemos pela educação.
Os alunos beneficiados pelas nossas soluções educacionais são, em grande parte, crianças e jovens em situação de risco social, nascidos e criados em ambientes desfavoráveis, não só econômicos, mas, também, emocionais.
Um dos legados do Ayrton são os valores que ele vivenciava dentro e fora das pistas com os quais os alunos e os professores têm contato por meio do trabalho na sala de aula: motivação, determinação, superação, busca pela perfeição.
Ou seja, para uma criança que passou anos na mesma série porque não sabia ler nem escrever, e já está com idade escolar avançada, é essencial reconstruir a autoestima, deteriorada pelas repetências, pela sensação de incapacidade e pelo julgamento de outros sobre a sua falta de aptidão para ter sucesso na escola.
Os valores do Ayrton, sua história de superação nas corridas e na vida são combustíveis essenciais que ajudam o aluno nessa reconstrução e também a superar as dificuldades da sua vida, fora da escola. Os professores também lançam mão desses valores para acreditarem que são, sim, capazes de ensinar e que podem mudar o ensino oferecido na escola, porque são fundamentais nesse processo.
Quais ações do instituto serão voltadas aos 20 anos da morte de Ayrton?
2014 é especial porque celebra os 20 anos do legado do Ayrton, ou seja, seus valores e o IAS. Para começar, lançamos a campanha, criada pela JWT, com o conceito “Ayrton Senna Sempre”, agregando todas as ações do ano, com a assinatura “Jamais vai existir outro Senna, mas todo mundo pode ser a cada dia, sempre, um pouco mais Ayrton”.
O filme, que traz todos os conceitos e significado desses 20 anos, dos valores do Ayrton e do trabalho do IAS, é muito bacana e nos leva a uma reflexão sobre como somos e estamos no mundo e de que forma também podemos ser campeões naquilo que fazemos. É, também, um momento de inspiração para qualquer um que deseja fazer a diferença, como Ayrton fez.
O desfile da Escola de Samba Unidos da Tijuca foi a largada do ano de celebrações. Lançamos, também, o novo site oficial do pilotoconcebido para ser a maior referência em informações sobre a vida e a carreira de Ayrton, com espaço para admiradores de todos os cantos do planeta prestarem suas homenagens. Temos uma exposição Ayrton Senna sendo realizada em Londres, na Proud Galleries, e nos primeiros dias de maio haverá um evento em Ímola, em tributo aos 20 anos do legado do nosso tricampeão.
No Brasil, estão ocorrendo várias exposições em shoppings, com carros, macacões, troféus e outras peças históricas que marcaram a carreira do Ayrton. Acabamos de realizar o Fórum Internacional de Políticas Públicas "Educar para as Competências do Século 21", que reuniu lideranças de vários países, em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Ministério da Educação (MEC), um importante espaço de debate e de soluções à qualidade da educação que fortalecem o trabalho do Instituto, a maior vitória de Ayrton fora das pistas.
Além disso, já chegaram ao mercado novos produtos com a marca Ayrton Senna, como capacete comemorativo, caneta, óculos, estátuas, fascículos com a história do piloto na F1 e carro para montar, e outros itens para fãs e colecionadores que, ao adquirirem esses produtos, também contribuem ao nosso trabalho, já que parte do valor é revertida às ações do IAS por todo o Brasil. Todas as ações desse ano especial podem ser acompanhadas pela nossa fanpage no Facebook.
Os royalties que a marca Ayrton Senna rendem são uma das fontes de renda do IAS. Quanto fatura essa marca atualmente? São quantos produtos licenciados?
Os produtos com as marcas Ayrton Senna e Senninha subsidiam mais de 40% dos recursos que utilizamos para a implementação de nossas soluções educacionais nas redes de ensino municipais e estaduais.
Dentre as outras fontes que sustentam esse trabalho estão as parcerias com empresas socialmente responsáveis e a doação de pessoa física, seja como doador mensal, seja como doador da Nota Fiscal Paulista de suas compras. Atualmente são cerca de 50 produtos com as marcas Ayrton Senna e Senninha.
Quando Bruno Senna decidiu retomar a carreira de piloto você era contra. Hoje, lida melhor com essa escolha de seu filho?
Na verdade, eu tinha um grande receio do Bruno começar sua trajetória como piloto, por motivos óbvios. Um dia, no entanto, me dei conta que estava, de certa forma, interferindo no futuro do meu filho, algo que não é de meu feitio, já que estou à frente de uma organização que, justamente, oferece oportunidades a crianças e jovens para que possam se desenvolver integralmente.
Quando tive essa consciência, chamei o Bruno para uma conversa e disse a ele que podia contar comigo e que o apoiaria na sua carreira. Assim tem sido desde então.
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