Uma multinacional instalada no Brasil teve, em pouco mais de duas décadas, vários presidentes vindos da matriz e de outros países europeus. Cada um desses executivos tinha uma competência predominante para enfrentar os desafios que a organização vivia em momentos específicos.

O primeiro deles, especialista em finanças, veio colocar em ordem a saúde econômica e financeira da empresa, debilitada não só pelos desacertos da economia nacional e pelos sucessivos pacotes governamentais, mas também pela má gestão interna da companhia.

Seu sucessor, engenheiro craque em manufatura e controle de qualidade, recebeu a missão de modernizar e tornar mais eficiente o parque industrial da empresa.

Missão cumprida, ele cedeu o lugar a outro executivo, com vasta experiência em logística e vendas, que teve como meta tornar mais competitiva a organização que perdera market share para concorrentes que tinham acabado de entrar no mercado.

Aos CEOs seguintes coube a tarefa de consolidar as reestruturações e fazer a empresa crescer novamente.

Essa é a história real vivida pela sucursal da multinacional no País, mas várias outras empresas tiveram experiência similar nas últimas três décadas. É comum as organizações recorrerem, em momentos diferentes, a executivos com perfis e competências diversas, para enfrentar desafios específicos.

Assim, um profissional com forte experiência em logística pode ser o executivo adequado para conduzir, num determinado momento, uma organização com um gargalo logístico crítico que compromete o desempenho do negócio ou que pretenda expandir suas atividades nesse setor.

Às vezes, não importa o fato de o CEO vir de outro segmento e não conhecer bem o mercado em que atua a empresa que o contrata. O que importa é que ele tenha algumas qualidades, como liderança, visão estratégica, capacidade de comunicação, ousadia, apetite pelo risco, entre outras, que são indispensáveis à gestão em qualquer tipo de negócio.

Com o tempo, ele se familiarizará com as especificidades da organização, do negócio e do mercado. Por isso, muitos executivos transitam com desenvoltura por diferentes segmentos, ocupando postos de direção em empresas de serviços, de telecomunicações ou na indústria automobilística, para citar alguns exemplos.

Mas isso depende da cultura da organização. Algumas empresas não gostam de buscar executivos, principalmente CEOs e diretores, em outros setores. Elas preferem apostar em profissionais que conhecem bem o negócio e o mercado, razão pela qual vão buscar talentos nos concorrentes. Em tempos de escassez de talentos, optam por treinar e promover a prata da casa.

Na realidade, não existe um modelo único. Um profissional que teve uma boa experiência no marketing de uma montadora de automóvel pode se sair muito bem no mesmo posto em uma grande empresa de varejo.

Um executivo que obteve excelentes resultados numa companhia aérea, a princípio, tem qualidades para repetir o desempenho numa empresa de telefonia.
Tudo depende do talento do executivo.