Segunda-Feira 23/06/2025 13:51

Com destino nas mãos do STF, Eternit se prepara para ir do piso ao teto

Brasil - Economia - Fabricante de Materiais de Construção

Poucas empresas passam pela dificuldade que a Eternit (ETER3) deve passar entre este e o próximo ano. A fabricante de materiais de construção deve ver a utilização de sua principal matéria-prima, o amianto - responsável por 33,8% do faturamento no segundo trimestre de 2012 -, avaliada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em julgamento esperado para 2013. Se os ministros decidirem que o amianto deve ser banido no Brasil, a ação da empresa deve despencar, e vice-versa. A companhia, porém, já toma medidas para reduzir cada vez mais a exposição ao amianto, usado principalmente na fabricação de telhas, e adotou como meta produzir acabamento para construções de todos os tipos, “do piso ao teto”.

A companhia planeja expandir seu portfólio de produtos de materiais de construção. A própria Eternit já não mais produz apenas telhas e caixas d’água, seus produtos mais conhecidos, e investe na construção de uma fábrica de louças sanitárias, fruto de uma parceria com a colombiana Corona. Também tem exposição aos metais sanitários, telhas de concreto e outros materiais de construção. "Isso funciona como um hedge natural contra a questão do amianto", afirma Rodrigo Luz, gerente de relações com investidores da companhia, em entrevista ao InfoMoney.
Fábrica Eternit Rio de Janeiro

Diversificação é possível

A exposição da companhia ao amianto ainda é enorme: além do business de extração do amianto responder por um terço das receitas, o fibrocimento conta com o amianto como principal matéria-prima. E este segmento responde por outros 48,5% do faturamento. A proibição do amianto não vai, necessariamente, destruir este segmento da companhia, já que é possível fabricar fibrocimento com outros materiais - embora Luz avalie que este novo produto não teria o mesmo custo-benefício que o atual.

Entre as 10 companhias do setor de fibrocimento, apenas uma, atualmente, não utiliza o amianto para produzir fibrocimento. Trata-se da Brasilit, controlada pela francesa Saint-Gobain, antiga sócia da própria Eternit. Proibida de utilizar amianto por ordem da matriz, a Brasilit trabalha com margens muito baixas por conta desta situação - já que precisam vender o seu produto, de fabricação mais cara, pelo mesmo preço que o fibrocimento das rivais.

A Brasilit é uma das empresas que podem ser adquiridas um dia pela Eternit. "Caso o veto ao amianto seja derrubado, eles devem jogar a toalha. E aí compramos a Brasilit", afirma o executivo. Por ora, as aquisições a serem feitas são de outras empresas de materiais de construção, como pisos. O alto endividamento do setor colabora para isso - já que a companhia pode optar por costurar acordos com os credores de algumas dessas empresas. "Os bancos ficam esperando por isso antes de liquidar as companhias, alguém com gestão mais profissional se interessar por tomá-las e assumir as dívidas", destaca.

Fusões com outras empresas também estão sendo sempre avaliadas – ainda que grandes negócios dificilmente aconteçam antes da decisão do STF. Outras associações com empresas internacionais também são bem-vistas pela direção da Eternit, como a que foi firmada com a Corona. "Há varias gigantes interessadas em entrar no mercado brasileiro", salienta. “Nós podemos agregar a capacidade de distribuição dos produtos.” A meta é que, no futuro, 50% das receitas não tenham nenhuma relação com amianto, telhas ou caixas d’água.

Audiência inicia-se em breve

A audiência pública para expor o caso amianto no STF deve ser iniciada nesta sexta-feira (24), com outra sessão no dia 31. O julgamento, porém, só é esperado para o ano que vem. Caso a utilização do amianto seja aprovada, derrubam-se leis estaduais que atualmente a proíbem. Caso contrário, inicia-se um processo que pode resultar na proibição nacional. "Não é o mérito do STF legislar sobre o assunto, mas ele tem feito isso com alguma frequência nos últimos anos", destaca Luz.

Atualmente, o amianto é banido em quatro estados brasileiros: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. São Paulo restringe apenas o uso e não a produção do amianto - etapa em que a exposição seria, supostamente, mais danoso. Com isso, a empresa pode utilizar o porto de Santos para exportar o produto. Um dos destinos é a Alemanha, onde a utilização do amianto é banida para certos usos, mas legal para outros. "A lei é hipócrita por lá", diz.

Um banimento não deveria vir sem tempo de adaptação. Foi assim na Europa, onde a indústria teve cinco anos para se adaptar. O amianto, por ser barato, pode ser positivo para o mercado imobiliário brasileiro, que ainda consta com déficit habitacional enorme - sobretudo nas classes mais baixas. A necessidade da utilização de produtos mais caros pode ser danosa, já que o principal cliente do amianto seria o público interessado em expandir sua residência sem grandes gastos.

Julgamento só ano que vem

O julgamento, porém, só deve vir ano que vem na avaliação de Luz. As audiências se realizam ainda este ano, mas o ministro relator Marco Aurélio de Mello, deverá ter o tempo necessário para formular o voto. Com o STF ocupado com o julgamento do Mensalão, é improvável que o tema seja posto em pauta em breve. Com a aproximação das eleições municipais, é provável que o tema da Ficha Limpa volte a ser votado pelos juízes - em um julgamento que deve terminar pouco antes do recesso de fim de ano, não deixando tempo hábil para nova votação.

Para Luz, há praticamente um empate técnico. Entre os 11 atuais ministros do STF, Luz admite que cinco tenderiam a votar contra, cinco a favor e um último voto é desconhecido. Ele lembra, porém, a aposentadoria de três juízes neste ano - todos eles contrários ao amianto. "Então mesmo que entre dois ministros contrários, teríamos ganho com um voto a mais", afirma. Um dos nomes mais cotados para entrar é Luís Adams, atual advogado-Geral da União, que de acordo com o próprio Luz, possui um viés antiamianto.

Ainda que a empresa já esteja se preparando para viver sem o amianto, uma proibição nacional seria extremamente danosa para a companhia. Ela precisaria fazer diversos ajustes em seu negócio, o que reduziria temporariamente os dividendos pagos pela companhia. Isso, por sua vez, provavelmente levaria a uma acentuada desvalorização dos papéis, já que boa parte dos acionistas da Eternit está interessada na farta distribuição dos dividendos, que devem corresponder a cerca de 9% do valor da ação neste ano.

Um ponto favorável destaco por Luz é que a empresa tem hoje uma dívida líquida equivalente a zero – podendo, portanto, tomar empréstimos para diversificar os ramos de negócio. No término do segundo semestre, a empresa contava com caixa líquido de R$ 13,8 milhões e R$ 111 milhões em dívida bruta, por conta da antecipação de contratos de câmbio e de exportações.

Amianto é seguro para o trabalhador...

Para ele, o lobby antiamianto é fruto da guerra comercial entre as empresas que fabricam produtos com essa matéria-prima e a Brasilit. "Estava tudo bem quando éramos sócios", afirma. Na visão de Luz, muito do que se diz sobre o assunto não é fundamentado em conhecimento técnico. Ele salienta que o amianto, sim, faz mal ao trabalhador que inala - mas a cadeia produtiva já tomou as devidas medidas. "Mas todo mineral é tóxico se inalado. Por que não proibir o ferro?" indaga o executivo.

Há casos recentes de problemas com amianto, como Aldo Vicentin, antigo funcionário da Eternit, que morreu em 2008 vítima de um raro tipo de câncer causado por exposição ao mineral. Contudo, Luz lembra que nenhum desses casos ocorreu em trabalhadores da companhia depois de 1980 - ano em que a cadeia produtiva se preparou para prover segurança. Vicentin havia trabalhado na Eternit na década de 1960. "A oposição ao amianto dizia que precisava-se de 20 anos, 30 anos para os malefícios se manifestarem, mas até hoje não surgiu nenhum novo caso. Eles vão dizer que precisam de mais 10, 20 anos?", pergunta.

Além disso, a proibição do amianto na Europa deriva de outros fatores que não fazem sentido no Brasil. Além de utilizarem um processo produtivo que resultava em maior exposição para o trabalhador, o tipo de mineral utilizado por lá era diferente. Enquanto aqui utiliza-se o amianto crisotila, no velho continente havia preferência pelo anfibólio - muito mais danoso ao corpo humano. Esse tipo de amianto também chegou a ser utilizado, décadas atrás, por aqui, mas não é mais a escolha da indústria, justamente por fatores de segurança.

Para provar que o processo de fabricação da companhia é seguro, a Eternit iniciou um programa, há quase 10 anos, de "portas abertas". O interessado em visitar uma instalação da empresa pode realizar uma inscrição no site e embarcar em um tour na unidade mais próxima. O programa é aberto a qualquer pessoa, não apenas os acionistas da companhia, e já recebeu 53.000 visitantes. "A Eternit tem um compromisso com a sociedade", salienta Luz, lembrando que a companhia também permite que os seus funcionários parem de trabalhar, por tempo indeterminado, se acreditarem que sua saúde está em risco - com segurança de emprego.

...mas pode ser negativo para ação

Embora Luz acredite que o amianto seja completamente seguro para o trabalhador, talvez ele não o seja para as ações da Eternit. "É impossível quantificar a precificação negativa do caso do amianto nas ações da companhia", afirma Luz. Na avaliação do executivo, uma proibição dessas poderia fazer bem no longo prazo para os ativos, que atualmente estão "baratos" - por serem negociados com múltiplos baixos comparados com a média do setor imobiliário já que o investidor exige um desconto para comprar o risco-amianto.

Para conseguir transmitir tranquilidade aos investidores, a companhia assumiu completa transparência sobre o caso: substituiu a palavra "amianto" por "mineral crisotila" em seus releases de resultados com o intuito de mostrar a diferença existente os dois tipos da matéria-prima. Já que a palavra "amianto" conta com reputação ruim, o gerente de relações com investidores destaca que esta é uma forma de defesa.

Parte do mercado parece ter entendido a situação atípica da companhia. A Eternit vê suas ações avançarem 27,86% durante o ano, até o fechamento da última quarta-feira (22), enquanto o Ibovespa sobe 4,63% e Imob, que mede o desempenho do setor imobiliário, sobe 14,29%. Além disso, a ação figurou entre uma das small-caps mais recomendadas por analistas para o segundo semestre e consta em diversas carteiras voltadas para dividendos. "A empresa tem conseguido apresentar crescimento e dividendos, algo raro no mercado", finaliza Luz.

 

infomoney.com/KF

fabricante de materiais de construção, matéria-prima, amianto, fabricação de telhas

Compartilhar faz bem!

Eventos

  • 1º Encontro dos Amigos da Empaer

    1º Encontro dos Amigos da Empaer

    Cidade:Dourados
    Data:29/07/2017
    Local:Restaurante / Espaço Guarujá

  • Caravana da Saúde em Dourados II

    Caravana da Saúde em Dourados II

    Cidade:Dourados
    Data:16/04/2016
    Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão

Veja Mais Eventos

Balcão de Oportunidades / Empregos(Utilidade Pública)

Não é cadastrado ainda? Clique aqui

Veja todas as ofertas de vagas

Cotações

Indisponível no momento

Universitários

Serviço Gratuito Classificados - Anúnicios para Universitários
Newsletter
Receba nossa Newsletter

Classificados

Gostaria de anunciar conosco? Clique aqui e cadastre-se gratuitamente.

  • Anúncios

Direitos do Cidadão

Escritório Baraúna-Mangeon Faça sua pergunta
  • Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatá...Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatária aqui em Cuiabá, levou muita grana nossa, e uma eco esporte. Ela se chama LEUNIR..., como faço pra denunciar ela aí nos jornais?Resp.
  • Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um...Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um eo outro parcial ja faz um bom tempo que nao trabalha e estava recebendo auxilio doença mas foi cancelada e ja passou por duas pericias e nao consegui mais , sera que tem como ela aposentar?Resp.
  • quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje out...quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje outbro de 2013Resp.
  • meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 ...meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 a zero caso ele tenha alguma condenacao esse 2 anos e meio pode ser descontadoResp.
  • gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilota...gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilotar maqunas agricolas?? se tiver como fasso pra me escreverResp.
+ Perguntas

Espaço do Leitor

Envie sua mensagem:
Sugestões, críticas, opinião.
  • iraci cesario da rocha rocha

    Procuro minha irmã Creusa Maria Cesario ela era de Dracena SP , minha mãe esta idosa 79 anos precisa ver ela se alguem souber nos avisa ..contato 018 996944659 falar com Iraci ..minha irmã foi vista nessa região

  • iraci cesario da rocha rocha

    Boa noite , estou a procura da minha irmã Creusa Maria Cesario desapareceu ha 30 anos , preciso encontrar porque minha mãe esta com 79 anos e quer ver , ela foi vista ai por essa região , quem souber nos avise moramos aqui em Dracena SP

  • maria de lourdes medeiros bruno

    Parabéns, pelo espaço criado. Muito bem trabalhado e notícias expostas com clareza exatidão. Moro na Cidade de Aquidauana e gostaria de enviar artigos. Maria de Lourdes Medeiros Bruno

  • cleidiane nogueira soares

    Procuro por Margarida Batista Barbosa e seu filho Vittorio Hugo Barbosa Câmara.moravam em Coração de Jesus MG nos anos 90 .fomos muito amigos e minha família toda procura por notícias suas.sabemos que voltaram para Aparecida do Taboado MS sua cidade natal

  • Simone Cristina Custódio Garcia

    Procuro meu pai Demerval Abolis, Por favor, me ajudem.Meu telefone (19) 32672152 a cobrar, Campinas SP.

+ Mensagens