Mutirão carcerário vira dor de cabeça para a Polícia, que está em alerta
Estado - Segurança Pública - Direito dos Presos
A Polícia de Mato Grosso do Sul está preocupada com as conseqüências da liberdade de presos que, apesar de terem direito à deixar a cadeia, ainda não foram ressocializados.
A estimativa policial é que 900 detentos voltem as ruas nos próximos meses, devido ao mutirão carcerário que começou ontem no Estado.
Juízes do Poder Judiciário e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) estão analisando 11 mil processos de execução penal. A intenção é colocar em liberdade detentos que já têm direito e ainda não estão fora dos presídios por falta de análise processual.
O medo é que a liberdade, de uma vez só, de quase mil detentos, aumente a criminalidade.
“Apesar de ser direito do preso, o sistema carcerário brasileiro não cumpre com o dever da ressocialização e alguns podem vir a cometer crimes”, diz o tenente-coronel da PM (Polícia Militar) Valter Godoi, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
Casos de reincidências são vistos diariamente e é esta situação que preocupa a Polícia.
Um exemplo é Jheferson Luiz Nogueira da Paixão, que ficou preso por 30 dias após ter cometido um homicídio e depois de um mês nas ruas matou outra pessoa e voltou para o presídio.
Robson Vander Lan, 29 anos, apontado como autor de pelo menos nove estupros, sendo um de estudante do curso de Química da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), saiu do presídio e voltou a cometer os abusos.
Ele cumpriu pena por homicídio e após ter ficado na cadeia de acordo com as leis brasileiras, conseguiu liberdade e voltou a praticar delitos, sendo preso novamente neste mês, já reconhecido por 8 vítimas.
O delegado de Polícia Civil, Fabiano Gastaldi, presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul, também diz que a situação preocupa a classe. “A reincidência é preocupante porque é alto o índice de crimes cometidos por ex-presidiários”.
Fabiano Gastaldi lembra que voltar ao convívio em sociedade é um direito do presidiário. “Se for posto em liberdade é porque tem direito”.
Redação/Jornal do Povo/DF
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