Crédito cresce 45% na Caixa e analistas veem risco de salto na inadimplência
Brasil - Economia - Crescimento de Crédito da Caixa
A Caixa Econômica Federal apresentou no segundo trimestre resultados bem distintos dos três principais concorrentes privados - Itaú, Bradesco e Santander.
O lucro cresceu 25% no primeiro semestre, para R$ 2,84 bilhões, a carteira de crédito avançou 44,6% nos 12 meses encerrados em junho e a inadimplência ficou estável. Os dados foram celebrados pelo banco, mas analistas apontam riscos na estratégia da instituição.
O temor é de que o ritmo de crescimento do crédito culmine em explosão da inadimplência mais à frente - mesmo considerando que 60% da carteira é de empréstimos imobiliários, em que o calote é menor. No limite, o banco teria de ser socorrido pelo Tesouro Nacional, uma vez que pertence 100% ao governo.
“Se eu estivesse à frente de um banco aqui no Brasil, neste momento, seria mais cauteloso”, afirmou o presidente da agência de classificação de risco Austin Rating, Erivelto Rodrigues.
A tônica dos bancos privados no semestre foi de lucros estáveis ou com leve queda, inadimplência em alta e revisão para baixo das projeções de crescimento do crédito. Exatamente o contrário do que a Caixa reportou.
No Itaú, por exemplo, o lucro semestral recuou 5,6%. No Santander, a queda foi ainda maior: 22,6%. No Bradesco, os ganhos subiram 2,5%. Em relação ao crédito, a projeção mais otimista entre os privados é a do Bradesco, que vê alta entre 14% e 18%.
O ritmo da Caixa é mais de duas vezes superior ao teto do Bradesco. Segundo o presidente da instituição, Jorge Hereda, a expectativa de alta do crédito no ano foi revisada de 33% para 42%. “Estamos expandindo a carteira, mas a nossa taxa de inadimplência está controlada”, frisou.
Na Caixa, o índice de inadimplência terminou o primeiro semestre em 2,04%, abaixo dos bancos privados e da média do sistema financeiro (5,8%).
“Quando há expansão forte do crédito, a inadimplência cai ou fica estável”, ponderou um analista que pediu para não ser identificado. “O denominador da conta (crédito) avança mais rapidamente que o numerador, pois o cliente não fica inadimplente logo que toma o empréstimo.”
O presidente da EFC Consultores, Carlos Coradi, também mostra preocupação. “Não conheço os controles da Caixa, mas o risco está crescendo”, observou.
A alta do crédito é tão expressiva que Hereda voltou a dizer que a Caixa precisará de aporte do governo. “O ministro Guido Mantega (Fazenda) já nos garantiu que a Caixa receberá o aumento de capital necessário para cumprir o seu papel.” O valor será definido ainda em 2012.
A necessidade existe porque a Caixa está perto de estourar os parâmetros do Banco Central para a concessão de crédito - dado pelo chamado Índice de Basileia.
Entre 2008 e 2009, bancos públicos e privados também adotaram estratégias distintas. Na ocasião, o governo sofreu pesadas críticas.
Mais tarde, o próprio mercado (por meio da valorização das ações do Banco do Brasil) reconheceu que os públicos estavam certos. Como daquela vez, só o tempo dirá quem tem razão agora.
Leandro Modé/O Estado de S. Paulo/JE
Galeria de Imagens / Fotos / Turismo
Eventos
-
1º Encontro dos Amigos da Empaer
Cidade:Dourados
Data:29/07/2017
Local:Restaurante / Espaço Guarujá -
Caravana da Saúde em Dourados II
Cidade:Dourados
Data:16/04/2016
Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão