Político morreu aos 85 anos em Tel Aviv; ele estava em coma desde 2006

Morreu na manhã deste sábado, em Tel Aviv, o ex-premiê israelense Ariel Sharon. Ele estava em coma desde 4 de janeiro de 2006, após um derrame cerebral.

No dia 2 de janeiro deste ano, a direção do hospital onde ele está internado já noticiara que alguns de seus órgãos vitais tinham parado de funcionar e o risco de morte era grande.

Sharon foi primeiro-ministro de Israel entre 2001 e 2006. Seu nome verdadeiro era Ariel Scheinermann. Era chamado carinhosamente de Arik.

Carreira no exército

Sharon nasceu em um assentamento judeu sob domínio britânico. Era filho de um pai judeu de origem lituana e uma mãe judia de origem russa.

Ainda adolescente, entrou para o Gadna, um grupo paramilitar israelense. Depois, participou do Haganah, outro grupo paramilitar que deu origem ao Israel Defense Forces (IDF).

Na juventude, foi general do exército e participou da guerra da independência em 1948.

Mais tarde, participou do conflito de Suez, em 1956, da Guerra dos Seis Dias, em 1967, e da Guerra de Yom-Kippur, em 1973.

Em sua carreira como general, era conhecido pelo alto poder de estratégia e comando.

Acabou entrando para a história israelense como o maior comandante de todos, chegando a ganhar o apelido de “Leão de Deus”.

Vida política

Após se aposentar das Forças Armadas, entrou para o Likud, o principal partido de centro-direita do país, fundado em 1973 por uma coalizão direitista.

Quando era ministro da Defesa, em 1982, Sharon conduziu a operação de invasão do Líbano.

Naquele ano, foi considerado responsável por não prever e impedir o massacre nos campos de refugiados palestinos em Sabra e Chatila, no Líbano.

O ataque, que deixou milhares de mortos, partiu de uma milícia cristã maronita libanesa aliada a Israel. Pressionado, renunciou ao cargo de ministro.

Após sua demissão, ocupou cargos como o de ministro do Comércio e Indústria (1984-1990) e membro do comitê de Relações Exteriores. 
No comando de Benjamin Netanyahu, entre 1996 e 1999, foi ministro da Infraestrutura Nacional e Ministro de Relações Exteriores.

Primeiro-ministro

Em 2001, já presidente do partido, conseguiu se eleger primeiro-ministro, o 11º do Estado de Israel. Em 2003, foi reeleito.

Líder da direita nacionalista, ele era favorável à colonização dos territórios palestinos.

Durante sua carreira no partido, entre os anos 1970 e 1990, defendeu a construção de assentamentos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. 

Também começou a construção do muro separando Israel da Cisjordânia.

Contudo, também contribuiu para alguns avanços de paz enquanto esteve no poder.

Em 2003, se aproximou do líder palestino Mahmud Abbas e costurou um acordo que envolveu os Estados Unidos, a Rússia e a União Europeia.

Nele, garantia que iria se comprometer para o reconhecimento de um estado palestino.

Já em 2005, surpreendeu ao organizar a retirada israelense da Faixa de Gaza e o fim dos assentamentos da região, expulsando 9 mil israelenses dali.

No mesmo ano, saiu do Likud e fundou seu próprio partido, o Kadima. Esperava ganhar mais uma eleição.

Derrame

No final de 2005, Sharon sofreu um derrame cerebral e foi hospitalizado, mas se recuperou rapidamente. Em 4 de janeiro de 2006, contudo, sofreu outro derrame, dessa vez mais greve, e entrou em coma profundo.

Ehud Olmert, seu deputado, tomou posse como primeiro-ministro em exercício.

Durante oito anos, Sharon apresentou alguns sinais de atividade cerebral, mas os médicos sempre se mostraram céticos à ideia de que ele pudesse voltar do coma.

Sharon era obeso e era conhecido por ser um apreciador de boas comidas. A saúde frágil contribuiu para os dois derrames.

Pouco antes do derrame, Sharon recebera uma má notícia sobre seu filho, Omri. Fora comprovado que ele recebera três milhões de dólares em um escândalo de corrupção.

Antes, Omri já fora condenado a nove meses de prisão por envolvimento nesse esquema criminoso que abalou o nome de Sharon em 1999, quando fazia campanha eleitoral.