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O médico José Eduardo Cury recebeu R$ 635.004,74 em “plantões fantasmas” realizados entre os anos de janeiro de 2008 a dezembro de 2012, apontou o levantamento realizado pelo departamento de recursos humanos da Secretaria de Saúde de Campo Grande. O processo deve ser transformado em sindicância e caso confirmada a condenação dos possíveis “plantões fantasmas”, Cury deverá ter descontados os valores recebidos irregularmente direto de seu pagamento.

A reportagem do Capital News obteve documentos que mostram que Cury realizou 912 plantões fantasmas, isto é sem ter comparecido ao local de trabalho. Isto resultaria em 10.944 horas de serviço, que teoricamente teriam sido prestados pelo médico. O levantamento do RH da Sesau apontou que entre 2008 e 2012 ele realizou de fato 16 plantões de 12 horas e um de seis horas, que corresponderia a 1,80% da carga horária que ele foi remunerado no período.

Em média ele recebeu nos plantões R$ 7.897,16 por mês em 2008, R$ 8.600,88 em 2009, R$ 3.535,21 em 2010, R$ 4.127,27 em 2011 e R$ 2.626,10 em 2011. No período, a remuneração mensal por meio de plantões variou de R$ 240 a R$ 11.534,52.

A reportagem conversou com o médico José Eduardo Cury, que se demonstrou surpreso com a denúncia, pois ele nunca foi notificado desta situação.

“Eu não posso falar sobre isso, eu não tenho informações de nada. Não fui notificado, para mim é uma surpresa. Isso é impossível. Você há de convir que tem alguma coisa errada. Isso parece inclusive uma pegadinha, confesso que eu não fui notificado, já ouvi falar que tinha alguma coisa em andamento e acho que eles estão cometendo um erro gravíssimo, porque na sindicância eu preciso ser notificado, segundo porque ela deve correr em sigilo, porque se você levanta uma mentira e eu não tenho condições de combatê-la”, argumentou Cury.

O médico afirmou que nunca deixou de assinar um plantão feito. “Eu sou um homem com 30 anos de formado, mais de 20 anos na prefeitura e nunca deixei de assinar um plantão. Mas eu não me sinto a vontade falar isso oficialmente, porque nem notificado eu fui, será que existe isso? A verdade é a seguinte, se eventualmente eu for notificado ou apresentarem essas queixas, certamente elas não estarão fundamentadas na verdade. Eu nunca deixei de dar plantão, muito menos de assinar. Se você não assina, como você recebe? Existe todo um procedimento burocrático que tem que ser cumprido, não pode ser burlado. A área de recursos humanos só lança a planilha se ela estiver assinada, se não, não pode lançar. Se lançar plantão para mim e eu não tiver assinado, o ilícito não é meu, é de quem lançou. Mas eu nunca recebi nenhum holerite com valores que não fossem compatíveis com os trabalhos que eu realizei, se não teria denunciado. Isto está me soando como uma perseguição”, avaliou.

Para Cury a perseguição teria começado no início do mandato, com receio do conhecimento técnico ou ciúmes do seu trabalho pelo atual secretário de Saúde do município, Ivandro Fonseca, que ele qualificou como leigo na área da saúde, com uma equipe sem experiência na área e que não consegue abastecer os postos de saúde com suprimentos básicos como abaixador de língua e medicamentos.

“A razão é política, sem sombra de dúvida, e algum tipo de revanchismo, porque qualquer coisa eles estão abrindo sindicância. O secretário se sente feliz quando diz que são 180, 210, sindicâncias, cada hora é um número. Eu confesso que isso é uma imensa tristeza, realmente eu acho que é uma maneira baixa, rasteira, antiética, de tratar denúncias que eu fiz fundamentadas em fatos, cansado de escrever para que a gestão tomasse as devidas providências e não tomaram. A única solução que eles não atenderam não é me atacar, é resolver o problema. Atacaram o Renato Figueiredo , o colocaram para fora da secretaria, ele foi exonerado por ele fez denúncias parece querem fazer isso comigo, mas vou tomar as medidas judiciais cabíveis. Vocês terem essas informações que eu não tenho quebra toda confiabilidade do processo, que parece ser tendencioso, com objetivo de me condenar. Se é tão grave essas coisas assim porque os secretário de 2009, 2010, 2011 não fizeram nenhum tipo de denúncia. Resolveram apurar isso depois que eu fiz as denúncias, é uma situação muito delicada . Estou sendo punido por ter sido corajoso, honesto e querer o bem da população", pontua o médico.

Cury foi candidato a vereador na última eleição municipal, sendo um dos primeiros suplentes eleitos. Ele também é muito conhecido na cidade por conta do cargo que ocupou de coordenador do Samu (Serviço Atendimento Móvel de Urgência) de Campo Grande, quando denunciava a falta de condições de trabalho na saúde da Capital.