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Mesmo entre os países líderes em investimento em pesquisas e desenvolvimento, a Finlândia, localizada ao norte da Europa, tem mais de 90% das bolsas do Ciência sem Fronteiras vagas em universidades. Das 300 vagas no país escandinavo, apenas 20 foram preenchidas até o momento - menos de 7% do total.

A ministra de educação e ciência do país, Krista Kiuru, que esteve no final de outubro no Brasil para um ciclo de palestras no Colégio Rio Branco, em São Paulo, e para um encontro com o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, em Brasília, disse que veio ao País para detectar os problemas que resultam no baixo número de universitários brasileiros na Finlândia.

— Pode ser que o idioma seja um obstáculo. Precisamos estar seguros que os estudantes não deixem de buscar a Finlândia por causa do finlandês. Este não é o critério. As aulas dos cursos das universidades onde o Ciência sem Fronteiras está presente são dadas em inglês.

O obstáculo na proficiência em inglês é tanta entre os candidatos do Ciências sem Fronteiras que o governo passou a oferecer seis meses de curso de inglês da língua em que o estudante vai cursar a faculdade, estendendo a bolsa para um ano e meio.

Mas a ministra suspeita que o clima do país contribua negativamente na hora de o universitário escolher o país onde concorrerá a uma vaga para estudar.

— Pode ser que o estudante tenha receio do clima. Estamos estudando uma forma de mostrar aos brasileiros o que a Finlândia tem de atrativo e de desmistificar esta questão do frio.

A temperatura média anual na capital finlandesa, Helsínquia, é de 5,3º C. No verão, a temperatura é mais alta no sul, e pode chegar a 30º C. Durante os meses de inverno, especialmente em janeiro e em fevereiro, a temperatura média é de 20º C.
Contudo, o país leva a fama de país gelado por conta de sua região norte, localizada para além do Círculo Polar Ártico, onde não há pôr do sol durante 73 dias no verão e onde o astro não "dá as caras" durante 51 dias no inverno.

Sociedade baseada no conhecimento

A Finlândia tem a melhor educação do mundo. Há quatro anos, ela lidera o Pisa, ranking que mede o sistema educacional elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Lá, praticamente 100% dos cidadãos passa por uma rede pública de ensino descentralizada, que ganhou forma com a crise que o país enfrentou na década de 1990.

Naquela época, segundo a diretora do ministério da educação Finlândia, Jaana Palojärvi, foi necessário traçar uma nova estratégia nacional para o ensino. Com isso, todo o modelo educacional, incluindo o ensino superior, foi pensado para alimentar uma sociedade baseada no conhecimento.

Segundo ela, a ideia foi tirar o atraso em pesquisa e desenvolvimento que a Finlândia tinha em relação ao padrão das nações mais industrializadas do planeta.

Hoje, o país é o segundo no mundo que mais investe em pesquisa e desenvolvimento proporcionalmente ao seu PIB (Produto Interno Bruto). De acordo com o professor de estudos do futuro da Escola de Economia e Administração de Turku Markku Wilenius, o nível de investimento finlandês na área de desenvolvimento e pesquisa estava abaixo de 25 Estados da União Europeia. Agora, cerca de 3,5% do PIB do país vão para pesquisas, o que contribuiu para o reconhecimento do país como um dos líderes em estudos e inovação nos setores de tecnologia e educação, de acordo com Palojärvi.

Aos brasileiros que quiserem aproveitar as bolsas de graduação-sanduíche do Ciência sem Fronteiras na Finlândia, basta consultar o documento básico do programa para o país. Segundo o documento, são oferecidas bolsas nas áreas de engenharia, tecnologia, exatas, ciências da terra, biologia, saúde, computação, aeroespacial, energias renováveis, tecnologia mineral, biotecnologia, ciências do mar e até indústria criativa, de projetos e processos voltados ao desenvolvimento tecnológico e inovação.

As inscrições para as bolsas disponíveis por meio do programa vão até o próximo dia 29.