No dia 13 de outubro de 2012 completa 30 anos do desaparecimento do Salto de Sete Quedas , para a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu. O Salto de Sete Quedas também chamado Salto Guaíra (em espanhol: Saltos del Guairá) foi a maior cachoeira do mundo em volume de água. Para se ter uma ideia da sua grandeza, basta compararmos a taxa média de fluxo anual dela com as Cataratas do Niágara (a maior em volume de água atualmente), O salto Sete Quedas tinha um fluxo de 13.300 m³/s enquanto as Cataratas do Niágara tem hoje 2.407 m³/s.

Descrição

Apesar do nome Sete Quedas, os Saltos eram constituídos por 19 cachoeiras principais, sendo agrupadas em sete grupos de quedas. As Sete Quedas eram o principal atrativo turístico de Guaíra, cidade que, à época, chegou a ter 60 mil habitantes, rivalizando em importância com as Cataratas de Foz do Iguaçu. Nos anos 60 e 70, Guaíra era um dos destinos brasileiros mais visitados por estrangeiros. Com o fim de sua principal fonte de renda, muitos de seus moradores deixaram a antiga cidade real espanhola, que hoje possui pouco mais de 30 mil habitantes.

Tragédia e alagamento

Quando da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, ocorreu uma super visitação ao Parque Nacional das Sete Quedas. Milhares de pessoas, de todas as partes do Brasil e do mundo, vinham a Guaíra para presenciar os últimos dias das Sete Quedas. Devido à superlotação, em 17 de Janeiro de 1982 ocorreu a queda da ponte Presidente Roosevelt, que dava acesso ao salto 19, tendo como consequência a morte de 32 pessoas. No entanto, 6 pessoas sobreviveram, salvas por pescadores de Guaíra. A investigação apontou para uma dupla causa: primeiro, a falta de cuidado com a manutenção das pontes sob a presunção de que em breve as Sete Quedas seriam inundadas; e depois, o aumento descontrolado da visitação, pois todos queriam ver os saltos antes de seu desaparecimento para a formação do Lago de Itaipu.

Às vésperas da inundação, uma grande manifestação ocorreu no Parque Nacional das Sete Quedas. Centenas de pessoas se reuniram e realizaram o ritual indígena “Quarup,” em memória das Sete Quedas.
Em 13 de outubro de 1982, o fechamento das comportas do Canal de Desvio de Itaipu começou a sepultar, com as águas barrentas do lago artificial, um dos maiores espetáculos da face da Terra.

Durante a inundação, os moradores de Guaíra iam até a beira do rio para se despedirem de suas Quedas. Foi uma época muito triste, segundo pessoas que viveram esta tragédia de perto. A inundação das Sete Quedas durou apenas 14 dias, pois ocorreu em uma época de cheia do Rio Paraná, e todas as usinas hidrelétricas acima de Itaipu abriram suas comportas, contribuindo com o rápido enchimento do lago.
Portanto, em 27 de outubro de 1982 o lago estava formado e as quedas, submersas. Nos dias seguintes ao alagamento, apenas as copas das árvores ficavam acima do nível do rio, uma cena um tanto deprimente, pois pareciam "mãos pedindo socorro".
De acordo com levantamentos altimétricos a primeira ponte - a do Saltinho - ficava a 204 metros acima do nível do mar, o que significa que o lago formado pela represa de Itaipu, ao atingir sua cota que é de 220 metros acima do nível do mar, deixou esta ponte sob 16 metros abaixo da lâmina de água.

Ninguém fez nada?

Afirmar que a comunidade foi omissa ao “adeus” às Setes Quedas é injusto. Só quem viveu no período do Regime Militar sabe por que, muitas vezes, o silêncio predominou. Mesmo assim, muitos tiveram coragem de protestar para que Guaíra, ao menos, fosse recompensada de uma maneira diferente dos demais municípios que margeiam o Rio Paraná, porque vivia do turismo e perdeu sua grande “fonte”.

Este triste acontecimento em meio á tantas lágrimas, indagações e indignações já foi tema de vários debates e manifestos por uma justa indenização. Sem êxito e sem sua maior riqueza ao longo desses anos, buscando superar esta perca irreparável, Guaíra teve que redirecionar seu caminho, buscando novas alternativas para que se mantivesse viva em busca do seu desenvolvimento.

Três décadas depois, autoridades reacendem novamente este debate. Lideranças políticas do município acionaram seus representantes na esfera federal a fim de retomar a luta pela perda de uma das maiores e mais lindas obras da natureza. O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, já sancionou uma lei federal que garante indenização à cidade de Salto del Guairá pelas perdas econômicas resultantes do fim das Sete Quedas. Se Salto del Guairá, inegavelmente merece esta justa indenização, muito mais Guaíra, que sofreu e perdeu demais sem a sua grande atração natural. Os prejuízos econômicos com o fim da atividade turística são incalculáveis para a cidade, que sem dúvida foi a mais atingida pelo alagamento, pois perdeu seu bem mais precioso em nome do progresso da nação brasileira.

Para o prefeito Manoel Kuba, nada mais justo do que o município de Guaíra ser recompensado mesmo que tardiamente. “Receber uma compensação a mais que os outros municípios que foram alagados na região, é uma causa merecida e reconhecida pela grande maioria das autoridades políticas do País. Dinheiro nenhum, fará com que os guairenses se conformem com tão grande perda. As Sete Quedas que por nós passaram jamais serão esquecidas. Então, se existe justiça, ao menos, que Guaíra seja reparada pelos danos sofridos. Mesmo que seja 30 anos depois .” Disse.